20 de julho de 2020 - seriecam01

Contar 200 anos de história de Cachoeira do Sul apenas é possível sob o ponto de vista da decisiva ligação com a Câmara de Vereadores. Afinal, a trajetória em dois séculos depende fundamentalmente da população cachoeirense e de sua incansável veia pulsante em direção ao futuro. Representar a comunidade é papel primordial dos vereadores. Assim, cada parlamentar que teve a honra de ocupar espaço junto ao Poder Legislativo Municipal carregou a imensurável dimensão de participar das transformações necessárias nas vidas do cidadão. Em cada projeto de lei. Em cada discurso. Em cada defesa. Em cada ataque. Em cada gesto e palavra.

São 20 décadas. Mais de 1,7 milhão de horas. Em cada segundo de cada 105 milhões de minutos, a centelha foi a mesma: construir um lugar melhor. Se a vista que temos é da montanha que escalamos, vencer centímetro por centímetro da gigante de pedra passou pelo esforço de todos os vereadores ao
longo dos 200 anos de história. Com a mão erguida ao alto, agarrar a próxima rocha indo para cima virou uma obsessão aos representantes do povo cachoeirense. Quando seus braços pareciam cansados para o esforço seguinte, uma força motivadora ecoava ao brado: avança! E os vereadores seguiram. E seguiram. Ao lado da população de Cachoeira, o caminho desafiador vem sendo vencido. Não será diferente pelos
próximos 200 anos.

Em parceria com a Câmara de Vereadores de Cachoeira do Sul, o Portal OCorreio inicia uma série especial  com a ousadia de descrever a incrível história da íntima relação entre vereadores e comunidade cachoeirense em 200 anos de luta e persistência. A leitura fará você decolar e sobrevoar a magnífica trajetória. Ao fim, uma certeza estará semeada: a Câmara de Vereadores seguirá caminhando ao lado da população, inserida na inabalável convicção que amamos nossa terra.

Para começar a série, a instalação do Município.

Boa viagem no tempo e na história. A nossa história.


Crédito: Arquivo

O município de Cachoeira do Sul, emancipado de Rio Pardo, foi instalado em 1820. A origem de seu nome se deve a uma antiga cachoeira existente no Rio Jacuí. No seu lugar foi construída a Ponte do Fandango. Ostenta os títulos de “Capital Nacional do Arroz” e “Capital Estadual do Arroz”, devido aos seus laços históricos com o grão. Em comemoração, a cidade sedia a Feira Nacional do Arroz (Fenarroz), o maior evento orizícola das Américas. O município também é o maior produtor de noz-pecã da América Latina. A lista de pontos turísticos inclui o Château d’Eau e a Ponte do Fandango, primeira ponte-barragem construída no Brasil, sobre o Rio Jacuí.

A história de Cachoeira do Sul tem relação com as disputas territoriais entre Portugal e Espanha no sul do Brasil. No início em 1750, tropas portuguesas vindas de São Paulo receberam sesmarias e começaram a povoar no entorno do Rio Jacuí, para segurança ao cumprimento do Tratado de Madri. As tropas estabeleceram-se com estâncias de criação de gado bovino. Para demarcar a linha de fronteira, o governador e capitão general do Rio de Janeiro e Minas Gerais, Gomes Freire de Andrade, Visconde de Bobadela, foi acompanhado por uma comissão técnica e tropas dos exércitos espanhol e português.

Em 1754 ocorreu a Guerra Guaranítica. Os índios residentes nas Missões se revoltaram contra o poder da Coroa Portuguesa, da Coroa Espanhola e os padres jesuítas. Com a derrota dos indígenas, alguns foram recolhidos por portugueses e formaram uma aldeia no Cerro do Botucaraí. Em 1769 foram levados para o Passo do Fandango, onde construíram a capela de São Nicolau. O local é atualmente o Bairro Aldeia.

A pequena vila, formada de açorianos e índios, começou a ser chamado de Cachoeira, devido às quedas d’água do Rio Jacuí que havia no lugar. Em 10 de julho de 1779, a Capela foi elevada à categoria de Freguesia, com a denominação de Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira. Em 28 de setembro de 1799, foi inaugurado o novo templo católico, a Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição.

No início dos anos de 1800, a Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da Cachoeira entrou em um período de crescimento demográfico, comercial e urbano. A cidade ganhou seu atual traçado, elaborado pelo engenheiro José de Saldanha com a Praça da Igreja como ponto central.

Um alvará de 26 de abril de 1819 levou a Freguesia à categoria de vila, por ordem do rei Dom João VI, com nome de Vila Nova de São João da Cachoeira, sendo o quinto município a ser criado, precedido de Porto Alegre, Rio Grande, Santo Antônio da Patrulha e Rio Pardo.

A solenidade de instalação do Município ocorreu a 5 de agosto de 1820, inaugurando-se o Pelourinho,  antigo símbolo da autonomia municipal. Após a criação, iniciou-se um período de organização política, social e administrativa da cidade, cuja primeira providência foi a eleição de três vereadores que formaram um colegiado para administrar o Município de Cachoeira: João Soeiro de Almeida e Castro, Joaquim Gomes Pereira e Francisco José da Silva Moura. Na época, Cachoeira não era administrada por prefeito, mas
pela Câmara Municipal.