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“Sala lacrada! Exijo ocorrência na Polícia!”, ordena Ghignatti sobre materiais da Receita

Foto: Rafael Bordignon

Uma sala quente. Abafada. Igual a tarde desta quarta-feira (9), quando os vereadores Itamar Luz (PSDB) e Telda Assis (PT) voltaram ao local no prédio que abriga as secretarias da Administração e da Educação. No espaço, os materiais repassados pela Receita Federal oriundos de apreensões. O valor estimado ultrapassa a cifra de R$ 107 mil. Com a lista em mãos, os vereadores verificaram se algo estaria faltando. E estava. Videogames, roteadores e até carretilhas para a prática de pescaria deveriam estar na sala, mas não foram localizados.

Foto: OC

Uma churrasqueira faz parte do ambiente da sala. Ao canto. Chama atenção pelo tamanho. E pelos tocos de cigarros, indicando ser usual aos fumantes que circulam pelos corredores do prédio e decidem visitar a sala, ao menos por alguns minutos. O suficiente para tragar mais um cigarro. Dentro da churrasqueira, caixas. Embalagens, mais especificamente. As imagens indicam que deveriam conter controles de videogames. Não estão.

Foto: Rafael Bordignon

O local está repleto de roupas, jarras elétricas e brinquedos. Tudo ensacolado ou atirado junto aos arquivos da própria Prefeitura. Documentos e mais documentos armazenados em armários metálicos. Lado a lado com os materiais apreendidos pela Receita Federal e entregue para a Prefeitura decidir seu destino. Ou seja, o servidor que precisar consultar dados presentes na papelada precisa entrar na sala, desviando dos materiais guardados. Quantas pessoas acessaram a sala? Quem pode entrar? Alguém levou o que não devia? Se houve o desvio indevido, onde estariam os equipamentos? São várias as perguntas. Buscar as respostas passará a ser o objetivo de uma sindicância interna, conforme anunciou o prefeito Sérgio Ghignatti. “Sala lacrada! Exijo que registre a ocorrência na Polícia!”, disparou ao ser comunicado pelos vereadores sobre a quantidade de materiais que simplesmente não estão onde deveriam estar.

Foto: Rafael Bordignon

O secretário municipal de Administração, Marco Aurélio, é o titular da pasta responsável pela sala. Juntamente com o procurador jurídico do Município, Leonel Slomp, acompanhou a reunião de Luz e Telda com o prefeito, após a nova averiguação do local. Enquanto verificava a lista com curiosidade, o secretário ouvia as determinações de Ghignatti. “Pela proporção que esse assunto tomou, temos que fazer o B.O. (boletim de ocorrência). Existe uma suspeita e precisamos agir”, enfatizou o chefe do Executivo Municipal.

Foto: Rafael Bordignon

A sugestão de lacrar a sala partiu do vereador tucano e foi aceita pelo prefeito. Antes, Itamar e Telda retornaram para o local com objetivo de finalizar a verificação com um novo instrumento: uma outra lista qe conseguiram. Desta vez, com informações sobre os materiais que foram encaminhados a outros locais pela Prefeitura. O saldo foi a descoberta da falta de equipamentos.

Foto: Rafael Bordignon

Telda andava. Vasculhava. Mexia e remexia em sacolas. Contava e recontava. Luz subia em bancadas. Escorava o corpo nas paredes. Sujava a roupa que vestia. Foram dois vereadores em busca da verdade. Dois representantes da comunidade eleitos para fiscalizarem. Fiscalizaram. Suaram. Buscaram. Informaram ao prefeito a respeito. Agora, eles, a população e o próprio Ghignatti esperam por respostas da sindicância e das apurações em torno do caso. A possibilidade de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Câmara foi ventilada e deve ser sugerida internamente.

Foto: OC

O que sumiu?

A lista de materiais que não foram encontrados inclui Playstation 2, Playstation 4, jogos eletrônicos, controles, roteadores, IPTV Box e até carretilhas (pesca).

As planilhas obtidas durante a conferência dos vereadores registram objetos que chamam atenção. São 20 tapetes de sala estimados em cerca de R$ 2,5 mil; 144 bonecas com enchimento que custam R$ 2,2 mil; 125 camisas masculinas com valor em torno de R$ 8,2 mil; 281 brinquedos conhecidos por “spinner” avaliados em R$ 4,3 mil; 132 calças jeans femininas estimadas em R$ 4,3 mil e 780 pares de meias no valor de R$ 2,5 mil, além de duas unidades de ar-condicionado (R$ 975,54) e ventiladores (R$ 2 mil).

Foto: OC

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