O vereador Nilton da Silva Garcia, o Barão Garcia (PSB), protocolou um projeto de lei nesta quinta-feira, prevendo a denominação de uma rua em forma de homenagem para a soldado Marciele Renata dos Santos Alves Guerreira. “Corajosa. Incansável. Atributos de uma mulher Policial Militar que jamais desistiu de seus ideais e que sempre exerceu com louvor as missões que lhe foram incumbidas”, exalta o parlamentar. A via citada na proposição é a Rua 06 do Loteamento Habitar Brasil, Bairro Promorar, iniciando na Rua Eva Tereza Lacerda de Freitas e
terminando na Rua Paulo Salzano Vieira da Cunha, totalizando uma distância de aproximadamente 122 metros.
Marciele foi morta no dia 25 de novembro de 2019, após ser atropelada por carro de uma quadrilha criminosa em fuga, durante uma operação em que estava atuando.
Crédito: Cacau Moraes/Arquivo/OC
Natural de Cachoeira do Sul, Marciele ingressou na Brigada Militar em 2012, quando tinha 21 anos. “Antes mesmo de tornar-se membra da Corporação, sempre admirou a profissão e alimentou o desejo de fazer parte”, lembra Garcia. “Era como se soubesse que ser Brigadiana fosse o destino de sua vida, o seu sonho mais real e intenso”, completa.
“Primeiro, passou por todo o período de instruções e treinamentos no Curso de Formação de Soldados da Brigada Militar. Após, quando o concluiu, foi lotada na cidade de Taquari, para atuar no policiamento ostensivo. Lá, permaneceu até o ano de 2015, quando se transferiu para Santa Cruz do Sul. No novo município, optou por deixar as ruas e trabalhar na sala de operações, local responsável por supervisionar câmeras de videomonitoramento”
De acordo com o projeto, a escolha pela troca de função ocorreu por um objetivo que, paralelamente com as atividades que desempenhava na Brigada Militar, buscava alcançar: se formar na faculdade de Fisioterapia. Com flexibilidade nos horários de escala, a jovem conseguiu se dedicar mais aos estudos e conquistou o desejado diploma de graduação. Já formada, decidiu, então, voltar às ruas. Para isso, resolveu entrar para o curso do Pelotão de Operações Especiais (POE) de Santa Cruz do Sul – hoje denominado de Força Tática -, grupamento que atua como pronta resposta em ocasiões específicas. “Não só fez, como foi aprovada. O bom desempenho ao longo da formação permitiu a Marciele alcançar mais essa aspiração e, a partir daquele momento, ser uma das poucas mulheres a altura de vestir a tão almejada farda camuflada. Mas, infelizmente, a realização do novo sonho durou pouco”, lamenta o autor do projeto.
Crédito: Cacau Moraes/Arquivo/OC
No mesmo ano em que passou a integrar o POE, aconteceu a operação que culminou em sua morte, na tarde do dia 25 de novembro, no município de Sério, no Vale do Taquari. Como parte do cerco armado pela Brigada Militar para prender criminosos que haviam roubado três picapes (caminhonetes), e que contou com perseguição, uma barreira foi montada para abordar o grupo. Neste momento, houve trocas de tiros (que deixaram dois bandidos mortos) e mais uma tentativa de fuga. Foi então, que os criminosos usaram o veículo roubado para colidir em uma viatura, atingindo Marciele.
A policial militar ainda foi levada para o hospital, mas não resistiu aos ferimentos. “Encerrava, ali, a nobre e prematura missão da soldado Marciele. Mas não somente isso. Os planos e metas de uma jovem de apenas 28 anos, que dedicou boa parte de sua vida a causas sociais e que acreditava na transformação do mundo em um local melhor, também chegava ao fim”, acentua Barão.
“Hoje, mesmo não vestindo mais a farda que tanto a encantou, saindo às ruas para patrulhar ou sendo a alegria contagiante dos lugares, o legado de Marciele é mantido vivo no coração e memória de quem pôde conviver com ela. E assim continuará, como o que representa cada palavra que a mãe cita ao lembrar da filha: ‘solidariedade; amor; família; sinceridade; carinhosa; pontualidade; colega; teimosa; geniosa; sonhadora; luta; resistência; e, principalmente, Brigada e POE'”
A sessão da Câmara será na próxima segunda-feira, a partir das 14 horas.
