Em apoio à Polícia Civil do Ceará, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul participou da Operação Lucas 12, deflagrada na última semana para investigar os crimes de fraude eletrônica (estelionato), lavagem de dinheiro e organização criminosa, cujos investigados residem na Região Metropolitana de Porto Alegre, em sua maioria em Canoas. Com a participação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), foram cumpridas 37 ordens judiciais, sendo 19 mandados de busca e apreensão e 18 de prisão preventiva. Até o início da manhã, pelo menos nove pessoas já haviam sido capturadas.
As investigações tiveram início após uma servidora pública procurar a Delegacia Regional de Juazeiro do Norte, no Ceará, e noticiar que foi vítima do “golpe da portabilidade de empréstimo – compra de dívida”. O crime consiste na aquisição de novo empréstimo consignado sob o pretexto de quitação de empréstimos anteriores, sendo o valor do novo contrato transferido para a conta bancária dos criminosos, que bloquearam a vítima tão logo após receberam a transferência.
Assim que foi registrado o boletim de ocorrência, foram realizadas diligências para identificar os beneficiários dos valores. De início, foi observado que havia diversas empresas com o mesmo nome fantasia, porém, com CNPJs diferentes, registradas na Receita Federal do Brasil, cujas atividades seriam empréstimos financeiros e correspondência bancária.
Ao longo da operação, foi possível verificar a existência de uma organização criminosa hierarquizada voltada à prática de crimes de estelionato e lavagem de dinheiro que se utilizava de dados pessoais e registros bancários de servidores públicos para entrar em contato com as vítimas oferecendo propostas de quitação de dívidas, sempre com ofertas mais vantajosas em relação aos empréstimos consignados atuais, além de supostos reembolsos por empréstimos em andamento.
As investigações conseguiram comprovar ainda a relação dos integrantes com o tráfico de drogas.
Foi constatado, também, que dois dos investigados compraram, no final de 2022, um apartamento no valor de R$ 350 mil com pagamento em espécie. Ainda, no curso das apurações, se observou a movimentação de milhões de reais das contas dos suspeitos, havendo centenas de transferências para os alvos da operação, cujos valores movimentados são incompatíveis com a renda dos investigados.
Os policiais também identificaram os responsáveis pelas ligações telefônicas para as vítimas, bem como o possível local de onde partiam os telefonemas, ressaltando-se a utilização de modernas tecnologias, tais como centrais PABX virtuais, discadores automáticos e intensa utilização de VPN para mascarar a conexão, evidenciando que os criminosos possuem conhecimento em informática.
Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, foram também cumpridos mandados de indisponibilidade de bens e valores e bloqueio de contas bancárias. Os agentes também fizeram busca específica por oito veículos previamente identificados e que teriam sido adquiridos com o provento de crimes, notadamente uma Scânia e um Semireboque, comprados em abril de 2023, cujo somatório dos valores ultrapassa R$ 500 mil.