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Renato Portaluppi, homem de palavra

As recentes coletivas do técnico do Grêmio, Renato Portaluppi, merecem apontamentos. Um tema foi constante entre as perguntas: Luis Alberto Suárez. Diferente de outras declarações que partiram de dentro do clube, Renato foi transparente. Recusou o caminho de enrolar ou enganar o torcedor. Mostrou que valoriza sua palavra e entende a importância que tem. Na última coletiva, após a vitória sobre o Atlético-MG, encerrou o assunto por sua parte. Fez certo. O que tinha que dizer, já disse. E com todas as letras. Não é por acaso que o grupo respeita essa figura e a torcida enxerga nele, seu maior ícone, ao ponto de ter uma estátua em sua homenagem. Em tempos tão vazios, ter palavra é cada vez mais um tesouro. Nesse aspecto, Renato é um dos mais ricos do mundo do futebol.

Habilidoso, atrevido e polêmico. Renato Portaluppi sempre foi conhecido por seus dribles fantásticos, tanto quanto por seu temperamento forte. Para os gremistas, no entanto, ele sempre será lembrado como o herói do Campeonato Mundial, quando foi responsável pelos dois gols na vitória sobre o Hamburgo, e acabou eleito o melhor jogador da partida.

Nascido em Guaporé, no interior do Rio Grande do Sul, Renato chegou a trabalhar em uma padaria em Bento Gonçalves antes de vir para Porto Alegre, apostando em seu futebol. Iniciou entre o grupo de juvenis do Grêmio, onde logo se destacou. Foi promovido à equipe profissional no início de 82, mas passou boa parte do ano no banco de reservas, por escolha do técnico Ênio Andrade.

Em 1983, no entanto, Renato foi alçado à titularidade e logo se firmou como um dos maiores craques do futebol nacional. Neste ano, foi figura fundamental nas conquistas da Libertadores e do Mundial, no qual fez os dois gols da vitória gremista e acabou eleito melhor jogador da partida.

Nos próximos anos, o ponta-direita, se estabeleceria como ídolo da torcida gremista, levando o Grêmio ainda à conquista de dois Campeonatos Gaúchos, em 85 e 86.

Durante este tempo, Renato também ganhou fama de insubordinado e encrenqueiro. Notório bon vivant, era garantia de dor-de-cabeça para técnicos rigorosos e disciplinadores. O mais famoso destes episódios, sem dúvida, foi quando de sua participação na Seleção Brasileira que iria à Copa do Mundo em 1986.

Convocado devido às suas excelentes performances no Grêmio, que culminaram com as duas conquistas do Estadual, Renato se viu dirigido por Telê Santana, famoso pelo rigor e a disciplina que impunha em seus jogadores. O treinador estabeleceu um severo esquema de concentração, com pouquíssimas folgas e horários estritos para reapresentação.

Numa dessas folgas, Renato e Leandro acabaram chegando muito depois do horário estabelecido pelo treinador. Dada a fama de Renato, e o fato de que ambos eram reincidentes no atraso, Telê resolveu fazê-los de exemplo para o grupo, e os mandou de volta para casa.

A torcida, no entanto, sempre adorou o temperamento forte do jogador, que nunca deixou de ser ídolo em todos os clubes por que passou. Renato trocou o Grêmio pelo Flamengo em 1986, concretizando um antigo desejo de jogar no Rio de Janeiro. Seguidamente visto passeando pela orla carioca, ficou logo conhecido como “Rei do Rio”, alcunha que foi somada a seu apelido de Renato “Gaúcho”, que carregaria pelo resto da carreira.

O jogador ainda passou pela Roma (Itália), Botafogo, Fluminense e Bangu, além de outras passagens pelo Flamengo. Time este pelo qual pendurou suas chuteiras pela primeira vez, em 1998, quando saiu dos campos para assumir o cargo de diretor-técnico do clube. Depois, voltou a jogar pelo Bangu, mas seus joelhos não eram mais os mesmos e ele rapidamente se contundiu, declarou que estava cansado da rotina de jogador e, aos 36 anos, se aposentou oficialmente.

Depois da aposentadoria, Renato iniciou uma carreira de treinador. Muito ligado ao Rio de Janeiro, já passou por clubes como Flamengo, Fluminense, Madureira e Vasco.

Nome: Renato Portaluppi

Posição: ponta-direita

Nascimento: 9/9/1962

Local: Guaporé (RS)

Período no Grêmio: de 1980 à 1987 – 1991

Títulos: 1983 – Campeão da Taça Libertadores da América
1983 – Campeão do Campeonato Mundial Interclubes
1985 e 86 – Campeão Estadual

 

 

FOTOS: Jurandir Souza da Silveira

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