Um vídeo divulgado pelo presidente da União Central de Rizicultores (UCR), Ademar Kochenborger, repercute no setor arrozeiro pelo país. Com imagens de sua propriedade em Cachoeira do Sul, a gravação foi postada em redes sociais neste sábado (22). “Presidente, acorda. Se não, no ano que vem, não vai ter arroz, porque não temos mais como produzir”, alertou Kochenborger.
O presidente da UCR tem quatro décadas dentro da atividade rural. Segundo exaltou, a situação dos arrozeiros gaúchos, responsáveis por 82% da produção nacional do cereal, é “insustentável”. Kochenborger ainda criticou as medidas anunciadas pelo governo federal no Plano Safra 2019/2020.
Ao destacar que está na “Capital Nacional do Arroz”, o presidente da entidade enfatizou que seu desabafo é em função das dificuldades enfrentadas pelo setor. “Está aqui o maquinário todo sucateado. A lavoura de arroz usa muito maquinário. Nós temos um custo, hoje, de mais de R$ 9 mil por hectare. Mais de R$ 60 por saca de arroz. Estamos vendendo a R$ 41, R$ 42 e está caindo no mercado”, justificou sua reclamação.
No vídeo, Kochenborger dirige suas palavras ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e para a classe política em geral com pedido de apoio à cadeia produtiva. “Faço um apelo aos nossos políticos, ao nosso presidente, que nós ajudamos a eleger e demos a cara a tapa, porque nós, produtores aqui do Rio Grande do Sul, queríamos mudança”, disparou. “O governo passado quebrou com o nosso setor. Inclusive, demos tudo o que tínhamos e o que não tínhamos e hoje temos uma enorme dívida para pagar e sem esperança no futuro. Estamos totalmente inviabilizados”, lamentou o presidente da UCR.
Segundo o dirigente, o novo Plano Safra não contempla os produtores de arroz. “Infelizmente, é balela o que estão apresentando aí. Aval Solidário, dinheiro para cerealista construir silo. Que isso, Bolsonaro? O senhor não entendeu ainda. O senhor está muito mal assessorado”, externou.
Kochenborger afirmou no vídeo divulgado que os arrozeiros precisam de ações pontuais para ajudá-los a superar a crise. “Precisamos de medidas urgentes. Nós estamos numa situação de uma pessoa que está com câncer, que já fez radioterapia, quimioterapia e agora está nos aparelhos. Se desligar, morremos”, reclamou. “Falo em nome de colegas produtores de 143 municípios do Rio Grande do Sul, da Metade sul do estado, da região pobre, que estão em enorme dificuldade”, completou.
No fim da gravação, o presidente da UCR orientou Bolsonaro. “O senhor tem que rever isso aí. Se o senhor tem dúvidas, nos convide ou venha até aqui. Nós queremos mostrar a nossa situação, porque o senhor está sendo engambelado por certas pessoas e não está tendo a visão que o senhor tem que ter”, finalizou.