SOS Agro RS mobiliza o setor produtivo gaúcho em Cachoeira nesta quinta-feira

Por
SOS Agro RS mobiliza o setor produtivo gaúcho em Cachoeira nesta quinta-feira
RURAL
3 de julho de 2024 - Reconstrução do agronegócio gaúcho é o objetivo central do SOS Agro RS, movimento histórico marcado para esta quinta-feira no Parque da Fenarroz, em Cachoeira do Sul / Foto: Arquivo/OC

O setor produtivo do Rio Grande do Sul prepara um movimento histórico em Cachoeira do Sul, o SOS Agro RS, que nesta quinta-feira (4) deve reunir milhares de produtores rurais de todo o Estado a partir das 8h no Parque da Fenarroz. A manifestação, que é tida pelos organizadores como apartidária, buscará demonstrar aos governantes que o campo tem pressa por soluções para os prejuízos causados pelas cheias de maio e para as dívidas remanescentes das últimas temporadas afetadas pelas estiagens.

“Como o produtor vai trabalhar, sem dinheiro e endividado? Temos urgência”, clama um dos organizadores do movimento SOS Agro RS, o produtor rural Lucas Scheffer, de Cacequi, manifestando preocupação já com a safra deste inverno. Pelas redes sociais, ele vem movimentando artistas e personalidades renomadas estadual e nacionalmente a convocarem o maior número possível de pessoas para o SOS Agro RS.

A reivindicação principal do grupo diretamente envolvido no SOS Agro RS, composto por produtores rurais de diversos portes e atividades, todos enfrentando problemas financeiros graves, seria para que o governo federal se manifeste sobre as medidas apresentadas pela Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) no dia 7 de maio, que incluem a prorrogação de dívidas, criação de uma linha de crédito com juros de 3% e prazo de pagamento de 15 anos, com até dois anos de carência.

O Rio Grande do Sul contabiliza a quarta safra consecutiva com perdas nas atividades agropecuárias, segundo divulgado pelo Canal Rural. De 2019 a 2022, foi a estiagem que causou prejuízos; já no ciclo 2023/24, o excesso de chuvas impactou negativamente a colheita. Segundo a Emater-RS, a perda média na soja é de dois milhões de toneladas, com algumas regiões ainda com mais de 50% da área plantada sem colheita. Na Metade Sul, cerca de 10% da área foi abandonada devido às condições péssimas dos grãos.

A área cultivada no estado está estimada em 6,6 milhões de hectares, com uma produtividade média estadual de 2.923 kg/ha. No entanto, algumas regiões colheram muito abaixo desse volume. As perdas não se limitaram à soja. Outras culturas, como milho em grão e silagem, além de áreas de arroz, foram severamente impactadas. A histórica enchente de maio afetou mais de 206 mil propriedades, sendo que 50 mil produziam grãos.

Atividades como criação de suínos, aves, bovinos, bovinos de leite, olerícolas e produção de frutas também sofreram impactos significativos.
No meio rural, 19.190 famílias enfrentaram perdas em estruturas das propriedades, como casas, galpões, armazéns, silos, estufas e aviários.

Na agroindústria, cerca de 200 empreendimentos familiares registraram prejuízos. Diante dessa situação, os produtores não conseguem cumprir os compromissos financeiros assumidos e reinvestir na recuperação das propriedades.

O QUE ESPERAR DO MOVIMENTO SOS AGRO RS EM CACHOEIRA DO SUL

Entre os políticos, confirmaram presença no SOS Agro RS autoridades como o presidente da Assembleia Legislativa do RS, Adolfo Brito (PP), o deputado federal Tenente Coronel Zucco (PL), bem como outros deputados e senadores de diferentes estados brasileiros. O movimento tem ainda a expectativa, ainda não confirmada, da presença dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Pimenta (da Reconstrução). São esperados entre 5 mil e 10 mil pessoas no movimento.

A diretoria da Federação da Agricultura do RS (Farsul) e da Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetag-RS) já confirmaram apoio ao SOS Agro RS. Também são esperados representantes de outras entidades representativas da agropecuária e de sindicatos rurais do Estado. O SOS Agro RS defende o engajamento pacífico e diz que não serão permitidas bandeiras no evento e nem bebidas alcoólicas.

A programação do SOS Agro RS em Cachoeira do Sul terá palestras e discussões sobre os desafios e as perspectivas para o agro e diálogo com autoridades. Em manifesto replicado em grupos de whatsapp que contam com milhares de participantes, os produtores querem a oportunidade de expor suas necessidades.

MOVIMENTO SOS AGRO RS

O manifesto que circula nas redes sociais sobre o evento:

“Nosso objetivo é o direito para os produtores, totalmente pacífico, buscando defender os produtores:

  1. Frente unificada – Unindo os produtores rurais em uma frente unificada em prol dos interesses e direitos dos produtores da agricultura e pecuária e toda sua cadeia produtiva no estado do Rio Grande do Sul.
  2. Inclusão e representatividade – Todos os produtores, independentemente do porte ou especialização (seja na agricultura familiar, pequena, média, grande, do setor leiteiro, pecuária, orizicultura, uva, piscicultura, apicultura, soja, hortaliças, fruticultura, toda a cadeia produtiva, etc.), são essenciais e bem-vindos.
  3. Apartidarismo e foco no produtor – Nosso movimento é apartidário, sem uso de quaisquer bandeiras, centrado nos desafios e necessidades dos produtores, acima de quaisquer interesses políticos. Todo aquele que tiver interesse contrário, pedimos que se retire voluntariamente, e se, identificado, será retirado do grupo e responderá por quaisquer atitudes que não sejam as do objetivo do grupo. Buscamos aqui renegociação de dívidas que os produtores já vêm sofrendo primeiro com a seca dos últimos 3 anos e por último as chuvas que devastaram parte de nosso Estado. Se esse não for seu objetivo ou não concordar com estas regras pode se retirar do movimento SOS Agro RS.
  4. Apoio à Farsul – Comprometemos-nos integralmente com as demandas e propostas apresentadas pela Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul).
  5. Defesa da agricultura e pecuária e de toda sua cadeia produtiva – Nossa missão é assegurar que as políticas públicas atendam efetivamente às demandas da agricultura e pecuária gaúcha, garantindo sua viabilidade e crescimento sustentável.
  6. Transparência e democracia – Todas as decisões do movimento serão tomadas de forma transparente e democrática, assegurando a participação igualitária de todos os membros.
  7. Mobilização responsável – Nosso engajamento será sempre pacífico e responsável, respeitando integralmente as leis e regulamentações vigentes.
  8. Diálogo e negociação – Priorizamos o diálogo contínuo com autoridades e instâncias pertinentes, buscando a negociação como principal meio de alcançar nossos objetivos.
  9. Respeito e solidariedade – Celebramos a diversidade de opiniões e experiências entre os produtores, promovendo um ambiente de respeito mútuo e solidariedade.
  10. Compromisso com o futuro – Assumimos o compromisso de trabalhar incansavelmente pelo futuro próspero da agricultura e pecuária no Rio Grande do Sul, garantindo sua sustentabilidade para as gerações vindouras. Queremos possibilitar a permanência dos agricultores no setor e assim contribuir para reerguer o Estado do Rio Grande do Sul.”

CLIQUE AQUI E ACESSE MAIS NOTÍCIAS DE CACHOEIRA DO SUL