As dinâmicas sociais exigem diversas capacidades. Seja na resolução de questões complexas, na aquisição de novas habilidades de raciocínio ou na socialização. Todos os dias, desafios demandam respostas rápidas e inovadoras. Estudantes também precisam desenvolver novas técnicas para a construção de conhecimentos científicos, fundamentais para a circulação de outros saberes na sociedade. É pensando nisso que o projeto “Incentivo da prática do jogo de xadrez nas escolas de Cachoeira do Sul”, coordenado pelo professor Vanderlei Manica – da Universidade Federal de Santa Maria / Cachoeira do Sul – é desenvolvido.
A ação teve início em 2018 e surgiu durante o próprio ingresso do docente na instituição. “A ideia é antiga, pois desde criança eu e meus irmãos jogávamos xadrez incentivados pela nossa mãe. Quando ingressei na UFSM, em 2016, tinha como objetivo uma ação para ensinar crianças habilidades enxadristas. A prática me ajudou, e ainda ajuda, no desenvolvimento da atenção e do raciocínio lógico, afinal o xadrez é uma ferramenta pedagógica muito forte”, comenta Vanderlei.
Em 2024, o projeto atuou com estudantes da Escola Estadual Dr. Liberato Salzano e do Colégio Totem, além de desenvolver encontros de forma aberta à comunidade no Campus da UFSM em Cachoeira do Sul. A ação de extensão trabalha com o ensino de tópicos do jogo e atividades práticas, nas quais estudantes aplicam os conceitos anteriormente discutidos. Os encontros ainda são um espaço para conversar sobre a universidade e os cursos oferecidos.
“Nós passamos em salas de aula apresentando e convidando para o projeto. Começamos questionando se as crianças já assistiram Kung Fu Panda, e mostramos alguns tabuleiros de xadrez com temática asiática – que têm o dragão, por exemplo. Elas acham o máximo isso. Nossa proposta, agora, é conversar com a Coordenadoria Regional de Educação (CRE) para levar o projeto às escolas que estão com turno integral”
A ação extensionista tem como foco estudantes do ensino fundamental do 6º ao 9º ano. Ao trabalhar com práticas de xadrez, o projeto desenvolve tanto capacidades cognitivas de raciocínio e lógica, melhorando as competências de assimilação de conteúdos escolares, como habilidades de socialização e de comunicação interpessoal. “Temos vários relatos de crianças que começaram a jogar xadrez em casa, com seus amigos e irmãos, deixando de lado as telas. É um desenvolvimento coletivo. Também já temos a presença de ex-participantes do projeto que, hoje, estão no ensino superior na própria UFSM”, completa.
A contribuição do projeto vai para além dos estudantes do ensino fundamental, participando ativamente da formação estudantil de nível superior. Para o professor Vanderlei, as atividades desenvolvidas pelo bolsista do projeto ao longo de 2024 acompanharam a evolução nas suas atividades acadêmicas. Tanto em habilidades enxadrísticas como em trabalhos científicos, a importância do apoio estudantil é visível para o docente.
“Vivemos em um cenário educacional cada vez mais desafiador. Nossa proposta é introduzir o xadrez como uma estratégia no processo de ensino/aprendizagem. Existe um conhecimento na prática de enxadristas que nem os mais avançados computadores do mundo conseguiram atingir completamente. Isso é um estímulo para se engajar com problemas desafiadores. Com o projeto, é possível observar que o xadrez é um aliado muito importante no desenvolvimento de crianças e adolescentes, sendo uma ferramenta para o desenvolvimento educacional e social”