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Serviço telefônico amplia acesso a cadeiras especiais

Crédito: Gustavo Mansur/Secom

“Eu levei mais de 20 anos para voltar a entrar no mar. Quando fiz isso pela primeira vez depois do acidente, percebi que nunca senti nada igual antes”, relatou o bombeiro reformado Marquinho Lang, ao contar a sua história de vida, na praia de Capão da Canoa. Ele fez o depoimento enquanto um grupo de pessoas com deficiência (PcD), incluindo ele, se preparava para experimentar aquilo que parecia impossível algum tempo atrás: entrar na água e desfrutar de um banho de mar.

Desde 2012, a Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (Faders), vinculada à Secretaria de Assistência Social (SAS), utiliza cadeiras anfíbias para proporcionar o banho assistido a pessoas com deficiência e mobilidade reduzida. Além de PcD, idosos com dificuldade de locomoção são beneficiados pelo projeto. No verão deste ano, a rede celebra um importante avanço: a implantação do Disque Praia Acessível, que facilita o acesso ao equipamento.

A ação faz parte do projeto Rede Praia Acessível, que integra a Operação RS Verão Total, do governo do Estado. No início, em 2012, havia apenas cinco cadeiras de banho assistido. No ano passado, com recursos oriundos do Programa Avançar, o governo do Estado adquiriu 50. Atualmente, a Faders tem parceria com 16 municípios, e o banho assistido está disponível em quase 50 locais, oferecendo alternativas de lazer em diversos pontos do território gaúcho.

Os banhos acontecem no litoral, em balneários, rios, lagos, lagoas e, agora, até em piscinas, para que o verão possa ser aproveitado por todos. “Proporcionar o banho assistido é muito mais do que um banho. Para muitas pessoas, é algo tão simples, mas esse sentimento ninguém imagina”, ressaltou Lang, que há três anos preside a Faders.

“Ela é muito aventureira, gosta do mar, e isso ajuda a liberar o estresse e a musculatura. É algo terapêutico e que tem sido muito bom para ela”, disse Araci de Christo, mãe de Deise, cuja paralisia cerebral não a impede de desfrutar o lado bom da vida. Aos 29 anos, Deise já está familiarizada com o pessoal da Faders: há vários anos, frequenta a praia de Capão da Canoa para tomar o banho assistido.

O banho em cadeira anfíbia é feito com toda a segurança pela Faders. Em cada município parceiro, há um profissional habilitado para supervisionar o processo. São fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais ou educadores físicos. Além disso, a fundação realiza capacitações para treinar voluntários, que auxiliam os técnicos durante os procedimentos. A mais recente capacitação formou mais de 300 pessoas para atuarem voluntariamente no projeto. O Corpo de Bombeiros Militar, com o apoio dos guarda-vidas, também oferece o suporte necessário para a prestação do serviço.

“A gente tem que olhar para o céu azul e agradecer. O nosso mar aqui hoje está lindo, maravilhoso. Vamos tomar um banho gostoso, bem saudável, porque o mar está convidativo mesmo”, exaltou Norberto Einsfelt, 69 anos, pouco antes de aproveitar, pela segunda vez, a experiência.

Na hora do banho, as PcD são transferidas de suas cadeiras habituais para uma anfíbia. Os profissionais descem a rampa de acesso, com todo o cuidado, guiando as cadeiras em direção ao mar. Na travessia pela areia da praia, o clima é de alegria e animação. Os ventos sopram, a brisa do mar ecoa e, logo, a água salgada começa a tocar os pés. Diante do oceano, os ares são de felicidade, trazendo um misto de sensações.

A ocasião vai ficando cada vez mais divertida e revigorante, à medida que o nível da água sobe. Em todo o tempo, dois voluntários seguram firmemente a cadeira e familiares do banhista se mantêm sempre próximos, promovendo um momento de integração e acolhimento. As expressões traduzem liberdade, quebra de barreiras e superação de desafios: não há mais distância entre a PcD e o mar.

Os benefícios do banho assistido vão além do lazer, da acessibilidade e da inclusão. A experiência também promove saúde e bem-estar, levando mais qualidade de vida para as pessoas com deficiência e mobilidade reduzida.

Norberto foi acometido de uma doença na coluna vertebral, passou por cirurgia e faz fisioterapia para retomar os movimentos. O veranista acredita que os banhos de mar na cadeira anfíbia também podem ajudar na sua reabilitação. “Se Deus quiser, vai melhorar. Agradeço a toda a equipe da Faders, porque é mais um recurso que temos à disposição. É preciso essa alegria para as pessoas poderem viver melhor, deixarem de ver a vida passar pela janela, viverem com dignidade”, ressaltou.

A coordenadora do Rede Praia Acessível, Claudia Alfama, explica que o alcance do projeto vem crescendo. “O nosso slogan começou assim: o sol é para todos, a areia e o mar. Agora ele se transformou em rio, lago, lagoa, cachoeira e piscina. Estamos destacando a piscina, porque Bagé não conta com mar, lago ou lagoa, mas as cadeiras anfíbias estão sendo utilizadas em três clubes do município que oferecem banho de piscina”, salientou.

Neste verão, a implantação do Disque Praia Acessível vai ampliar e flexibilizar a abrangência da iniciativa. Quem quiser usar o serviço poderá ir à praia ou balneário mais próximo, porque a Faders deslocará equipes para oferecer o banho mais perto de onde o usuário estiver, e não só em locais fixos e pré-determinados. O número é (51) 98594-5900 e funciona como WhatsApp.

“Antes, tinha um calendário e horários definidos para que pudessem acessar o serviço. Então, criamos o Disque Banho Assistido. A pessoa manda uma mensagem e nós respondemos o mais rápido possível. Diz quando e onde estará em veraneio. Se não tem um balneário próximo e ela não consegue se deslocar, agendamos e vamos até ela, para fazer o banho assistido, com toda a segurança”, afirmou Lang.

Para os voluntários, essa vivência também é extremamente gratificante. São pessoas que doam do seu tempo e disposição, de forma não remunerada, para possibilitar essa alegria a outras pessoas. “É uma atitude que, de forma isolada, não trará a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade, mas é um passo muito importante para isso”, contou o funcionário público Pietro Barreto, 27 anos.

Desde a sua criação, o Rede Praia Acessível realizou quase 9 mil atendimentos. De 2012 até fevereiro de 2020, antes de a covid-19 chegar ao Brasil, mais de 8 mil. No verão de 2022, com o retorno pós-pandemia, houve aproximadamente 320, em oito municípios. Neste verão, até 15 de janeiro, foram 128 atendimentos.

Agora, com o Disque Banho Acessível, a expectativa é que os verões no Estado se tornem cada vez mais inclusivos. “Não é um evento pontual. Nós iremos aonde o usuário estiver fazendo o veraneio com os seus familiares. A pessoa com deficiência ou mobilidade reduzida também vai poder curtir a temporada de verão”, pontuou Lang.

Onde há cadeira anfíbia para banho assistido

As datas e horários dos banhos assistidos podem ser conferidos nos sites e redes sociais de cada um dos municípios.

Arambaré: em frente ao Centro Cultural Inúbia
Arroio do Sal: Beira Mar – junto ao Quiosque do Turismo
Bagé: Cesarino Espaço Recreativo, Círculo Militar de Bagé e Cantegril Clube de Bagé
Balneário Pinhal: Centro (Castelo Branco e Travessa 13) – Guarita 199 e Magistério (Avenida Salgado Filho e Rua São Jerônimo) – Guarita 209
Barra do Ribeiro: Praia da Picada
Cachoeira do Sul: Balneário Praia Nova – Margem direita do Rio Jacuí
Capão da Canoa: Avenida Beira-mar – Calçadão (Guarita 76) e Parque Náutic
Cidreira: Calçadão Kanitã
Cristal: Balneário do Rio Camaquã
Imbé: Centro, Presidente, Nordeste, Ipiranga, Harmonia, Mariluz, Mariluz Norte, Albatroz, Santa Teresinha e Imara, nas guaritas centrais de cada balneário
Morrinhos do Sul: Recanto do Vô Ilário, Recanto Beira Rio, Pytaias Eco
Mostardas: Balneário Mostardense, Guarita Central
Osório: Atlântida Sul (Guarita 108) e Mariápolis (Guarita 106)
Rio Grande: Cassino
Rio Pardo: Praia dos Ingazeiros
Três Coroas: Brasil Raft Park, Parque das Laranjeiras e Raft Adventure Park


*”FAZ BEM” é uma coluna com pautas positivas veiculada exclusivamente pelo Portal OCorreio

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