Crédito: Associação Brasileira de Nozes e Castanhas
Um salto nas exportações de noz-pecã está movimentando o Rio Grande do Sul, estado responsável por 70% da produção brasileira do fruto. Em Cachoeira do Sul, o maior polo produtor gaúcho e do país, as vendas externas chegaram a 175 toneladas no período de janeiro a outubro deste ano, conforme números do setor. Em valores atuais, o crescimento passou de US$ 88 mil (R$ 472 mil) para US$1,6 milhão (R$ 8,6 milhões).
Do total, 95% foram comercializados pela Divinut, especializada no beneficiamento de noz-pecã e na produção de mudas. Em 2021, a empresa enviou oito toneladas do fruto beneficiado para Israel. Este ano, as vendas foram ampliadas para países da Europa e Oriente Médio, somando 200 toneladas até o final de dezembro, o que representa um aumento de 2500%.
Para 2023, a expectativa da empresa é multiplicar a quantidade exportada, expandindo as vendas para novos mercados na Ásia e América do Norte. Edson Ortiz, diretor da Divinut e Presidente do Conselho Estratégico de Pesquisa da Associação Brasileira de Nozes, Castanha e Frutas Secas (ABNC), anuncia para dezembro o embarque de um novo carregamento rumo à Espanha.
“Iniciamos as exportações com as transações via trading e hoje fazemos de forma direta. Vamos fechar 2022 somando 2 milhões de dólares em vendas para outros países” – diretor da Divinut, Edson Ortiz
Há 22 anos no mercado, a Divinut possui o maior viveiro de mudas com raízes embaladas do mundo, com 400 mil mudas em área coberta, e só exporta nozes beneficiadas. A empresa conta hoje com quatro mil produtores parceiros em 600 municípios no Sul do Brasil, sendo a sua grande maioria da agricultura familiar. Os bons resultados levaram à ampliação da área industrial da empresa, que passará dos atuais 750 m² para 2,1 mil m². “Vamos aumentar de cinco para 30 toneladas/dia a capacidade instalada de processamento de noz-pecã. Estamos trabalhando para que tudo esteja pronto até março de 2023”, revela o empresário.
A nova planta de descascamento de nozes-pecã terá a maior capacidade instalada do Hemisfério Sul, com oito descascadores industriais, sete seletoras eletrônicas, três guichês de recepção e um novo terminal de expedição de containers. Tudo com automação de controles nos pontos de variação térmica e rastreabilidade codificada.
Além disso, balanças de fluxo integram e automatizam o controle de informações de lotes, desde o campo até a expedição. O sistema possui certificado de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC). “Já iniciamos o processo de preparação para a certificação internacional de segurança de alimentos, a FSSC 22000. Estamos buscando a noz-pecã 4.0”, conta Ortiz . Os investimentos somam R$ 4 milhões, sendo parte de capital próprio e a outra obtida através de financiamentos.
Cachoeira do Sul: Capital da Noz-Pecã
Depois de ter se destacado no cenário nacional como referência no cultivo do arroz, e detentora do título de Capital Nacional do grão, Cachoeira do Sul é reconhecida como a Capital Sul-americana da Noz-pecã. Possui a maior área plantada da América do Sul, com 1,2 mil hectares cultivados, e é sede das duas maiores processadoras que, juntas, descascam cerca de 70 % do que é descascado no Brasil – uma delas, a Divinut. Em valores, as exportações de noz-pecã aqui em Cachoeira superam o arroz. Até outubro, a maior beneficiadora do cereal embarcou 2.791 toneladas de arroz beneficiado, quantidade igual às vendas de 2021, totalizando US$ 1,2 milhões (R$ 6,8 milhões). Enquanto a tonelada do arroz foi exportada por US$ 454 (R$ 2,4 mil), a noz-pecã rendeu cerca de US$ 10 mil (R$ 53,7 mil). Em todo o Rio Grande do Sul, os pomares somam 6,6 mil hectares plantados, seg undo dados da Emater.
No Brasil, quarto maior produtor mundial de noz-pecã, o fruto deixou de ser um produto natalino passando a fazer parte da alimentação do dia a dia pela praticidade, qualidade nutritiva e sabor. A noz-pecã é considerada um alimento saudável, rico em antioxidantes e fonte de ômega 3, vitamina E e Zinco, entre outros benefícios. Em todo o mundo, o consumo de castanhas, nozes e frutas secas aumenta, em média, 6% ao ano, de acordo com a International Nut Council (INC).