20 de fevereiro de 2023 - cacauzinho

Nas décadas de 80 e 90 , o Bar do Moba localizado na Rua Sete de Setembro, no centro de Cachoeira do Sul, era o ponto de encontro da galera. Ficava entre a Casa Augusto Wilhelm e a joalheria Schenkel, uma quadra que tinha ainda o João Willig, uma loja de eletrodomésticos. O dono, um senhor de quase um metro e oitenta, atendia a todos sempre sorrindo e era sempre  saudado pelos clientes, que lá chegavam em busca de um chope.

Só que não era um simples chope. Era o chope do Moba. Servido com cuidado, com colarinho, bem gelado e fazia a alegria de que era cliente assíduo do bar. Ainda tinha os petiscos, também especiais. A concentração acontecia nos finais de tarde e aos sábados pela manhã. A maioria dos clientes era funcionários de bancos. Em meio às conversas em tom elevado e risadas, lá pelas tantas se ouvia o Moba gritar:

– Vai mais um.

E a turma levantava a mão sinalizando positivo, ou seja, mais um chope.

No meio da euforia, às vezes, um malandro se levantava, gesticulava e, de repente, ia em direção à porta de saída, mas neste movimento, se ouvia o Moba gritar:

– Ei, não vai esquecer de mim.

Era o Moba de olho na freguesia. Nada escapava do seu controle. Sempre depois do aviso, o malandro voltava e se dirigia ao balcão para pagar a conta. Nestes casos sempre vinha uma justificativa:

-Bah, eu ia ali na rua conversar com amigo.

E o Moba, com toda a calma, respondia:

-Sim, mas me avisa quando isto acontecer de novo.

Tudo ficava bem. A turma frequentadora do Bar do Moba era educada e o ambiente ganhava tons de família. Durante o Carnaval de Rua, que na época acontecia na Rua Sete de Setembro, o Bar do Moba tornava-se um “point”. Afinal de contas, era só pegar um chopinho no balcão e ficar na calçada curtindo a folia, mas tudo sob o olhar atento do Moba.

O Bar do Moba faz parte da história dos estabelecimentos que marcaram época na cidade. Não lembro, quando se deu o fechamento, mas era um local de gente conhecida e que tinha um proprietário que sabia conquistar a clientela. Este detalhe, lamentavelmente, em alguns estabelecimentos  hoje não existe. Atualmente – não são todos – a gente se depara com o “toma lá dá cá”. Parece que falta empatia, aliás, esta era marca registrada do Bar do Moba.