Liga Feminina: Marcia Tischler recebe Troféu Mulher Cidadã

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Liga Feminina: Marcia Tischler recebe Troféu Mulher Cidadã
POLÍTICA
10 de março de 2022 - 275569530_2490343144432174_304923620059539783_n

Crédito: AL/RS

Depois de um ano sem realizar a sessão solene alusiva ao Dia Internacional da Mulher de forma presencial devido à pandemia, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul retomou o evento nesta quarta-feira, com a entrega do Troféu Mulher Cidadã de 2021 e 2022. Na categoria Saúde da Mulher, a deputada Zilá Breitenbach indicou a presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Cachoeira do Sul, Marcia Tischler. Conforme ressaltou a parlamentar, a homenageada tem “30 anos de dedicação na missão de cuidar de quem mais precisa, daqueles que chegam muitas vezes desanimados e com dor em busca de ajuda, e são recebidos pelas voluntárias da Liga de forma humana, com amor, e são encorajados a enfrentar o tratamento com fé”.

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“Sempre reforço que minha meta a frente do PSDB Mulher é visibilizar as mulheres, que muitas vezes ficam anônimas apesar de fazerem ações que fazem a diferença em suas comunidades. O Troféu Mulher Cidadã apresenta aos gaúchos o trabalho de resultado de mulheres que trabalham em áreas diversas do nosso Estado, e que merecem esta homenagem. Parabéns Márcia e a todas as voluntárias da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Cachoeira do Sul” – deputada Zilá Breitenbach

Evento

Primeira a usar a tribuna, Sofia Cavedon (PT) traçou um paralelo entre a trajetória de Salete Corolla, militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e homenageada pela bancada petista com o Troféu Mulher Cidadã, e a luta das mulheres nas mais diversas áreas. Cada dificuldade enfrentada pela camponesa no decorrer de sua vida foi associada a uma etapa da marcha da mulheres pela superação da desigualdade e construção da existência com mais dignidade. Foi assim quando relacionou a interrupção do curso de Direito pela agricultura com “as jovens cientistas inviabilizadas que perderam as bolsas por conta de cortes de recursos pelo governo federal” ou quando associou às ocupações das quais ela participou com o “cumprimento da função social da terra, definida pela Constituição Federal”.

Em nome do MDB, a Patrícia Alba falou sobre a atuação das duas homenageadas por sua bancada: Irmã Adelaide, pelo trabalho desenvolvido na área da saúde na Região dos Campos de Cima da Serra, e a ex-deputada Maria Helena Sartori em função do legado na defesa dos direitos e no combate à violência contra a mulher. “Cada uma em sua área e com seu jeito próprio, as mulheres ocupam espaços, promovem transformações que beneficiam toda a sociedade e buscam novas oportunidades”, frisou.

Já Kelly Moraes (PTB) ressaltou o trabalho unificado em prol da comunidade gaúcha desenvolvido pelas nove deputadas que integram o parlamento gaúcho. “Estamos num processo em que homens e mulheres precisam contribuir para que possamos avançar. E muitas vezes ainda precisamos lembrar que estamos aqui presentes”, apontou ao criticar os processos de invisibilização das mulheres. Kelly falou também sobre o trabalho realizado pela homenageada da bancada do PTB: a advogada e secretária de Direitos Humanos do município de Imbé, Daiana Gonzalez Esquici Godoy, que atua no combate à violência doméstica e no apoio às mulheres com câncer de mama. Daiane é uma das fundadoras da Comissão das Mulheres Advogadas de Tramandaí, que presta serviço voluntário em áreas vulneráveis, e idealizadora do Projeto Uma máscara por Um Quilo de Alimento.

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Juliana Brizola (PDT) assegurou que o dia Internacional da Mulher é uma data de luta. Ela garantiu que, para a mulher, a política também é um ambiente hostil. “Quem de nós nunca sofreu com preconceito, machismo, ofensas, boicotes e agressões dos mais diversos tipos. Nós somos maioria da sociedade, mas dentro das casas legislativas essa realidade não se reflete”, analisou. Juliana citou o mapa de mulheres na política de 2020, elaborada pelo ONU e pela União Interparlamentar, que mostra a realidade atual. “As mulheres são 52% do eleitorado brasileiro, tem 50% dos filiados a agremiações partidárias e detém apenas 15% dos cargos”, destacou. A deputada exemplificou o exemplo do machismo nas casas legislativas, com a demora (sete anos) para aprovação de dois projetos de lei de sua autoria que tratam das salas de apoio a amamentação. “Certamente se tivéssemos mais mulheres na política o projeto teria sido aprovado com mais agilidade”, declarou. A ausência da mulher nas mais diversas áreas também foi salientada pela deputada Juliana Brizola. Por fim, a parlamentar mencionou as duas homenageadas pela bancada do PDT, que “romperam barreiras e são referências em suas áreas de atuação”: A presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Nadine Oliveira Clausell e a professora, vereadora e presidente da Câmara Municipal de Campo Bom, Gênifer Engers.

Zilá Breitenbach (PSDB) afirmou que o evento da Assembleia Legislativa representa o trabalho das mulheres em todo o estado do Rio Grande do Sul. Para ela, as homenageadas pelo parlamento têm um trabalho de resultados e de solidariedade. “Tenho certeza que todas as mulheres que aqui estão têm a sua história, o seu trabalho ímpar, no cotidiano”, sublinhou. A parlamentar falou que a data comemorativa ao Dia Internacional da Mulher deve servir para transformar discurso em ação e para reforçar o papel feminino na sociedade e, ainda, elaborar uma agenda de valorização das mulheres. “Vamos construir juntas, não só espaços de poder, mas também espaços comunitários”, disse.

Franciane Bayer (PSB) certificou que as homenageadas representam todas as mulheres gaúchas. Para ela, o Dia Internacional da Mulher tem aspectos a serem comemorados e outros não. “Temos que comemorar as conquistas obtidas ao longo dos anos. Antes dos anos 1970 não existiam políticas públicas para garantir direitos das mulheres, ou melhor, nós mulheres nem possuímos direitos. Mas não podemos apenas comemorar, ainda precisamos nos indignar com a violência física, que só em nosso país mutila centenas de mulheres todos os dias”, constatou. A deputada disse também que a sociedade brasileira precisa atacar a violência sexual que mata a infância e inocência de crianças e adolescentes. Franciane contestou a fala do deputado de São Paulo, a respeito das mulheres ucranianas “São fáceis porque são pobres”. “Não, mulher nenhuma é fácil porque é pobre ou rica, ou branca, ou preta, ou instruída ou não. Mulheres nascem em situação de vulnerabilidade, são deixadas ou levadas para a vulnerabilidade e isso não as torna mais ou menos fáceis. Isso mostra como ainda precisamos trabalhar para mudar essa situação”, replicou. A deputada, por fim, mencionou as indicadas pelo PSB para receberem a homenagem do parlamento gaúcho: Ana Paula Soares Costa Togni e Simoni Santos.

Fran Somensi (Republicanos), como as demais oradoras, fez questão de cumprimentar todas as deputadas estaduais e as homenageadas com o Troféu Mulher Cidadã pelas histórias de vida inspiradoras. A parlamentar fez um apanhado histórico de lutas e conquistas femininas no Brasil, citando fatos como o voto feminino, a possibilidade de alistamento nas forças armadas e do sistema de cotas nas eleições. “Aos poucos, com muita luta e sonhos a realizar, a mulher vai conquistando seu espaço”, avaliou. Fran ainda abordou o aumento da violência contra a mulher, mesmo com as leis Maria da Penha e do Feminicídio. Defendeu o aumento da participação feminina onde as leis são criadas e votadas e também onde são implementadas, lembrando que as mulheres representam 52,5% do eleitorado brasileiro, mas são minorias nos cargos eletivos. Por fim, homenageou as duas indicadas por sua bancada: a empresária Analice Carrer e a professora Erica Zang Michaelsen, destacando a trajetória das duas. E encerrou prestando homenagem ainda a todas as mulheres guerreiras da Ucrânia.

Luciana Genro (PSOL) também homenageou as mulheres ucranianas, num chamado contra a guerra absurda em curso. Saudou as mulheres que participaram de atos públicos, reforçando que dia 8 de março é um dia de luta e de lembrar que as mulheres têm muito a conquistar no que diz respeito aos seus direitos. Citando que mais de 50% da população brasileira é formada por mulheres, lamentou que isso não se reflete nos espaços de poder. Na sequência, a parlamentar criticou os governos Bolsonaro e Leite pela falta de políticas públicas para as mulheres nos últimos anos. “Quem governa não pode estar alheio aos problemas das mulheres, especialmente das mais pobres”, enfatizou. Ainda enfatizou o aumento dos feminicídios no RS e cobrou mais investimentos do Estado para localizar as mulheres que enfrentam a violência doméstica para que não sejam as próximas vítimas de feminicídio. Também afirmou que as políticas públicas para as mulheres não podem ser responsabilidade apenas das deputadas, mas do governo e do Parlamento como um todo. Finalizando, destacou a indicada por sua bancada ao Troféu Mulher Cidadã em 2022, a educadora social Mara Bueno da Rosa.

Any Ortiz (Cidadania) fez uma saudação especial a todas as agraciadas com o Troféu Mulher Cidadã e às deputadas. “Ainda somos poucas nesse Parlamento, mas já somos mais do que já fomos”, destacou, reforçando a dificuldade que é ocupar uma cadeira nos legislativos estaduais e federal. Falou das indicadas por sua bancada, a empresária Miriam Graciela Prediger Mainard e a ex-vereadora de Cachoeirinha Jacqueline Camargo dos Santos. “Todas vocês são exemplos para outras tantas mulheres que enxergam, em cada uma de vocês, uma motivação para que possam ser o que elas quiserem”, afirmou, referindo-se a todas as agraciadas. Defendeu a participação de mais mulheres na política e na ocupação dos espaços de poder nos setores público e privado. Também abordou o machismo, destacando o papel das mulheres no seu combate e na conscientização para a construção de uma sociedade que respeita a todos. “Parabéns a todas e tenham a certeza de todo o nosso reconhecimento e que ele seja um estímulo para seguir o trabalho que todas vocês fazem”, encerrou.

Reconhecendo que os homens não são os protagonistas das discussões envolvendo a condição e a luta das mulheres por igualdade, Fábio Ostermann (NOVO) afirmou, no entanto, que eles têm a “obrigação moral de ouvir de forma ativa, demonstrar empatia e desenvolver a capacidade de se colocar no lugar delas”. Os avanços, em sua opinião, passam pela conscientização de homens e mulheres e pela “construção de um mundo mais acolhedor” para todos.
Dr.Thiago Duarte (DEM) encerrou as manifestações na tribuna ressaltando a trajetória de três homenageadas com o Troféu Mulher Cidadã: a presidente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Nadine Oliveira Clausell; a educadora social Mara Bueno da Rosa, que atua no bairro Restinga, em Porto Alegre, e a empresária do ramo supermercadista de Alvorada, coautora do livro Liderar e Conectar Pessoas, Miriam Graciela Prediger Mainard.