Em reunião da Câmara Setorial da Noz-Pecã, realizada ontem pela Secretaria de Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi) do Rio Grande do Sul, foram apresentados dados que revelam a situação dos pecanicultores no estado. Segundo o levantamento, apenas 10% do faturamento das propriedades dedicadas à noz-pecã vem da comercialização do fruto, enquanto 35% dos produtores afirmam não receber assistência técnica adequada.
A pesquisa, coordenada pela Seapi e conduzida em campo pela Emater/RS-Ascar, contou com a participação de 319 pecanicultores. Os dados estão sendo analisados pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária (DDPA), conforme explica a pesquisadora Larissa Ambrosini. “Devido ao volume de informações, a divulgação dos resultados será feita em partes, com foco no manejo da cultura e nas práticas de pós-colheita e comercialização”, destacou ela, em entrevista à imprensa da Capital.
Outro ponto discutido na reunião foi a solicitação de uma redução na alíquota de ICMS para a noz-pecã e seus derivados, de 17% para 4%, em linha com o que já foi concedido ao setor de olivicultura. Para o coordenador da Câmara, cachoeirense Jaceguay Barros, a mudança é essencial para fortalecer a competitividade do setor e atrair mais investimentos à cadeia produtiva.
Os dados também indicaram que, nos últimos cinco anos, cerca de 83% dos pomares foram implementados sem depender de crédito rural, mostrando a independência financeira de boa parte dos produtores na expansão da cultura. Contudo, segundo Antônio Borba, extensionista da Emater, o impacto das enchentes de maio afetou gravemente algumas propriedades, dificultando a coleta dos dados em algumas áreas. Mesmo com os desafios, a pesquisa foi finalizada em junho e representa uma ferramenta fundamental para o planejamento de políticas de apoio ao setor.
PRODUÇÃO DE NOZ-PECÃ EM CACHOEIRA DO SUL
Cachoeira do Sul tem se destacado como um dos principais polos de produção de noz-pecã no Estado. O município concentra diversas propriedades dedicadas ao cultivo da fruta, aproveitando o solo e o clima favoráveis para o desenvolvimento da pecanicultura. Estima-se que o município produza, em média, 700 toneladas de noz-pecã por safra, número que coloca Cachoeira do Sul entre os grandes produtores do Rio Grande do Sul.
Além disso, a região conta com indústrias de processamento que agregam valor à produção local, transformando a noz-pecã in natura em produtos de maior valor agregado, como farinhas, óleos e doces. Esse processamento, aliado à alta demanda do mercado nacional e internacional, tem impulsionado o desenvolvimento econômico do setor na cidade.
Cachoeira do Sul também se beneficia de uma infraestrutura agrícola e de programas de assistência técnica, como os oferecidos pela Emater/RS-Ascar, que ajudam a qualificar o cultivo e aprimorar a produtividade dos pomares. Esses fatores têm contribuído para que a cidade ganhe cada vez mais relevância na cadeia produtiva da noz-pecã no Brasil.
Atualmente, Cachoeira do Sul cultiva cerca de 1.200 hectares de noz-pecã. Essa área coloca o município entre os principais produtores de noz-pecã do Rio Grande do Sul, com uma produção crescente e foco tanto no mercado interno quanto em exportações. O cultivo continua em expansão, com investimentos locais em novas áreas e melhorias na infraestrutura de processamento e comercialização da fruta.