Na última Copa do Mundo, o canal Fox Sports 2 ousou pelo pioneirismo de trazer um elenco completamente feminino para cobrir os jogos, mostrando que lugar de mulher também é no futebol. Mas não só.
As mulheres vêm conquistando cada vez mais espaços na sociedade e entrando em profissões antes restritas ao sexo masculino. Claro que eles ainda dominam em diversas áreas, como a esportiva, de construção, engenharia, política e tecnologia, por exemplo. Mas a tendência atual é animadora para o gênero feminino. Por exemplo, de acordo com a Força Aérea Brasileira, apenas 15% dos efetivos militares hoje são mulheres, entretanto sua participação aumentou em 277% desde 2003 – um número considerável.
Esse processo de entrada das mulheres em campos que antes eram exclusivos à força de trabalho masculina é chamado de “feminização”. É uma tendência atual de debates e estudos envolvendo a evolução e a inserção feminina no mercado de trabalho. Esta inclusive vem aumentando a cada ano, mesmo com a dificuldade atual de encontrar emprego. Segundo dados do IBGE, desde 2001 houve um crescimento de quase 3 milhões na quantidade de mulheres com alguma ocupação.
Entretanto os postos de trabalho são ocupados mais da sua metade por homens, e eles ainda têm uma renda 30% maior, em média.
Ainda assim, o quadro da participação feminina é otimista tendo em vista que elas começaram a ser mais inseridas apenas a partir das mobilizações que ocorreram em 68 no cenário internacional. Anteriormente, elas eram mais inseridas em atividades domésticas e serviços como costura, faxina e em fábricas.
A feminização de profissões que sempre foram associadas aos homens foi possibilitada mais pela entrada em peso das mulheres nas universidades durante os anos 1970. Além disso, seus interesses e sonhos se expandiram além do de casar, gerir e cuidar de uma família. Entretanto, uma conquista maior de direitos só se deu mesmo em 1988, quando foi instituída na Constituição a igualdade legal entre os gêneros.
Um exemplo clássico de profissão dominada por membros do gênero masculino em que as mulheres estão causando um grande impacto são as modalidades esportivas. Especialmente em algumas como o poker, que sempre foi relacionado a homens. Este cenário está se transformando devido à inserção, mesmo que tímida, de grandes nomes femininos no poker mundial e com o surgimento torneios voltados à elas. Uma dessas estrelas conhecida mundialmente é Celina Lin, membro do time profissional da Poker Stars e vencedora de várias competições ao vivo como o Asia Championship of Poker e o Macau Poker Cup.
Ainda falando em esportes, como mencionado no início do texto, um grupo de três mulheres realizou a transmissão dos jogos da Rússia em 2018 por iniciativa inédita do canal de TV paga Fox Sports 2. Vanessa Riche, Isabelly Morais e a goleira Bárbara Barbosa foram responsáveis por narrar e comentar as disputas futebolísticas em um mar de coberturas dominadas por homens.
Isabelly, inclusive, foi a primeira e mais jovem mulher a narrar uma partida de futebol na história da TV brasileira. E tudo isso apenas como “estagiária”, já que ela cursa o penúltimo ano da faculdade de Jornalismo da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais).
Agora partindo um pouco para o universo da construção, é preciso assumir que é raro ver alguma mulher em obras de construção civil. Seja no comando, ou mais difícil ainda, na execução de uma, especialmente pelo fato de ser um trabalho tido como “pesado”, que envolve muita carga e força física.
Entretanto, a mineira Paloma Cipriano prova que o “sexo frágil” aguenta sim até bater uma laje! A estudante de publicidade ganhou destaque a partir de vídeos no YouTube em que mostra seu hobbie: atuar como pedreira. Seu canal, atualmente com mais de 428 mil inscritos, traz tutoriais e dicas de como reformar a casa, mostrando desde como rebocar parede até como produzir o revestimento da casa.
Estes são apenas alguns exemplos de mulheres inseridas em ocupações tradicionalmente tidas como “de homem”. Isso só aumentará: dados mostram que a participação feminina em cursos como mecânica e de automotiva aumentou 27% e 525% respectivamente em 6 anos, de acordo com o penúltimo Censo da Educação de Superior do INEP.
Ainda assim, elas são minoria nas salas de aula das universidades, exceções em meio a um mar de homens. Por isso que é importante o conhecimento e a disseminação de informação e da ideia de que elas podem ser e fazer o que quiserem, basta força de vontade e determinação.