por Jeferson Francisco Selbach*
Como era esperado, o Procurador-Geral da República Paulo Gonet apresentou denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por ter liderado suposto plano de golpe de Estado, ao ter aceitado, estimulado e realizado atos contra o Estado de Direito democrático.
O script já era conhecido e traz os mesmos elementos previamente divulgados pelos veículos de comunicação.
O plano golpista teria iniciado pela live desacreditando as urnas eletrônicas, logo após a anulação das condenações de Lula em 2021 pelo STF.
Em discurso na Avenida Paulista, teria anunciado o plano maligno ao afirmar que não cumpriria mais ordens de Alexandre de Moraes.
Em reunião gravada afirmou que se tivesse que virar a mesa, seria antes das eleições.
Com embaixadores estrangeiros estaria preparando a comunidade internacional para o desrespeito às eleições.
Pela coincidência do destino, a denúncia foi divulgada poucos minutos antes do Jornal Nacional no exato dia em que a pesquisa eleitoral mostra Bolsonaro em vantagem para a eleição do ano que vem, com 45% contra 40% de Lula.
Bolsonaro afirma estar com zero preocupação sobre a denúncia. Decerto está confiante no julgamento isento do STF, pois como afirmou Luis Roberto Barroso: a Corte analisará examinando provas e sem visão politizada. Algo um tanto obtuso para quem discursou tempos atrás: “nós derrotamos o bolsonarismo, para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas”.
O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas afirmou que os motivos que afastaram Bolsonaro do cenário político, da inelegibilidade, são absolutamente patéticos, nada tem de importante. Procuraram questões simplórias e sem sentido para afastar a grande liderança da direita com total condição de vencer.
Como subterfúgio às denúncias, o ex-presidente aposta nas manifestações marcadas para 16 de março com as pautas da liberdade de expressão, segurança, custo de vida, Fora Lula e, como não poderia deixar de ser, anistia já.
A situação está tão favorável para a oposição que a própria Michelle Bolsonaro venceria Lula no segundo turno.
Há quem diga que o Brasil vive um verdadeiro looping, repete o processo continuamente, como num ciclo infinito.
Ocorre que as frágeis denúncias contra Bolsonaro em nada se comparam à profunda investigação de corrupção da Lava-jato, quando Lula foi condenado e encarcerado, com direito à vigília e visitas íntimas da atual primeira-dama Janja.
Foi solto após o plenário do STF acatar a decisão do ministro Edson Fachin que julgou incompetente o juízo da 13ª Vara Federal de Curitiba, anulando todas as ações penais do triplex do Guarujá, do sítio de Atibaia e do Instituto Lula, alegando que não tinham correlação com os desvios de recursos da Petrobras.
Todo processo precisaria recomeçar, mas como não haveria mais tempo hábil para averiguar novamente as denúncias, o caso restou prescrito.
A situação esdrúxula levou o Ministro Luiz Fux a afirmar que decisões sobre casos de corrupção foram anuladas, mas o dinheiro desviado era real. Tão real que agora os denunciados estão pedindo de volta.
O que está em jogo para ambos os lados é a velha e boa conquista e permanência no poder.
Tirando aqueles que apoiam um ou outro lado, independente de denúncias, para o eleitorado indeciso, que é quem realmente decide a eleição, o que vale é o carrinho de compras, o pagamento dos boletos, a prestação da casa própria.
Além do dedo, Lula perdeu a mão e está levando o país à bancarrota de forma acelerada, com seu populismo baseado no assistencialismo desmedido que tem comprometido as finanças públicas e aumentado a dívida de forma escalonada, gerando inflação que afeta a todos, principalmente os mais pobres.
Mas afinal, qual é o golpe?
O de Bolsonaro ou do sistema querendo tirá-lo da próxima eleição?
Para qualquer lado que se vá, o grito é o mesmo daquele da senadora Fátima Bezerra, do PT do Rio Grande do Norte, quando do impeachment de Dilma Rousseff:
É gópi! É gópi!