FIQUE MAIS LEVE – TOLERÂNCIA

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FIQUE MAIS LEVE – TOLERÂNCIA
FIQUE MAIS LEVE
31 de outubro de 2020 - psico

Você já se perguntou qual a diferença entre aceitação e tolerância? E o quanto a sua resposta pode interferir na sua saúde mental, e também ter impactos na vida em sociedade? A maioria das pessoas toma como sinônimos as palavras aceitar e tolerar, mas devo avisar que elas não são sinônimas. Começarei com a definição simples do dicionário sobre essas palavras. A tolerância é definida como ação de aceitar ou suportar, com indulgência; clemência, capacidade para admitir modos de pensar, de agir e de sentir diferentes dos nossos é a liberação de uma regra, preceito, norma; a licença: tolerância de prazo. Já a palavra aceitar é definida como receber de boa vontade aquilo que é oferecido: aceitar a doação; suportar;
demonstrar concordância em relação a: aceitar as críticas. Tomar para si; assumir: aceitar os julgamentos.

Os primeiros a pensar sobre tolerância, foram os filósofos, e de modo geral, na filosofia a tolerância é algo relacionado a visão de sociedade e é também considerada uma virtude humana, que por sua vez, implica em compromissos éticos. Nessa perspectiva Scanlon nos traz a perspectiva de que a tolerância requer de nós aceitar as pessoas e consentir suas práticas mesmo quando as desaprovamos fortemente. Tolerância então envolve uma atitude intermediária entre a absoluta aceitação e a oposição imoderada ou desmedido. Então, como podemos ver, aceitar significa que eu recebo algo ou alguém de bom grado, enquanto tolerar
implica em aceitar algo deforma tácita, deixar passar, admitir. Então, nesse momento do texto você pensou naquela frase que muitas vezes deve ter ouvido: Se “fulano” aceita isso, logo, deve tolerar isso. Bom, agora você já sabe que não é bem assim.

Em 1945, o filósofo Karl Popper definiu o “paradoxo da tolerância” que é e algo que deixo para vocês
refletirem:

“A tolerância ilimitada leva ao desaparecimento da tolerância. Se estendermos a tolerância ilimitada mesmo aos intolerantes, e se não estivermos preparados para defender a sociedade tolerante do assalto da intolerância, então, os tolerantes serão destruídos e a tolerância com eles”

E a que devemos não ser tolerantes? A maioria das respostas até aqui obtidas conduzem a um ponto em
comum: os direitos humanos como medida para se pensar sobre isso.

A tolerância também pode ser vista e aplicada não apenas na perspectiva de sociedade, mas também na perspectiva do indivíduo. O quanto existem coisas que nós não toleramos em nós mesmos e que se torna alvo de monstruosas batalhas internas e também o quanto é difícil muitas vezes aceitar, ou receber de bom grado nossas próprias imperfeições? É muito comum eu ouvir dos pacientes a expressão não me encaixo, ou sinto que está faltando algo, e o quanto não conseguimos lidar de forma saudável com nossa  incompletude, nos falta aceitar, ou receber de bom grado esse sentimento de não estar completo, de ser evolução constante, de nunca estar satisfeito o suficiente.

Pensar sobre a tolerância é um passo fundamental para pensarmos nossa vida e nossa sociedade de uma forma mais saudável e justa, além do mais, muitas outras coisas passam pelo aspecto da tolerância nas nossas próprias emoções, como o limite de tolerância em lidar com sentimento de não controlar s situações futuras, como no caso da ansiedade, é também na tolerância que eu exerço os limites das coisas, o que muitas vezes será o impulso necessário para alguém procurar ajuda.

E você, o quanto tem sido tolerante com você mesmo e com os outros?


Vanessa Santos – Psicóloga CRP 07/25298

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