Produtores gaúchos poderão vender arroz para a Conab a partir de abril

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Produtores gaúchos poderão vender arroz para a Conab a partir de abril
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24 de março de 2025 - Arroz do RS para a Conab: Contratos de Opção de Venda de arroz firmados junto à estatal tiveram antecipação do prazo de entrega / Foto: Arquivo

Os agricultores que quiserem exercer o direito de venda de arroz para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) poderão vender o produto, negociado em contrato, a partir do final de abril. A Companhia poderá antecipar a compra do grão adquirido por Contratos de Opção de Venda (COV) de agosto para o final de abril, com pagamento de 20% acima do preço mínimo, carregado pelos custos logísticos e financeiros da colheita até a entrega do produto.

O governo federal abriu um crédito extraordinário para a realização da medida, que tem como objetivo garantir renda ao produtor, estimular a produção para atender o consumo interno e formar estoques públicos. O anúncio aconteceu na sede da Superintendência Regional da Conab em Porto Alegre, já que o Rio Grande do Sul corresponde a 68,6% da produção brasileira do grão.

“Quando lançamos os contratos em 2024, tínhamos dados técnicos que nos apontavam para um crescimento da oferta mundial do produto, como a Índia que suspendeu as barreiras para exportação e deve registrar crescimento produtivo. Por isso, oferecemos ao produtor a opção de compra com o preço 20% acima do mínimo, inclusive para manter o estímulo a produzir o arroz. Chegamos a ofertar 500 mil toneladas do produto e acabamos contratando mais de 90 mil toneladas”, disse o presidente da Conab, Edegar Pretto.

Os contratos foram negociados em três leilões públicos realizados em dezembro do ano passado. Ao todo, foram firmados 3.396 contratos, com negociação de cerca de 91,7 mil toneladas de arroz. A maior parte da negociação foi realizada no Rio Grande do Sul. Os produtores do estado são responsáveis pela contratação de 58.455 toneladas do cereal, o que corresponde a 63,75% do total negociado. Os produtores gaúchos que optarem pela venda antecipada no início de maio receberão R$ 82,85 por saca. A oferta inicial foi de R$ 87,62, mas há um desconto pela diferença no período de carregamento logístico e financeiro do produto.

Outro estado com destaque nas operações é o Mato Grosso, sendo responsável por 31,54% dos lotes arrematados nos leilões. Foram 1.071 contratos negociados, o que representa um volume de aproximadamente 28,92 mil toneladas do grão. Os agricultores mato-grossenses que decidirem vender no início de junho o produto negociado com a Conab irão receber R$ 99,98. Se a venda for realizada no prazo final do contrato firmado, o valor a ser pago pela Conab pela saca será de R$ 107,84.

Mercado de arroz

A entrada da safra de arroz no mercado interno mantém a tendência de baixa nos preços pagos aos produtores. Além disso, a boa produção do produto, não só no Brasil como em outros importantes países produtores, tende a favorecer a oferta do grão no mercado internacional.

De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção de arroz na América do Sul pode atingir 18 milhões de toneladas na safra 2024/25, o que representaria um recorde histórico de produção. Na Índia, um dos principais países produtores da cultura, também há previsão de alta de 5,2% na safra.

Além da expectativa de uma boa produção mundial para o grão, a retomada das exportações asiáticas também interfere em uma possível ampliação da oferta no mercado internacional. No final de 2024, a Índia anunciou a suspensão das barreiras de exportação de arroz branco não-basmati, fortalecendo o abastecimento global.

CONTRATO DE OPÇÃO DE VENDA

O Contrato de Opção de Venda é um dos instrumentos da Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM). A ferramenta é um seguro de preço para a data futura, uma vez que garante um valor de comercialização no momento da venda dos produtos amparados pela PGPM. A partir do Contrato de Opção, o agricultor tem o direito de vender ao governo federal o produto pelo preço firmado, mas não a obrigação de exercer a entrega do produto.