ESTACIONAMENTO ROTATIVO GRATUITO – por Jeferson Francisco Selbach

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ESTACIONAMENTO ROTATIVO GRATUITO – por Jeferson Francisco Selbach
REFLEXÕES SOCIOLÓGICAS
14 de maio de 2025 - Crédito: Freepik

 

Está mais do que na hora de implantar o estacionamento rotativo em Cachoeira do Sul, mas a iniciativa adotada parece novamente fadada ao arquivamento.

É a forma de democratizar o uso do espaço público, penalizando os motoristas que trabalham no centro da cidade e estacionam seus automóveis o dia inteiro nas principais ruas do comércio.

Muitos motoristas chegam cedo para pegar vagas que poderia ser de potenciais consumidores, que acabam estacionando por pouco tempo em quadras mais longe das lojas.

Em termos de comparação cultural, no Japão os primeiros funcionários que chegam ao serviço estacionam nas vagas mais distantes, para que aqueles que se atrasam possam estacionar mais próximos.

Espelhando aqui, seria como quem estaciona o dia inteiro deixar o veículo nas quadras afastadas menos movimentadas, deixando as mais próximas para os de curta duração.

A Câmara de Vereadores realizou audiências públicas em 2014 sobre a implantação do sistema de estacionamento rotativo, onde se sugeriu a cobrança pelo parquímetro e a fiscalização.

A Prefeitura protocolou projeto de lei em 2019 para regulamentar o estacionamento rotativo pago.

Em 2021, novamente se cogitou cobrar para estacionar em vagas nas ruas principais e transversais do Centro.

Como nas propostas anteriores, a nova tentativa segue sendo pela cobrança, com urgência na tramitação e carta branca para implantar a medida, como valor das tarifas, delimitação das vias públicas, horário de funcionamento, período máximo permitido e, principalmente, sua operacionalidade.

Somente para viabilizar o estudo, foi contratada empresa ao custo de quase R$ 36 mil, por dispensa de licitação.
O estudo indicou o parquímetro como tecnologia a ser adotada.

Por ser impopular, a proposta tende a ter o mesmo destino das anteriores.

Ao que parece a própria vereança já estaria incluindo várias emendas no projeto para inviabilizar o interesse da concessionária.

Sempre vão achar que a cobrança para estacionar acaba indo para a empresa que arrecada, até porque o sistema e a fiscalização têm custos, mesmo que parte se reverta ao Município.

Aliás, anunciar que o Município vai arrecadar com o estacionamento é o mesmo que cobrar imposto de forma disfarçada.

Uma solução bem mais simples é do estacionamento rotativo gratuito, onde somente quem excede o tempo permitido é multado.

Exemplo do que ocorre em praticamente todas as cidades italianas.

O motorista sempre tem um papel e caneta no carro, para escrever o horário em que estacionou, deixando visível na parte interna do para-brisa dianteiro.

O guarda municipal passa, verifica visualmente o horário e calcula duas horas, com alguns minutos de tolerância porque são italianos, não britânicos.

Se o veículo passou do tempo anotado, deixa a advertência de baixo valor, que servirá para custear, inclusive, seu próprio salário.

A multa de trânsito vem depois de sucessivas advertências, mesmo que em diferentes ocasiões.

Os malandros vão trocar o bilhete de tempo em tempo para poder ficar o dia inteiro na mesma vaga, mas uma hora esquecem e recebem a advertência.

As soluções urbanas não precisam ser complexas, basta servir aos propósitos a que se destinam, no caso abrir mais vagas de curta duração próximas do comércio local.

Agora imagina o eleitorado, sabendo que pode ser implantado estacionamento rotativo gratuito, precisar pagar para estacionar na vaga pública.

Certamente vão se lembrar na próxima eleição, daqueles que propuseram e dos que votaram favoráveis.

Urge o estacionamento rotativo gratuito, sem cobrar daqueles que sentem o peso dos impostos e a pouca contrapartida do governo.