Uma ação conjunta entre os governos do Brasil e dos Estados Unidos resultou na apreensão de US$ 24 milhões, cerca de R$ 135 milhões, em moedas virtuais, a partir de investigação da Polícia Federal no Rio Grande do Sul. Em 21 de maio de 2019, a Operação Egypto desarticulou um esquema que teria lesado em R$ 1,1 bilhão cerca de 23,2 mil clientes da empresa Indeal, com sede no Vale do Sinos. Conforme apuração do Portal OCorreio na época, 253 moradores de Cachoeira do Sul investiram R$ 2,7 milhões no negócio.
Segundo informações do Departamento de Justiça dos Estados Unidos, a apreensão cumprida por agentes do FBI ocorreu após uma ordem judicial que partiu do Brasil. O governo norte-americano fez o pedido ao judiciário buscando o mandado para apreender a quantia em moedas virtuais pertencentes ou controladas por Marcos Antonio Fagundes, um dos sócios da Indeal, que chegou a ser preso durante a Operação Egypto, mas responde à ação penal em liberdade.
O mandado foi expedido pelo juiz do Tribunal do Distrito de Columbia, Trevor N. McFadden. A quantia apreendida será utilizada para ressarcimento dos clientes. A ordem de apreensão foi efetivada por existir um tratado entre os dois países de assistência mútua em matéria criminal.
O sócio é réu por operação de uma instituição financeira sem autorização legal, gestão fraudulenta de instituição financeira, apropriação indébita e lavagem de dinheiro, além de violações da lei de valores mobiliários. Já o processo criminal movido pelo Ministério Público Federal (MPF) tem 15 réus. Audiências de instrução foram marcadas pra os dias 6, 7 e 8 de abril de 2021.
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De acordo com o MPF, de agosto de 2017 a maio de 2019, os acusados disponibilizaram serviços ilícitos através da empresa InDeal sediada em Novo Hamburgo, independentemente da necessária autorização do Banco Central e da Comissão de Valores Mobiliários.
A empresa é acusada pela Polícia Federal de movimentar mais de R$ 700 milhões.
A promessa de remuneração chegou a ser de 15% ao mês. Conforme o MPF, o grupo aplicou grande parte das parcelas destes recursos em modalidade de investimento diferente da prometida aos clientes, incluindo os investidores de Cachoeira do Sul. Além disso, os acusados teriam destinado significativa parte dos valores aos sócios, seus familiares e colaboradores da empresa, que apresentaram aumento patrimonial de até 114.000%, entre os anos de 2017 e 2019.
Ainda segundo o MPF, os denunciados operaram em, pelo menos, oito estados e alcançaram também outros países, como a Suíça e os Estados Unidos. A estrutura organizacional da empresa contava com 17 franquias ou escritórios de representação. Conforme a acusação, o grupo atuou na saída de divisas do país sem a necessária declaração às autoridades competentes, promovendo a evasão de, pelo menos, R$ 128 milhões no período dos fatos.