Pesquisadores descobrem substância natural com efeito semelhante ao glifosato

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Pesquisadores descobrem substância natural com efeito semelhante ao glifosato
RURAL
11 de agosto de 2020 - glifosato

Glifosato: herbicida é utilizado em larga escala nas lavouras / Foto: Divulgação

Pesquisadores da Universidade de Tübingen, na Alemanha, descobriram uma substância que existe na natureza e tem o mesmo efeito do herbicida glifosato. É uma molécula de glicose produzida por um determinado tipo de cianobactéria, também conhecida como alga verde-azulada.

O objetivo inicial do grupo de pesquisadores liderado por Klaus Brilisauer , Stephanie Grond e Karl Forchhammer era observar essas bactérias. A descoberta da molécula de glicose veio por acaso. A cianobactéria de água doce chamada Synechococcus elongatus tem um comportamento bastante egoísta. Ele libera “desoxisedoheptulose 7” (abreviado no estudo como “7dSh”) para inibir o crescimento de cepas concorrentes de bactérias. Isso é tão eficaz que os pesquisadores de Tübingen queriam saber o que estava por trás do processo.

Embora atue em uma enzima diferente, segue a mesma via metabólica, a chamada “via do ácido shiquímico”, explica Brilisauer. Portanto, o efeito é o mesmo. As plantas tratadas com essa molécula de glicose reduzem seu crescimento.

Por meio da “via do ácido shiquímico”, as plantas e os microrganismos produzem aminoácidos importantes para si próprios. E uma vez que esta forma de metabolização não existe nas formas superiores de vida, como o homem e os animais, “7dSh” não é perigoso para eles.

“Aplicamos altas doses da molécula em embriões de peixe-zebra sem efeitos negativos”, diz Brilisauer. Apesar disso, o “7dSh” ainda não pode ser utilizado, pois não foi testado fora do laboratório. Além disso, a licença para uso como herbicida não existe. “Já estamos em negociações com parceiros de cooperação”, diz Brilisauer.

O objetivo é que esses parceiros testem a nova substância. “Esperamos que tenha boa biodegradabilidade e baixa toxicidade ecológica”, confessa Brilisauer. Na prática, este pode ser o principal obstáculo da nova substância, pois caso se degrade muito rapidamente, não poderá exibir seu efeito herbicida.

Com informações de Leonardo Gottems – Agrolink