O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quinta-feira (25) pela descriminalização da posse de maconha para uso pessoal, em um julgamento histórico que reconfigura a abordagem jurídica do país em relação às drogas. Com a decisão, o porte de pequenas quantidades de maconha não será mais considerado crime, marcando uma mudança significativa na política de drogas do Brasil.
A descriminalização do porte de maconha foi decidida por uma maioria de 6 votos a 3. Os ministros que votaram a favor argumentaram que a criminalização da posse para uso pessoal viola princípios constitucionais, como o direito à privacidade e à autonomia individual. Segundo eles, a criminalização não tem se mostrado eficaz na redução do consumo e apenas contribui para a superlotação do sistema prisional e para a estigmatização de usuários.
O ministro Luís Roberto Barroso, um dos votos favoráveis, destacou que a medida é um passo importante na direção de políticas públicas mais humanizadas e eficazes. “A criminalização de usuários de drogas tem se mostrado uma estratégia falida, que não resolve o problema do tráfico e apenas agrava questões sociais”, afirmou Barroso.
IMPLICAÇÕES DA LIBERAÇÃO DA POSSE DE MACONHA
Com a decisão, o porte de até 25 gramas de maconha e o cultivo de até seis plantas para uso pessoal deixam de ser considerados crimes no Brasil. A regulamentação específica sobre a quantidade permitida será definida posteriormente, mas a expectativa é de que a decisão do STF incentive a criação de novas políticas públicas que enfoquem o tratamento e a educação ao invés da punição.
A decisão do STF gerou reações diversas entre especialistas, políticos e a sociedade civil. Grupos de defesa dos direitos humanos e especialistas em saúde pública celebraram liberação da posse de maconha como uma vitória significativa, que poderá reduzir os danos associados ao uso de drogas e melhorar a qualidade de vida de muitos brasileiros.
Por outro lado, setores conservadores e alguns segmentos da sociedade criticaram a decisão, argumentando que a descriminalização pode aumentar o consumo de drogas e enfraquecer o combate ao tráfico. A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) manifestou preocupação com a medida, afirmando que é necessário um debate mais aprofundado sobre suas implicações.