Quando falamos em jogos, lembramos das competições, esportes, tabuleiros, videogames, baralhos, computadores, ou mesmo nas brincadeiras simples de escola, como uma disputa de par ou ímpar, pega-pega, etc.
Os Nerds ali da década de 80 e 90, entretanto, devem lembrar de uma forma muito peculiar de jogo, os “Livros” de RPG.
Mas espera, desde quando um livro pode ser um jogo? Livro é livro e jogo é jogo, correto!?
Não jovem gaúcho, vamos explicar.
Um jogo de RPG (Role-playing Game, que em tradução livre quer dizer: jogo de interpretação de personagens) é um tipo de game no qual os participantes assumem papéis fictícios em um universo imaginário e se teleportam mentalmente para lá, criando histórias e experiências enquanto conduzem o seu personagem.
O que torna esse tipo de aventura um jogo, normalmente, é o fato e que um dos participantes será o Mestre dessa jornada (ou Storyteller, narrador), responsável por criar as características do lugar em que a aventura se passa, descrever os cenários, situações, dificuldades, além de interpretar personagens não jogáveis que tentarão, inúmeras vezes, te derrotar ou desviar seu grupo, os personagens jogáveis, dos objetivos principais.
Consegue entender onde um “livro” se encaixa nessa história? Então, como todos, inclusive o mestre, submetem-se às regras de base desse universo, os livros se prestam a organizar esse sistema, padronizando os fundamentos principais, as raças e classes de cada personagem, os limites, vantagens e desvantagens de cada um, a característica global de cada reino, épocas em que se passa, as fichas de cada personagem, etc.
Por exemplo, em Lobisomem: O Apocalipse, RPG de horror e fantasia urbana, criado pela editora americana White Wolf em 1992, os jogadores precisam se situar em um mundo sombrio e violento, onde a humanidade está em constante conflito com outras criaturas sobrenaturais, como vampiros, demônios e espíritos. Nele, os lobisomens (interpretados pelos participantes do RPG), são os guardiões da natureza e lutam para proteger o mundo natural dos avanços da humanidade e dos ataques de outras criaturas, com uma trama envolvida por conceitos filosóficos de uma profundidade única, abordando a necessidade de equilíbrio entre a criação, a destruição e o ímpeto natural do universo.
E as possibilidades para a imaginação são infinitas, em Dungeons & Dragons (D&D), um clássico de fantasia medieval criado nos anos 70 pela empresa americana TSR (Tactical Studies Rules), o jogo se passa em um mundo onde os jogadores assumem o papel de personagens heroicos, com características únicas, tal qual raça (humano, elfo, anão, entre outros) e classe (guerreiro, mago, clérigo, ladino, entre outros) e exploram masmorras, lutam contra monstros, dragões e adquirem tesouros, desvendam quebra-cabeças, etc.
Um desenho animado muito famoso no Brasil, inclusive, inspirou-se em uma história narrada dentro desse sistema, a série Caverna do Dragão, exibida na TV aberta por quase uma década, com 27 episódios, nos quais um grupo de seis amigos são transportados para outro mundo, recebem armas mágicas e se aventuravam contra criaturas mitológicas e o maligno Vingador, enquanto tentavam encontrar um caminho de volta para casa com a ajuda de seu guia, o Mestre dos Magos.
Em um jogo de RPG, as regras são geralmente usadas para resolver conflitos e desafios que os jogadores enfrentam, como combate, resolução de quebra-cabeças ou investigação. Essas regras geralmente são baseadas em dados de RPG, lançados para determinar o sucesso ou fracasso das ações do personagem e de seus rivais.
A depender de cada sistema, os personagens possuem atributos como Força, Destreza, Vigor, Inteligência, Raciocínio e Carisma, além das habilidades como Luta, Furtividade, Sobrevivência, Ocultismo, etc. Os jogadores usam esses atributos e habilidades para realizar ações durante o jogo, como lutar, investigar ou interagir com outros personagens.
Algumas aventuras de RPG podem demorar horas para terminar, outras são mais curtas, algumas jogadas em uma única sessão, mas sempre o objetivo final é a diversão e a criação de uma história cativante e envolvente. Os jogadores têm a liberdade de explorar o mundo imaginário de maneiras criativas, trabalhar juntos para alcançar objetivos e enfrentar desafios, e desenvolver seus personagens ao longo do tempo.
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