Morreu na última sexta-feira (19), aos 75 anos, o pesquisador Gilberto Orivaldo Chierice, que ficou conhecido em todo o país por ter desenvolvido a fosfoetanolamina sintética, popularmente conhecida como a pílula do câncer. Chierice, que era professor aposentado do Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, estava internado num hospital de São José do Rio Preto (SP) e a causa da morte não foi divulgada.
Chierice fabricou e distribuiu durante 20 anos a fosfoetanolamina, conhecida como “pílula do câncer”, em seu laboratório no Instituto de Química de São Carlos. Sem testes clínicos que comprovassem sua eficácia, a droga, sintetizada a partir da monoetanolamina e ácido fosfórico, ganhou fama como eficaz contra vários tipos de câncer. Ele chegou a distribuir 50 mil cápsulas por mês, até que, em 2016, notificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a USP suspendeu a produção e distribuição das cápsulas.
JUSTIÇA DE CACHOEIRA DO SUL
A medida desencadeou uma corrida de pacientes e familiares à Justiça, obtendo liminares para que o fornecimento da fosfoetanolamina fosse continuado. A Vara da Fazenda Pública da Comarca de Cachoeira do Sul foi pioneira no país ao proferir as primeiras sentenças que passaram a obrigar a USP São Carlos a fornecer a pílula a pacientes de câncer em fase terminal, entre os anos de 2015 e 2016.
Na época, o então deputado estadual (hoje federal) cachoeirense Marlon Santos (PDT) trouxe Chierice ao Rio Grande do Sul em busca de apoio para que fosse fomentada a pesquisa em torno do medicamento. Em maio do mesmo ano, por 6 votos a 4, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu uma lei sancionada pela ex-presidente Dilma Rousseff e decisões judiciais que obrigavam o governo a fornecer a substância.