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O BOM FILHO A CASA RETORNA! – por Jeferson Selbach

Jeferson Selbach / Crédito: Reprodução

Jeferson Selbach / Crédito: Reprodução

 

por Jeferson Francisco Selbach*

A notícia da semana é a polêmica dos brasileiros que foram deportados dos Estados Unidos e alguns deles desembarcaram algemados. O voo estava programado para Belo Horizonte, mas por problemas técnicos aterrissou em Manaus.

Como não tem ponte de embarque coberta, todos desceram pelas escadas e pelo pátio do aeroporto, o que permitiu o registro das imagens. Coincidentemente, a imprensa estava toda aguardando para registrar o que julgaram como afronta aos direitos humanos dos brasileiros.

Abundam notícias distorcidas, de que com a posse do novo presidente Donald Trump os EUA começaram a deportar imigrantes. A verdade é que esses voos são comuns e vêm ocorrendo às dezenas por anos. Nos últimos dois anos – Biden e Lula – foram 32 voos com 3,6 mil deportados nas mesmíssimas condições, mas agora assumiu um caráter ideológico para explorar.

O voo gerou polêmica porque é preciso atacar Donald Trump de todas as formas possíveis. Irônico é que toda essa propaganda só ajuda ao novo presidente americano que quer justamente enviar esse recado ao mundo.

A migração é um fenômeno atemporal. Foi migrando que o ser humano ocupou todas as regiões do planeta desde os tempos imemoriais. O ditado Ubi bene, ibi patria é uma expressão em latim que traduz perfeitamente isso: onde se está bem, aí é a pátria.

É natural, portanto, buscar novas condições de vida em outros lugares, caso não se esteja feliz onde se está. Ninguém pode retirar do migrante essa iniciativa salutar em se ir atrás de seus sonhos.

Quantos não são os cachoeirenses que se mudaram e mudam para outros municípios, estados e até países? Tem até a página no Facebook Cachoeira do Sul pelo mundo, com 46,5 mil seguidores.

Ocorre que a maneira de se deixar o local de origem é quase sempre em condições econômicas pouco favoráveis, até porque quem está bem acaba se acomodando no local que está vivendo.

Exemplo é o frentista que juntou R$ 170 mil para entrar ilegalmente nos EUA, foi apanhado na travessia pela fronteira do México e ficou 8 meses preso em San Diego para ai então ser mandado de volta ao Brasil.

Já outro passageiro vivia ilegalmente há 35 anos nos EUA, mas foi deportado depois de cumprir pena por condenação criminal de lavagem de dinheiro em Wisconsin, cometido enquanto estava em liberdade condicional por outro delito na Califórnia.

Por enquanto os voos trazem aqueles que cometeram ilegalidades e foram sentenciados a reclusão e posterior expulsão do país. O que vai começar a ocorrer com maior frequência é a deportação de quem somente entrou e permaneceu ilegalmente no país sem cometer outros delitos.

O presidente esquerdista da Colômbia barrou um destes voos, mas teve que recuar depois de anunciadas medidas de taxação do comércio com os EUA e cancelamento de vistos dos governantes.

O governo populista de esquerda do Brasil pode seguir caminho parecido, se dizer afrontado, mas depois ceder.

No episódio do voo já deu mostra de como vai ser o teatro, ao exigir a retirada imediata das algemas, até mesmo porque já estavam em solo nacional, e disponibilizar voo da FAB até o destino final, com direito a recepção pela ministra dos direitos humanos.

O (nem tanto) bom filho à casa retorna!

Para encerrar: postagem de @RubinhoNunes no “X”, (ex-Twitter), Lula falou que o povo ia andar de avião. Só não contou que era deportado e algemado.

 

*Sociólogo, Doutor em História e Professor Titular da Universidade Federal do Pampa
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