Vereadora Ana Luísa do Piquiri desabafa sobre crise de ansiedade durante sessão

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Vereadora Ana Luísa do Piquiri desabafa sobre crise de ansiedade durante sessão
POLÍTICA
10 de fevereiro de 2025 - Crédito: OC

A vereadora Ana Luísa do Piquiri (Podemos) usou a tribuna para rebater críticas feitas por um dos presentes na plateia durante a sessão legislativa desta segunda-feira (10). A crítica, proferida ao lado da mãe da parlamentar, questionava sua ausência na mesa do plenário, de acordo com a vereadora. Em resposta, Ana Luísa explicou que sofre de crises de ansiedade e que está sob medicação, o que pode a impedir de permanecer no local designado.

A parlamentar pediu mais compreensão do público e ressaltou que parte da população enfrenta dificuldades semelhantes. “Tem gente que vai trabalhar todos os dias dopada por conta da ansiedade. É uma situação que muita gente enfrenta, e não podemos julgar sem conhecer a realidade do outro”, afirmou.

O desabafo da vereadora foi marcado por forte emoção. Em prantos, Ana Luísa precisou ser amparada pelos colegas parlamentares. Diante da situação, o presidente da Câmara suspendeu a sessão para que Ana Luísa pudesse se recuperar.

 

 

Como identificar a chegada de uma crise?

Pode ser difícil identificar uma crise de ansiedade quando não se tem o diagnóstico correto. Não é raro que tal manifestação seja confundida com um problema no coração ou algo similar, por exemplo. Porém, a partir do momento em que a crise começa, é possível perceber sintomas como:

  • taquicardia;
  • tremores;
  • sudorese;
  • sensação de falta de ar;
  • tontura e enjoos;
  • tensão muscular;
  • calafrios ou sensação de calor;
  • despersonalização, irrealidade ou medo constante.

Vale reforçar que sintomas de crise de ansiedade são parecidos com os de outra condição psicológica bastante comum, sobretudo em pessoas submetidas a longos períodos de estresse: as crises de pânico.

Geralmente, as crises de ansiedade e de pânico se diferenciam pela intensidade e frequência do problema. Além disso, é comum que os ataques de pânico estejam associados à presença de um transtorno do pânico.

Ou seja, a avaliação profissional é fundamental para diferenciar ambas as condições e garantir que elas sejam investigadas, diagnosticadas e devidamente tratadas.

Quais podem ser os gatilhos para tal problema?

Quem convive com a ansiedade sabe que não existe hora nem local para uma crise aparecer. Assim, ela pode começar em casa, no trabalho ou na rua, por exemplo. Em todo caso, pode ser difícil identificar possíveis gatilhos para tal problema, já que isso varia de acordo com a pessoa.

As crises de ansiedade estão mais associadas a situações de preocupação excessiva, em que o medo, o receito e a angústia sobre algo que está para acontecer ocupa um espaço significativo na rotina da pessoa. Isso desencadeia muito dos sintomas já indicados.

No primeiro ano da pandemia de Covid-19, por exemplo, o Brasil se tornou o país mais ansioso do mundo, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), aumentando em 25%.

Além disso, as crises de ansiedade podem estar associadas a uma série de problemas de saúde mental, que têm nas manifestações ansiosas parte relevante do quadro. Entre eles estão:

  • transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada, fobia social, transtorno de estresse pós-traumático e transtorno do pânico;
  • quadros depressivos;
  • transtorno afetivo bipolar.

O que pode ajudar durante uma crise de ansiedade?

Controle da respiração

A respiração descompensada costuma ser um dos sintomas mais comuns e incômodos de uma crise de ansiedade, causando a sensação de falta de ar. Por isso, recompor o ritmo natural da inspiração e expiração do ar pode ajudar bastante no controle da crise.

Para isso, existem estratégias. As mais úteis são aquelas que ajudam o indivíduo a controlar o ritmo da respiração por meio do sobe e desce do diafragma, músculo que fica abaixo dos pulmões.

Um exemplo é inspirar pelo nariz, contar até quatro e expirar o ar pela boca, em oito segundos. A orientação é esperar mais quatro segundos e repitir o exercício até se acalmar. Com a mão sobre o peito, será possível sentir justamente o diafragma subindo e descendo.

Tentar mudar de foco e se distrair

Outra característica comum é o foco excessivo do pensamento sobre determinados aspectos, o que leva a mente a ficar saturada. Dessa forma, tentar desfazer tal sobrecarga pode ajudar na superação da crise.

Nesses casos, é natural que cada pessoa tenha a sua própria estratégia para desfazer o foco excessivo naquilo que desencadeou a crise ou mesmo nos sintomas apresentados.

Em todo caso, conversar com alguém pode ajudar bastante, por exemplo. Imaginar-se em outro local, lembrar de coisas que você gosta, tentar focar em outra atividade ou contar de 1 até 10 várias vezes seguidas pode reduzir a agitação da mente.

Relaxar os músculos

A contração involuntária dos músculos devido à tensão durante uma crise de ansiedade pode gerar ainda mais desconforto. Por isso, vale tentar fazer pequenos alongamentos, que acompanhados do controle da respiração, ajudam a reverter a crise.

Quando procurar ajuda especializada?

Crises de ansiedade podem fazer parte de um quadro psiquiátrico que precisa ser tratado. Assim, quando esse tipo de problema se torna frequente e afeta atividades que antes não eram um problema, é indicado procurar ajuda profissional.

Esse pode ser um critério subjetivo, mas que ajuda a compreender que conviver com esse tipo de problema não deve ser visto como algo natural. Normalmente, após o diagnóstico, o tratamento é feito com a combinação de fármacos devidamente prescritos por um médico psiquiátrico e o acompanhamento psicoterapêutico com um psicólogo.

Experimentar uma crise de ansiedade é algo desagradável, não há como negar. De todo modo, entender como algumas estratégias podem aliviar o problema e reconhecer a importância de procurar suporte profissional adequado são questões relevantes para a manutenção da saúde mental.

Revisão técnica: Alexandre R. Marra, pesquisador do Instituto Israelita de Ensino e Pesquisa Albert Einstein (IIEP) e docente permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade Israelita de Ciências da Saúde Albert Einstein (FICSAE).

*orientações disponibilizadas pelo Hospital Albert Einstein