FIQUE MAIS LEVE – O perfil de quem se recusa a usar máscaras

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FIQUE MAIS LEVE – O perfil de quem se recusa a usar máscaras
FIQUE MAIS LEVE
7 de novembro de 2020 - psico

O texto de hoje tem o objetivo de compartilhar com vocês e também provocar a reflexão sobre um estudo realizado a respeito da personalidade de quem se recusa a usar máscara nesta pandemia. O estudo brasileiro realizado de março a junho publicado em 21 de agosto na revista Personality and Individual Diferences, parece trazer parte da resposta.

Para isso, estudaram 1.578 adultos brasileiros entre 18 e 73 anos, que responderam ao questionário PID-5, que avalia as características de personalidade e ressonância afetiva de uma pessoa.

Os resultados deste estudo mostraram que as pessoas que se recusam a usar máscara demonstram níveis mais baixos de empatia, níveis mais altos de insensibilidade, tendência para engano e autoengano,  comportamento de risco.

O estudo também revelou dois perfis de pessoas, sendo o primeiro o padrão antissocial que resiste as medidas de proteção contra a COVID-19, além de um perfil oposto que é o da empatia entre aqueles que cumprem as medidas preventivas.

O perfil antissocial foi relacionado com pontuação mais alta no questionário de avaliação de personalidade com características de insensibilidade, engano, hostilidade, impulsividade, irresponsabilidade, manipulação e comportamento de risco, que de acordo com os autores caracteriza transtorno de personalidade  antissocial.

Neste ponto chamo a atenção de vocês sobre “personalidade antissocial” que é comumente associada com pessoas que não gostam de estar com outras pessoas ou evitam estar perto de “aglomerações”, bom espero que você tenha percebido que não se trata disso, embora a confusão seja aceitável, considerando a expressão no senso comum.

Existem diferentes graus de conduta antissocial que podem variar desde comportamentos antissociais menos prejudiciais, por serem esporádicos e influenciados pelo ambiente, comportamentos antissociais mal adaptativos, demonstrados no TPAS ou em outros Transtornos de exteriorização, e condutas mais extremas observadas nas psicopatias.

Desta maneira, pode ser dado a um indivíduo um diagnóstico de TPAS, sem que esse apresente psicopatia. Neste momento da leitura que você leu a palavra psicopatia deve ter ficado um pouco assustado, e não é pra menos, afinal, os telejornais e o cinema retrataram e retratam muito bem esses personagens que exibem frieza extrema com a vida ou com a dor alheia, mas, como disse acima, nem todas as pessoas com essa característica de personalidade são psicopatas, então pode respirar um pouco aliviado aí se por ventura identificou-se ou identificou essa característica em alguém próximo a você.

Mas a questão que quero chamar a atenção de vocês refere-se à valorização da vida, colocando discussões sobre economia de lado, antes que alguém lance mão desse argumento, não é minha pretensão julgar certo ou errado, mas promover a reflexão sobre o momento que vivemos. Se no início deste caos tínhamos um apelo para pensarmos no que estamos fazendo com o mundo, e do motivo que nos trouxe até aqui, agora temos o oposto, ignoramos nossas atitudes e tentamos viver a todo custo uma “normalidade” que não existe mais, mas que insistimos que existe.

Em muitos momentos cobramos de nossas crianças que sejam tolerantes, que aprendam a lidar com o não, com aquilo que não podem ter para que cresçam adultos saudáveis e capazes de manter o equilíbrio quando as coisas não saem do jeito que querem, mas nossas crianças já não podem ter em muitos adultos esse modelo para seguir. A pandemia segue e continuamos sem uma vacina, e estamos transformando vidas em números, e nos tornando incapazes de nos adaptar frente a realidade, tentando viver como se algo ruim só pudesse acontecer no jardim do vizinho, nos tornamos uma dicotomia social, onde manter
cuidado está se tornado sinal de fraqueza, e até mesmo de “loucura”.

Como já disse não é minha pretensão dizer a ninguém o que fazer, ou que é certo ou errado, mas gostaria de não precisar ver o luto das famílias que perderam os seus nessa guerra, que ao invés de ser combatida com união espalha cada vez mais estilhaços por onde andamos. A pergunta que fica pra você é a seguinte: O que eu estou fazendo para mudar isso? E porque não estamos conseguindo vencer essa guerra?

Vanessa Santos – Psicóloga CRP 07/25298

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