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Sejam bem-vindos a uma ditadura disfarçada!

Arte: Divulgação

O direito à liberdade está entre os mais básicos e sagrados da nossa Carta Magna, a Constituição Cidadã de 1988. Em tempos de pandemia de um vírus que ainda é um mistério para a ciência e que deixa a sociedade atordoada com informações de todo tipo que surgem a todo momento, os governantes mergulham em contradições e não sabem ao certo o que fazer para evitar a disseminação do coronavírus, que pega você, um familiar seu, o seu vizinho, e te aterroriza com a morte rondando a tua casa constantemente.

Em meio a esse cenário de absoluta tensão e puro medo, decisões unilaterais, de cima para baixo, tiram a liberdade da iniciativa privada, impedem o comércio de trabalhar e o resultado disso é o fechamento de empresas, o fim de sonhos de muitos anos provocado pela falência da lojinha, do bazar, da boutique, da barbearia, da banquinha, que aos olhos de quem olha de fora parece pequenininha, mas é de uma grandiosidade infinita para os que dela dependem para trabalhar, comer, vestir, pagar aluguel, sobreviver. Se ao menos o resultado de tanta restrição fosse o controle das hospitalizações, dos óbitos, do contágio, da pandemia como um todo, certamente a sociedade estaria mais compreensiva.

Mas não é isso que se vê. Por parte de quem precisa trabalhar, o clima é de revolta com tudo e com todos.

A bandeira preta no Rio Grande do Sul completa um mês, nesse meio tempo teve até lockdown em Cachoeira do Sul e nada disso surtiu efeito para evitar que perdêssemos mais entes queridos num único mês do que todo o saldo de óbitos de 2020. Se o fechamento geral, as restrições, se nada disso deu resultado, por que o governador não dá a cara a bater e, junto com os prefeitos, não tenta encontrar uma solução em conjunto diferente de tudo o que já se fez até agora para que possamos “levar a coisa do jeito que dá” até que a vacinação avance para as camadas da população que estão na rua, mais expostas ao vírus, que não tiveram como ficar em casa?

O clima é de insegurança sanitária e econômica. Nem os protocolos de distanciamento são 100% seguros. É óbvio que o uso de máscara e álcool gel e manter a distância interpessoal se fazem necessários por reduzirem as chances de contágio, mas não são nenhuma garantia de sono tranquilo quando se está em jogo é pegar ou não o vírus. No que tange à economia, quem ainda consegue se manter no jogo empresarial vai lutando com as armas que tem, escolhendo as contas que irá pagar, se descabelando ao decidir qual empregado fica e o que vai embora, prorrogando os boletos do Simples na certeza de que vão embolar e acumular logo ali na frente, contando com um auxílio emergencial pífio, e por aí vai.

Menos mal que a ciência vem fazendo a sua parte com o avanço da vacinação. Se tem alguns setores da sociedade que merecem o reconhecimento de todos, esses são os que menos (ou sequer) aparecem, como os cientistas/pesquisadores/desenvolvedores das vacinas, assim como médicos, enfermeiros e demais profissionais da linha de frente que lutam para salvar vidas e convivem diuturna e permanentemente com o vírus e os seus perigos.

E no fim das contas, no frigir dos ovos, o cenário é de uma ditadura disfarçada, na qual se governa por decretos. Decisões são tomadas sem que entidades empresariais e de defesa dos trabalhadores sejam chamadas à discussão pelo governo para adoção de medidas em conjunto. Aliás, cadê os sindicatos?

Para o governo, está até mais fácil do que antes, afinal, governar por decreto é mais ágil e menos penoso, pois decisões são tomadas todos os dias sem necessidade de passar pelo escrutínio da Assembleia Legislativa.

Enquanto isso, quem trabalha de dia para comer à noite vai se virando, tocando a vida, negociando, vendendo seus produtos no pegue e leve e no Facebrick, sobrevivendo, resiliente e heroicamente, do jeito que pode. Dependendo da vontade do governo, quando o governo deixa…

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