VITTA – Secretário de Estado, Paulo Morales, morre de câncer de esôfago

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VITTA – Secretário de Estado, Paulo Morales, morre de câncer de esôfago
VITTA/VIDA&SAÚDE
27 de dezembro de 2020 - seccancer2712

Vida&Saúde

Com pesar, o governo do Estado informa que morreu, neste domingo (27), aos 61 anos, o secretário extraordinário da Chefia do Gabinete do Governador, Paulo Morales. Nas últimas semanas, Morales esteve afastado do cargo para tratamento de um câncer de esôfago. O falecimento ocorreu em decorrência de complicações causadas pela doença.

Crédito: Itamar Aguiar/Divulgação

Engenheiro civil pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel), Morales atuou na iniciativa privada no segmento da construção civil e ocupou diversos cargos públicos ao longo de sua trajetória. Foi Superintendente Administrativo do Serviço Autônomo de Saneamento de Pelotas (Sanep), administrador do Porto de Pelotas, secretário de Qualidade Ambiental e de Obras e Serviços Urbanos e secretário de Planejamento e Gestão do município antes de assumir a chefia do gabinete do governador Eduardo Leite. “Não tenho palavras para descrever a dor que sinto neste momento. O Mosquito (como era conhecido) era, além de um amigo, um incentivador, apoiador e parceiro de valor inestimável. Fica a mais profunda gratidão: muito, muito obrigado, Mosquito”, afirmou o governador.

O governador em exercício, Ranolfo Vieira Júnior, também lamentou a perda de Morales e ressaltou que, além de uma figura humana muito querida no governo, o chefe de gabinete do governador desempenhava um importante papel técnico. “O Paulo Morales sempre foi uma ponte que facilitou muito a relação do gabinete do governador com os secretários e o restante do governo. Era uma pessoa de posições fortes e que prezava por realizar um trabalho técnico de alta qualidade no assessoramento ao governador. A sua perda é irreparável e nos causa profunda consternação”, afirmou.

Paulo Morales era natural de Pelotas e deixa mulher e quatro filhos. Em sua memória, o governo decidiu decretar luto oficial por um dia.

Entenda

No Brasil, o câncer de esôfago (tubo que liga a garganta ao estômago) é o sexto mais frequente entre os homens e o 15º entre as mulheres, excetuando-se o câncer de pele não melanoma. É o oitavo mais frequente no mundo e a incidência em homens é cerca de duas vezes maior do que em mulheres.

O tipo de câncer de esôfago mais frequente é o carcinoma epidermoide escamoso, responsável por 96% dos casos. Outro tipo, o adenocarcinoma, vem aumentando significativamente.

O que aumenta o risco?

  • O consumo frequente de bebidas muito quentes como chimarrão, chá e café, em temperatura de 65ºC ou mais, pode levar ao câncer de esôfago
  • O consumo de bebidas alcoólicas pode causar câncer de esôfago, não havendo níveis seguros de ingestão. É importante destacar que, não só o consumo regular, como também o consumo excessivo e esporádico de qualquer tipo de bebida alcoólica
  • O excesso de gordura corporal favorece o desenvolvimento de câncer de esôfago. A obesidade também facilita o desenvolvimento da doença do refluxo gastroesofagiano (DRGE), importante fator de risco para o desenvolvimento da doença
  • Consumo de carnes processadas (exemplo: salsicha, presunto, blanquette de peru, entre outros)
  • O tabagismo isoladamente é responsável por 25% dos casos de câncer de esôfago. O risco aumenta rapidamente com a quantidade de cigarros consumida. Mesmo as pessoas que já fumaram, mas interromperam, possuem risco aumentado de desenvolver este câncer quando comparadas aos que nunca fumaram
  • Estão associadas à maior incidência desse tumor história pessoal de câncer de cabeça, pescoço ou pulmão
  • Infecção pelo Papilomavírus humano (HPV)
  • Tilose (espessamento da pele nas palmas das mãos e na planta dos pés), acalasia (falta de relaxamento do esfíncter entre o esôfago e o estômago), esôfago de Barrett (crescimento anormal de células do tipo colunar para dentro do esôfago), lesões cáusticas (queimaduras) no esôfago e Síndrome de Plummer-Vinson (deficiência de ferro)
  • Exposição a poeiras da construção civil, de carvão e de metal, vapores de combustíveis fósseis, óleo mineral, herbicidas, ácido sulfúrico e negro de fumo está associada ao desenvolvimento de câncer de esôfago. Os trabalhadores da construção civil, metalurgia, indústria de couro, eletrônica, mineração e agricultura, engenheiros eletricistas, mecânicos, extratores de petróleo, motoristas de veículos a motor, trabalhadores de lavanderias/lavagem a seco e serviços gerais podem apresentar risco aumentado de desenvolvimento da doença

Como prevenir?

  • Não fumar e não se expor ao tabagismo passivo. Parar de fumar sempre vale a pena em qualquer momento da vida, mesmo que o fumante já esteja com alguma doença causada pelo tabagismo.
    Evitar o consumo bebidas alcoólicas
  • Comer mais frutas e vegetais e menos carne vermelha e gorduras
  • Manter o peso corporal adequado
  • Identificar e tratar a doença do refluxo gastroesofagiano (DRGE)
  • Consumir bebidas quentes como chimarrão, café e chá em temperaturas inferiores a 60ºC. Para garantir a temperatura adequada para consumo, após o preparo, deve-se esperar em torno de cinco minutos para ingerir a bebida
  • Fazer atividade física
  • Utilizar camisinha durante a relação sexual

Sinais e sintomas

Em sua fase inicial, o câncer de esôfago não apresenta sinais. Porém, com a progressão da doença, podem surgir sintomas tais como dificuldade ou dor ao engolir, dor retroesternal (atrás do osso do meio do peito), dor torácica, sensação de obstrução à passagem do alimento, náuseas, vômitos e perda do apetite.

Na maioria das vezes, a dificuldade de engolir (disfagia) já sinaliza doença em estado avançado. A disfagia progride de alimentos sólidos até pastosos e líquidos. A perda de peso pode chegar a até 10% do peso corporal.

Detecção precoce

A detecção precoce do câncer é uma estratégia para encontrar um tumor em fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento.

A detecção pode ser feita por meio da investigação com exames clínicos, laboratoriais ou radiológicos, de pessoas com sinais e sintomas sugestivos da doença (diagnóstico precoce), ou com o uso de exames periódicos em pessoas sem sinais ou sintomas (rastreamento), mas pertencentes a grupos com maior chance de ter a doença.

Não há evidência científica de que o rastreamento do câncer de esôfago traga mais benefícios do que riscos e, portanto, até o momento, ele não é recomendado.

Já o diagnóstico precoce desse tipo de câncer é possível em apenas parte dos casos, pois a maioria só apresenta sinais e sintomas em fases mais avançadas da doença. Os sinais e sintomas mais comuns e que devem ser investigados são:

  • Dificuldade em engolir
  • Refluxo
  • Dor epigástrica (parte alta do abdômen)
  • Perda de peso

    Na maior parte das vezes, esses sintomas não são causados por câncer, mas é importante que eles sejam investigados por um médico, principalmente se não melhorarem em poucos dias.

Diagnóstico

É feito por meio da endoscopia digestiva, um exame que investiga o interior do tubo digestivo e que permite a realização de biópsias para confirmação do diagnóstico. Quando o tumor é detectado precocemente, as chances de cura aumentam muito.

Tratamento

De forma geral, o tratamento pode ser feito com cirurgia, radioterapia e quimioterapia, de forma isolada ou combinada, de acordo com o estágio da doença e das condições clínicas do paciente. Casos selecionados de tumores iniciais podem ser tratados por ressecção local durante a endoscopia, sem a necessidade de procedimento cirúrgico formal.

Nos casos onde o objetivo é a cura, os pacientes são inicialmente submetidos a um tratamento combinado com quimioterapia e radioterapia, e posteriormente é feita a cirurgia. Para os tumores muito avançados ou no caso de pacientes muito debilitados, o tratamento tem caráter paliativo (sem finalidade curativa) e é feito por radioterapia combinada ou não à quimioterapia.

No leque de cuidados paliativos também encontram-se disponíveis as dilatações com endoscopia, colocação de próteses autoexpansivas (para impedir o estreitamento do esôfago) e braquiterapia (radioterapia com sementes radioativas).

Fonte: Instituto Nacional de Câncer (Inca)