por Jeferson Francisco Selbach*
A nova ordem mundial está em curso, abalando as estruturas existentes e mexendo com a geopolítica do planeta. O discurso do vice-presidente norte-americano J.D. Vance na Conferência de Segurança de Munique na Alemanha deu o norte para onde caminhará a humanidade daqui para frente.
Para quem não se lembra, após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha foi repartida em duas: a oriental comunista e a ocidental capitalista. O mundo ficou claramente dividido nas décadas da Guerra Fria: as democracias livres contra tiranias socialistas que perseguiram dissidentes e fechavam igrejas, anulando a vontade do povo na escolha de seus líderes.
Com a queda do muro de Berlim em 1989, o mundo passou de bipolar para multipolar. Parecia que a liberdade triunfaria contra as tiranias, contra aqueles que foram derrotados por não respeitarem a possibilidade de errar e acertar, de inventar e construir.
Agora, segundo Vance, a nova ameaça às democracias vem das próprias sociedades civilizadas, com o recuo em relação aos seus próprios valores fundamentais, baseado no livre-arbítrio de cada indivíduo.
A perseguição política ocorre na tentativa sistemática de calar vozes dissonantes alegando discurso de ódio, quando não passam de opiniões pessoais. Em nome de combater a desinformação, se persegue quem critica os poderes instituídos.
É infundado o argumento de que supostas desinformações das redes sociais, nas chamadas fake news, têm o poder de influenciar eleições, visto que as democracias são mais fortes. Atacar serve somente de justificativa para calar as manifestações da população e reverter resultados eleitorais que sejam desfavoráveis a quem ocupa o poder.
A democracia se tornará mais forte especialmente quando permitir que os cidadãos expressem suas opiniões. A sociedade deve dar voz a todos indistintamente e deixar participar do diálogo aqueles que expressam opiniões diversas, mesmo que não se concorde.
Não há segurança se as lideranças temem as opiniões dos eleitores e a consciência que orienta a própria população. Não se consolida a democracia colocando na cadeia líderes de oposição, nem calando as mídias sociais, prendendo quem questiona as ações do Estado. Não há espaço para sistemas de segurança e monitoramento que controlem as vozes da população. Não se podem obrigar as pessoas a como pensar, sentir e agir.
Isso destrói a democracia. Calar as vozes de milhões de cidadãos em nome de supostas minorias radicais não é democracia. Democracia é onde a voz do povo importa. O acolhimento insano das pautas identitárias, como se partissem de toda a sociedade, tem causado horrores, gerando vítimas. Ou se defende a plena democracia com liberdade ou se adota o autoritarismo.
Os líderes são eleitos com determinada pauta, mas acabam atendendo somente parcela mínima da população, para os que lhe são mais afinados. A grande mágica da democracia é saber que cada cidadão tem sabedoria e voz. Os de bem não querem ser ignorados pelos líderes políticos. Se as lideranças se recusam a escutar a população, morre a democracia.
Vance cita em seu discurso o Papa João Paulo II: não se deve ter medo em escutar o povo, mesmo quando expresse opiniões discordantes com as lideranças. E deixa claro em seu discurso, que os Estados Unidos vão focar na guerra comercial com a China e deixar a Rússia para a Europa resolver, como na questão da Ucrânia.
Se os europeus querem desfrutar de economias competitivas, de energia sustentável, de cadeias de abastecimento seguras, precisam de mandatários que tomem decisões difíceis, não os que atualmente agem objetivando única e exclusivamente o voto na próxima eleição, os populistas de plantão.
A Europa deve assegurar suas próprias defesas, sem o apoio onipresente dos Estados Unidos. Se querem paz, deverão investir na sua segurança externa. A começar pelo caos gerado pelo acolhimento aos ditos refugiados, que não se inserem na sociedade que os acolhe.
Os cidadãos europeus nunca votaram pela política de portas abertas, mas estão votando em lideranças que defendem o fechamento das fronteiras e a expulsão dos imigrantes, porque se preocupam com a sua segurança que vem sendo seriamente abalada.
Se o Brasil quer ser uma democracia livre, que se alinhe com os países que defendem isso. Ao se bandear para o lado das sociedades autoritárias como China e Rússia, já se sabe o resultado.
É a nova ordem para o novo e mesmo mundo.
Para quem quiser assistir na íntegra o discurso do vice-presidente, segue o link do X CLICANDO AQUI.