CONFLITO GERACIONAL – por Jeferson Selbach

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CONFLITO GERACIONAL – por Jeferson Selbach
REFLEXÕES SOCIOLÓGICAS
26 de março de 2025 - Jeferson Selbach / Crédito: Reprodução

 

 

O tempo é o senhor das gerações.

Cada pessoa é marcada pela sua história, pela economia, diferenças culturais e mudanças tecnológicas de seu tempo.
Os nascidos entre 1945 e 1964 são os Baby boomers, geração que no Brasil conheceu o avanço da saúde e o êxodo rural, resultando no aumento exponencial do número de filhos que sobreviveram à idade adulta.

É o boom demográfico que gerou crescimento econômico, prosperidade e mudanças sociais.

Habituados ao rádio, viram nascer a televisão que moldou a sociedade e a cultura, desafiando as rigorosas normas da época dos seus pais, embora eles próprios foram ainda muito rigorosos com seus filhos.

Os nascidos entre 1965 e 1981, como é o meu caso, são da geração X, talvez em razão da expressão popular de achar o “x” da questão.

Isso porque se caracterizam por colocar o trabalho como filosofia de vida, deixando de lado o idealismo romanceado e cultivando o individualismo, a ambição e a dependência da remuneração.

O termo workaholic os caracteriza, como viciados em trabalho. Sacrificam suas vidas, seus amores, seus filhos e sua saúde em nome das responsabilidades.

Os nascidos entre 1982 e 1994 são da geração Y, que de tanto verem seus pais trabalharem para conquistar algo, passaram a valorizar o desprendimento material e focaram no próprio bem-estar.

São mais espiritualizados e buscam equilibrar patrimônio com vida social, com saúde mental e hábitos saudáveis.
Nasceram analógicos, mas migraram rapidamente para o mundo digital. A tecnologia faz parte do dia-a-dia e desligam quando podem numa espécie de detox das telas.

Os nascidos entre 1995 e 2010 são da geração Z, que vieram ao mundo imersos nas telas de computador e celulares, sendo hiperconectados e dependentes das redes sociais e da internet.

Pouco afeitos ao trabalho, são rotulados como preguiçosos, narcisistas e mimados, a geração do “eu-eu-eu”.

Os nascidos depois de 2010 são da geração Alpha e se caracterizam pelo protagonismo e pelo constante aprendizado.

Convivem mais facilmente com o avanço tecnológico, como das ferramentas que a inteligência artificial propicia.

As gerações se cruzam nas famílias, causando conflitos devido as diferentes visões de mundo e de objetivos na vida.

Claro que muitas das gerações passadas se atualizaram para poder conviver e sobreviver na sociedade em constante mudança.

Baby boomers hoje são avós e tratam os netos com muito mais afeto e condescendência, cedendo às vontades e tolerando as birras.

Muitos da geração X vivem a crise da meia-idade, com exaustão, tédio, irritabilidade e depressão. Não raro, largam família e vão em busca da juventude que deixaram para trás.

Os Y foram trabalhar remotamente e agora sentem medo de ter que retornar ao presencial.

Os Z terminaram o Ensino Médio sem querer investir no futuro. Preferem morar com os pais ou alugar a residência a comprar algo, até porque não se fixam a um lugar e podem se mudar ao sabor dos ventos.

Os Alpha chegam ao cúmulo de precisar serem pagos para estudar, através de mais um programa puxa-voto, o Pé-de-Meia, para não desistir do Ensino Médio.

Independente dos conflitos, uma geração aprende com a outra, levando a sociedade a progredir, mesmo que um passo de cada vez.

 

*Sociólogo, Doutor em História e Professor Titular da Universidade Federal do Pampa