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Repórter cachoeirense entrevistou Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah morto em bombardeio no Líbano

Num momento icônico para o jornalismo mundial, repórter cachoeirense Régis Rösing obteve entrevista exclusiva no ano 2000 com Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah morto em bombardeio nesta sexta-feira no Líbano / Foto: Reprodução

Num momento icônico para o jornalismo mundial, repórter cachoeirense Régis Rösing obteve entrevista exclusiva no ano 2000 com Hassan Nasrallah, chefe do Hezbollah morto em bombardeio nesta sexta-feira no Líbano / Foto: Reprodução

Uma missão quase suicida. Assim pode ser definido o trabalho que o repórter cachoeirense Régis Rösing encarou para chegar, quase duas décadas e meia atrás, a Hassan Nasrallah, líder do grupo xiita Hezbollah morto na sexta-feira (27) num bombardeio promovido pelo exército de Israel em Beirute, capital do Líbano. O alvo do ataque era justamente o núcleo duro do Hezbollah, concentrado numa zona de subúrbio da capital libanesa.

O ano era 2000. O repórter Reginho, como é conhecido pelos conterrâneos de Cachoeira do Sul, trabalhava na Rede Globo e estava na Líbano produzindo uma série de reportagens sobre o esporte em zonas de conflito do Oriente Médio. À época, o cachoeirense contou em depoimento para a própria TV Globo que chegou ao sul do Líbano acompanhado de um colega repórter cinematográfico e um produtor da emissora.

Tão logo chegaram, ao caminhar pelas ruas, foram bem recebidos pelos moradores, alguns sorridentes. Uma semana depois, Régis Rösing e os colegas notaram que havia fotos de parte daquelas mesmas pessoas espalhadas por aquele bairro, fixadas em postes e paredes.

“Perguntei para um muçulmano: quem são eles? E ele respondeu exatamente assim: ‘Aqueles homens já não existem mais. Eles hoje são príncipes no paraíso. Eles explodiram’. Foi aí que me dei conta que estava no quartel-general dos homens mais temidos do mundo: os homens-bomba”, relatou o repórter Reginho no depoimento à TV Globo, emissora onde trabalhou por décadas até abril do ano passado.

REPÓRTER RÉGIS RÖSING VIU HOMENS-BOMBA EXPLODIREM NA SUA FRENTE

A viagem de Régis Rösing e seus colegas de TV Globo pelo Líbano no ano 2000 foi marcada por momentos de tensão extrema. Pelas ruas, soldados israelenses revistam libaneses. De repente, uma das pessoas abordadas explode. “Era um homem-bomba, programado para morrer e matar. Um cinegrafista escondido atrás de carro registra o resultado da operação: 5 mortos.E no meio da guerra entre árabes e judeus, que já durava 22 anos, nosso objetivo passou a ser falar com o homem mais temido ali do Oriente Médio: Hassan Nasrallah, o líder, o comandante do Hezbollah, dos homens-bomba”, relatou o repórter.

A ENTREVISTA DO REPÓRTER RÉGIS RÖSING COM O LÍDER DO HEZBOLLAH, HASSAN NASRALLAH

A partir do objetivo traçado de chegar ao esconderijo de Hassan Nasrallah, o cachoeirense Régis Rösing e sua equipe encararam momentos de extrema tensão, com risco à própria vida, pois se deixaram ser conduzidos por integrantes do Hezbollah, alguns dos homens mais perigosos do planeta. Gente que tem o sacrifício da própria vida como propósito de vida, por conta de extremismo religioso que mata milhares de civis, incluindo mulheres crianças e idosos, todos os anos no Oriente Médio.

Para chegar ao bunker subterrâneo onde Hassan Nasrallah se escondia, o repórter Régis Rösing usou do carisma que lhe é peculiar – que aliás, é uma marca registrada de sua personalidade (quem é seu amigo sabe muito bem disso) – para fazer amizade com as pessoas certas: integrantes do Hezbollah que tinham relação direta com o chefe do grupo, que na época já era considerado o homem mais poderoso do Líbano.

Para chegar até Hassan Nasrallah, o repórter Régis Rösing teve os olhos vendados. Estava literalmente nas mãos dos homens mais perigosos do mundo. Foi colocado num veículo e conduzido até o líder, com quem obteve uma entrevista exclusiva para o programa Fantástico. Aprendi uma palavra em árabe que é saad, alegria. Então saad para lá, saad para cá, aí acabei ficando amigo do pessoal foi o que me levou a entrevistar, com exclusividade, o líder do Hezbollah, Hassan Nasrallah, para o Fantástico. Fiz uma série de reportagens para o Fantástico sobre o Hezbollah”, conta.

Régis conta que voltou do Líbano com um material contundente que incluía discursos de Hassan Nasrallah para os futuros homens-bomba. O chefe do Hezbollah usava turbante preto na cabeça, que entre os mulçumanos significa ser descendente do profeta Maomé que viveu 500, 600, 700 anos depois de Cristo.

“No bunker dele, subterrâneo, fiz várias perguntas. Lembro uma delas: ‘O senhor mandou seu próprio filho para a guerra?’ Ele morreu com 17 anos: ‘O senhor hoje não se arrepende, não tem pelo menos saudade dele, não gostaria que ele estivesse aqui?’. Ele respondeu: ‘Não. Tenho orgulho de ter um filho que morreu por uma causa justa, por uma causa nobre, defender os seus irmãos, não seria justo eu mandar o meu filho estudar na Europa e pedir para os outros pais mandarem seus filhos para a guerra’”, relata o repórter cachoeirense Régis Rösing.

ASSISTA À ENTREVISTA DO REPÓRTER RÉGIS RÖSING COM HASSAN NASRALLAH:

QUEM É O REPÓRTER RÉGIS RÖSING

Nascido em 9 de agosto de 1965, em Cachoeira do Sul (RS), Régis Rösing é um renomado jornalista esportivo brasileiro, conhecido por suas reportagens emocionantes e seu bordão “alegria, alegria!”. Na década de 80, apresentou um programa de rádio voltado ao público jovem na 102 FM, em Cachoeira. Iniciou sua carreira como repórter na TV Globo em 1990, pela afiliada RBS TV no Rio Grande do Sul, e ganhou destaque em eventos esportivos globais. Ao longo de sua trajetória, cobriu cinco Copas do Mundo (1998 a 2014) e três edições dos Jogos Olímpicos (2000, 2004 e 2008), produzindo matérias que destacavam o impacto do esporte em contextos sociais e humanitários.

Um dos momentos marcantes de sua carreira foi uma reportagem realizada em 2009, quando viajou a Ruanda para mostrar como o futebol influenciava positivamente crianças em um país devastado pela guerra. A reportagem lhe rendeu uma medalha de reconhecimento da ONU. Em 2023, Régis Rösing foi desligado da Globo após mais de três décadas de serviços prestados.

Ao longo dos anos, ele se consolidou como uma referência no jornalismo esportivo, sendo reconhecido por seu estilo envolvente e pela capacidade de contar histórias que conectam esporte e transformação social.

Régis Rösing: repórter trabalhou na Rede Globo por mais de três décadas / Foto: Reprodução

QUEM FOI HASSAN NASRALLAH

Hassan Nasrallah nasceu em 31 de agosto de 1960, em Beirute, no Líbano. Ele ingressou no movimento xiita Amal, mas se destacou como líder do Hezbollah, assumindo a chefia do grupo em 1992 após a morte de Abbas al-Musawi. Sob seu comando, o Hezbollah cresceu como uma força militar e política influente no Líbano, lutando contra a ocupação israelense no sul do país e participando da política libanesa. Nasrallah era conhecido por seus discursos inflamados e sua aliança com o Irã e a Síria. Sua morte ocorreu em um contexto de escalada no conflito com Israel​.

Hassan Nasrallah / Foto: Reprodução

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