A Câmara Municipal de Vereadores aprovou sete projetos, incluindo a campanha Maio Sem Dor para conscientização sobre Fibromialgia.
Confira:
PLO Nº 23/2023: Institui no Município de Cachoeira do Sul o “Maio Sem Dor – Mês de Conscientização Sobre a Fibromialgia” e a “Semana de Conscientização Sobre a Fibromialgia” no mês de maio e na semana que incluir o dia 12 de maio, respectivamente. Autor: Vereador Antonio da Saúde.
O que é Fibromialgia?
Segundo a Sociedade Brasileira de Reumatologia, a fibromialgia é uma síndrome clínica caracterizada pela presença de dor generalizada em todo o corpo, especialmente na musculatura. Acompanhada da dor, a fibromialgia causa sintomas como fadiga, sono não reparador e outras manifestações, incluindo alterações de memória e atenção, ansiedade, depressão e problemas intestinais. Um traço característico das pessoas com fibromialgia é a sensibilidade aumentada ao toque e à pressão na musculatura, seja por parte do examinador ou de outras pessoas.
Essa condição é bastante comum, afetando pelo menos 5% dos pacientes que procuram um consultório de Clínica Médica e entre 10% e 15% dos que buscam um consultório de Reumatologia.
A fibromialgia é mais frequente em mulheres, sendo que de cada 10 pacientes diagnosticados, sete a nove são do sexo feminino. A razão para essa predominância ainda não é conhecida e não parece haver uma relação direta com hormônios, pois a fibromialgia afeta as mulheres tanto antes quanto depois da menopausa. Uma possível explicação é que os critérios atuais de diagnóstico da fibromialgia tendem a incluir mais mulheres. Geralmente, a doença se manifesta entre os 30 e 60 anos de idade, mas também pode ocorrer em pessoas mais velhas, além de crianças e adolescentes.
O diagnóstico da fibromialgia é clínico, ou seja, não são necessários exames específicos para confirmar sua presença. Um médico experiente pode estabelecer o diagnóstico com base em uma entrevista clínica detalhada, descartando outras possíveis condições.
Na área da Reumatologia, são comumente utilizados critérios diagnósticos para determinar se o paciente tem uma doença reumática ou outra condição. Isso é particularmente importante em pesquisas, a fim de garantir que todos os pacientes tenham o mesmo diagnóstico. Frequentemente, esses critérios também são utilizados na prática médica.
Os critérios de diagnóstico da fibromialgia são os seguintes:
a) Presença de dor por mais de três meses em todo o corpo;
b) Presença de pontos dolorosos na musculatura (11 pontos de 18 pré-estabelecidos).
Vale ressaltar que, muitas vezes, mesmo que o paciente não apresente todos os pontos dolorosos, o diagnóstico de fibromialgia é feito e o tratamento é iniciado.
Esses critérios são alvo de críticas, uma vez que, quanto mais pontos são exigidos, menos homens e mais mulheres recebem o diagnóstico. Além disso, esses critérios não avaliam sintomas importantes da fibromialgia, como alterações do sono e fadiga.
Embora não existam exames específicos para confirmar a fibromialgia, é possível que o médico solicite alguns exames de sangue para descartar outras condições que possam imitar essa síndrome. No entanto, o diagnóstico da fibromialgia é essencialmente clínico.
Sintomas
O principal sintoma da fibromialgia é a dor difusa no corpo. Geralmente, o paciente tem dificuldade em determinar quando a dor começou, se ela começou de forma localizada e se generalizou ou se já começou afetando todo o corpo. A dor é sentida nos ossos, na musculatura ou ao redor das articulações.
Há uma maior sensibilidade ao toque, muitos pacientes não toleram ser agarrados ou abraçados. Não ocorre inchaço nas articulações, pois não há inflamação nelas. A sensação de inchaço pode surgir devido à contração da musculatura em resposta à dor.
A alteração do sono é comum na fibromialgia, afetando quase 95% dos pacientes. No início dos anos 80, descobriu-se que os pacientes com fibromialgia apresentam um defeito característico do sono: dificuldade em atingir um sono profundo. O sono tende a ser superficial e/ou fragmentado.
Quando o sono profundo é interrompido, a qualidade do sono é comprometida, e a pessoa acorda cansada, mesmo tendo dormido por um longo período. Expressões como “acordo mais cansada do que quando deitei” ou “sinto como se um caminhão tivesse passado por cima de mim” são frequentemente usadas pelos pacientes. Essa má qualidade do sono aumenta a fadiga, a tensão muscular e a dor.
Outros problemas de sono afetam os pacientes com fibromialgia. Alguns relatam grande desconforto nas pernas ao deitar na cama, necessitando esticá-las, movimentá-las ou andar para aliviar esse desconforto. Esse problema é conhecido como Síndrome das Pernas Inquietas e possui tratamento específico. Outros apresentam a Síndrome da Apneia do Sono, que causa interrupções na respiração durante a noite. Isso também afeta a qualidade do sono e pode levar a sonolência excessiva durante o dia.
A fadiga é outro sintoma comum na fibromialgia e vai além da fadiga causada apenas pelo sono não reparador. Os pacientes apresentam baixa tolerância ao exercício, o que é um desafio significativo, uma vez que a atividade física é um dos principais tratamentos para a fibromialgia.
A depressão está presente em 50% dos pacientes com fibromialgia. Isso significa que a depressão é comum nesses pacientes, mas nem todos os pacientes com fibromialgia sofrem de depressão. Por muito tempo, acredita-se que a fibromialgia fosse uma forma “mascarada” de depressão. No entanto, hoje sabemos que a dor da fibromialgia é real, e não devemos interpretar os pacientes como se estivessem “somatizando” ou expressando um problema psicológico através da dor.
No entanto, a depressão não pode ser ignorada ao avaliar um paciente com fibromialgia. A depressão, por si só, piora o sono, aumenta a fadiga, reduz a motivação para o exercício e aumenta a sensibilidade do corpo à dor. Se a depressão estiver presente, deve ser identificada e devidamente tratada.
Pacientes com fibromialgia frequentemente relatam alterações de memória e atenção, que estão mais relacionadas à dor crônica do que a uma lesão cerebral grave. Para o corpo, a dor é sempre um sintoma importante, e o cérebro gasta energia para lidar com essa dor, o que pode prejudicar outras funções cognitivas, como memória e atenção.
Como veremos a seguir, acredita-se que a principal causa da dor difusa em pacientes com fibromialgia seja a maior sensibilidade do paciente à dor devido à ativação do sistema nervoso central. Não é surpreendente, portanto, que outros estímulos também sejam amplificados e causem desconforto nos pacientes. Por exemplo, a síndrome do intestino irritável, que afeta quase 60% dos pacientes com fibromialgia, é caracterizada por dor abdominal e alterações no ritmo intestinal. Além disso, os pacientes apresentam bexiga mais sensível, sensações de dormência nas mãos e nos pés, dores de cabeça frequentes e maior sensibilidade a estímulos ambientais, como cheiros fortes e ruídos altos.
Causas da fibromialgia
A causa exata da fibromialgia ainda é desconhecida, mas algumas evidências apontam para uma sensibilidade aumentada à dor nas pessoas afetadas. Estudos recentes mostram que os pacientes com fibromialgia apresentam uma sensibilidade maior à dor do que aqueles sem a condição. Em outras palavras, o cérebro das pessoas com fibromialgia parece ter um “termostato” ou um “botão de volume” desregulado, que amplifica o sistema nervoso, intensificando a sensação de dor. Nervos, medula e cérebro agem de forma a aumentar a intensidade de qualquer estímulo doloroso.
A fibromialgia pode surgir após eventos graves na vida de uma pessoa, como trauma físico, emocional ou até mesmo uma infecção severa. Geralmente, o quadro começa com dor crônica localizada que se espalha pelo corpo. A razão pela qual algumas pessoas desenvolvem fibromialgia e outras não ainda é desconhecida.
O que não se discute mais é se a dor relatada pelos pacientes é real ou não. Com técnicas de pesquisa que permitem observar o cérebro em funcionamento em tempo real, descobriu-se que os pacientes com fibromialgia realmente sentem a dor que descrevem. No entanto, é uma dor diferente, pois não há lesões periféricas no corpo, e mesmo assim a pessoa sente dor. Toda dor é um alarme de incêndio no corpo, indicando onde devemos ir para apagar o fogo. Na fibromialgia, é diferente, pois não há incêndio algum; o alarme dispara sem necessidade e precisa ser “reajustado”.
Esse melhor entendimento da fibromialgia indica que muitos sintomas, como alterações do sono e do humor, antes considerados causas da dor, são, na verdade, consequências da dor crônica e da ativação de um sistema de estresse crônico. No entanto, mesmo não sendo causadores, esses problemas agravam a dor dos pacientes com fibromialgia e devem ser considerados no tratamento adequado.
Outros projetos aprovados
PLO Nº 50/2023: Autoriza o Poder Executivo a Conceder Subvenção de R$ 60.000 ao CTG Lanceiros do Sul. Autor: Poder Executivo Municipal.
PLO Nº 51/2023: Altera a redação da Lei Municipal n° 4.724, de 28 de fevereiro de 2021. Essa alteração é necessária para prorrogar os contratos da Coordenadora e da Mobilizadora do Programa de Promoção do Acesso ao Mundo do Trabalho (Acessuas Trabalho), que visa o acesso ao trabalho para famílias usuárias de política de assistência social. Autor: Poder Executivo Municipal.
Projeto de Resolução – Alteração do Regimento Interno Nº 2/2023: Altera o Regimento Interno da Câmara, criando a Comissão Permanente de Ética e implementando outras providências. Autor: Mesa Diretora.
Projeto de Resolução – Alteração do Regimento Interno Nº 2/2023: Altera a tramitação de Projetos pela Comissão de Justiça e Redação, incluindo a Emenda Substitutiva Nº4/2023, de autoria do vereador Luis Paixão. Autor: Vereador Antonio da Saúde.
Projeto de Resolução – Alteração do Regimento Interno Nº 3/2023: Inclui e altera dispositivos que tratam das Emendas Impositivas. Autor: Vereador Antonio da Saúde.
Projeto de Decreto Legislativo Nº 4/2023: Aprova as Contas de Gestão do Poder Executivo referentes ao ano de 2015, do ex-Prefeito Luis Neiron Teixeira Viegas e da ex-Vice Prefeita Mariana Silva Carlos. Autor: Comissão de Finanças e Orçamento.