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MORRE BERENICE AZAMBUJA

Morre Berenice Azambuja: artista faleceu na noite desta quinta-feira, em Passo Fundo / Foto: Divulgação

O Rio Grande do Sul está de luto. Muito antes de sequer alguém cogitar a existência do termo “empoderamento feminino”, Berenice Azambuja já dava o recado para a gauchada de que “lugar de mulher é, de fato, onde ela quiser”. Pois a voz forte e incisiva da gaiteira mais querida entre os gaúchos se calou no começo da noite desta quinta-feira (3), aos 69 anos.

A artista lutava contra um câncer no pâncreas e morreu vítima de uma parada cardíaca no Hospital São Vicente de Paulo. “Ela lutou até não aguentar mais”, lamentou a amiga Ana Paula Bolsonelo Costa ao jornalista Giovani Grizotti.

Recentemente, Berenice Azambuja havia dado alta do Hospital de Tapejara, curada da covid-19, tocando gaita, em uma cadeira de rodas. Com 17 discos gravados, dos quais três de ouro, Berenice é autora de “É disso que o velho gosta”, um vaneirão que fez tanto sucesso Brasil afora que foi gravado por artistas renomados, como a dupla Chitãozinho & Xororó. A gaiteira deixa o filho Rodrigo.

Em 2018, participou do reality “Desafio Farroupilha” e esteve no quadro Ding Dong, do “Domingão do Faustão”, com o Gaúcho da Fronteira. O velório deve ser em Vila Lângaro, com enterro previsto para as 17h desta sexta-feira.

QUEM FOI BERENICE AZAMBUJA

Berenice Azambuja nasceu em 21 de março de 1952 no bairro Partenon em Porto Alegre, filha de Pedro Paulo de Azambuja e Ernestina da Conceição Azambuja. Cresceu no meio artístico (o pai era violinista e a mãe artista circense) e com uma tia próxima aprendeu a tocar acordeão ainda criança. Aos 7 anos ganhou sua primeira acordeona e entrou no conservatório de música, se formando aos 11 anos em teoria e solfejo. Foi aos 11 anos de idade que se apresentou no programa infantil “Clube do Guri”, acompanhando no acordeão a cantora Elis Regina, na época também criança. Com 12 anos se formou em acordeão, com 14 fez curso de aperfeiçoamento e, aos 15, curso superior de música. Quando ia entrar para o curso de maestrina parou devido as viagens junto com os conjuntos de baile, onde se apresentava como menina prodígio que cantava e tocava.

Foi na sua juventude que ela adotou o chiripá, típico traje masculino gaúcho, para se apresentar. Usar vestido de prenda dificultava os movimentos com o acordeão, além de que esta era desconfortável, com sua saia de armação e exigindo o uso de salto alto. Assim, a mãe de Berenice fez um chiripá para mulher, onde os bordados eram voltados para a frente em vez de para trás, como é no chiripá masculino tradicional, parecendo uma sainha. Atualmente a peça adaptada é amplamente difundida entre as mulheres que frequentam o meio tradicionalista, assim como outros elementos que foram estilizados para atenderem ao público feminino, como a bombacha, o cinto e o lenço.

Além de tocar em conjuntos de música regionalista Berenice durante um tempo participou de um grupo de jovem guarda chamado As Brasas, As Carecas, junto com a cantora Yoli Planagumá. Esse grupo era formado só por mulheres jovens e todas as integrantes, excetuando ela, haviam raspado a cabeça. Durante a apresentação elas usavam perucas e no ponto alto da apresentação rapazes da platéia eram chamados para tirar as perucas exibindo assim as carecas das cantoras. Berenice encerrava o show com o seu acordeão vestida de gaúcho.

Em 1975 aos 23 anos grava Fogo de Chão, seu primeiro disco acompanhada do grupo Os Açorianos. Durante a mixagem desse ela assinou o contrato com a gravadora Continental para gravar o primeiro disco solo, Gauchinha Faceira, em 1976. Em 1980 lança o disco Romance de Terra e Pampa com o seu grande sucesso “É disto que o velho gosta”, composta junto com Gildo Campos em homenagem ao seu pai. Esse sucesso foi um marco em sua carreira, projetando ela nacionalmente. A música foi regravada em 1985, por Sérgio Reis, e em 1996, por Chitãozinho & Xororó.

DISCOS:
1975 – Fogo de Chão (com o grupo Os Açorianos)
1976 – Gaúchinha Faceira – Continental
1978 – É o Sucesso – Continental
1979 – Canto Para Mil Querências – Continental
1980 – Romance de Terra e Pampa – Continental
1981 – Tropeada da Vida – Continental
1983 – Canto da Terra – Continental
1984 – Berenice Azambuja – Vol. 8 – Continental
1986 – Xote Largado – Continental
1989 – No Jeitinho Brasileiro – Chantecler
1992 – Berenice Azambuja
1995 – Um Pedaço do Meu Pago – ACIT
1998 – Chimarrão e Água de Côco – ACIT
1999 – Mulher Quartuda – ACIT
2003 – Quem Tá Mandando é a Mulherada – USA Discos
2008 – Dançando Num Saravá – USA Discos

 

CONFIRA O SUCESSO “É DISSO QUE O VELHO GOSTA”, DE BERENICE AZAMBUJA:

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