Leilão do Arroz: Lula confirma “falcatrua”

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Leilão do Arroz: Lula confirma “falcatrua”
RURAL
22 de junho de 2024 - Lula / Crédito: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

FALCATRUA NO LEILÃO DO ARROZ O presidente Luiz Inácio Lula da Silva revelou que uma empresa envolvida no leilão promovido pelo governo federal para a compra de arroz importado foi detectada em atos fraudulentos, o que levou à anulação do certame. O leilão do arroz, que havia adquirido 263 mil toneladas de arroz, foi cancelado após a descoberta de fragilidades técnicas e financeiras nas empresas vencedoras.

Decisão drástica para combater preços exorbitantes do arroz

Durante uma entrevista para uma rádio do Piauí, Lula comentou sobre a decisão de importar arroz para controlar os preços no mercado interno. Ele mencionou ter visto pacotes de arroz de 5 quilos sendo vendidos a preços entre R$ 33 e R$ 36, considerados exorbitantes. “Eu tomei a decisão de importar um milhão de toneladas. Depois tivemos a anulação do leilão, porque houve uma falcatrua numa empresa. Mas por que vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá para ser um preço exorbitante”, afirmou o presidente.

Estratégia para aumentar a produção nacional de arroz

Além da importação, Lula ressaltou a importância de ampliar a produção nacional de arroz em mais estados para evitar a dependência de poucas regiões. “Vamos, inclusive, financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprarem, e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo”, completou.

Anulação do leilão do arroz e implicações

O cancelamento do leilão foi formalizado pelo presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto. Ele explicou que as empresas participantes são representadas por bolsas de mercadorias, e a identificação das vencedoras só ocorre após a conclusão do leilão. “A partir da revelação, começaram os questionamentos se verdadeiramente essas empresas teriam as capacidades técnicas e financeiras para honrar os compromissos [do leilão]. E nós decidimos anular esse leilão”, declarou Pretto.

Crédito: Maicon Lages Campelo/Irga

Crédito: Maicon Lages Campelo/Irga

Realizado no início do mês, o leilão comercializou 263,3 mil toneladas de arroz, movimentando R$ 1,3 bilhão, com preços variando entre R$ 4,98 e R$ 5 por quilo. O produto seria distribuído para 21 estados do país. No entanto, com a anulação, um novo leilão está planejado, conforme anunciado pelo chefe da Conab. “Um edital mais moderno, eficiente e transparente para poder atender a demanda de ter arroz suficiente para a população brasileira”, destacou.

Demissão e repercussões

A polêmica em torno do leilão também resultou na demissão do secretário de Política Agrícola, Neri Geller. O ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, explicou que Geller colocou seu cargo à disposição após um conflito de interesse envolvendo seu filho, que havia estabelecido sociedade com uma corretora no Mato Grosso. “A empresa não participou do leilão, nem nada que desabone ou gere qualquer tipo de suspeita. Mas que, de fato, gerou transtorno e, por isso, colocou cargo à disposição”, esclareceu Fávaro.

Crédito: Antonio Cruz / Agência Brasil

Crédito: Antonio Cruz / Agência Brasil

Perspectivas futuras para o arroz

O governo federal está comprometido em garantir que o arroz chegue à mesa dos brasileiros a preços acessíveis e está tomando medidas para assegurar a transparência e a eficiência dos próximos leilões. A estratégia de financiar a produção em mais estados visa diversificar a oferta e reduzir a dependência de poucas regiões, fortalecendo a segurança alimentar do país.

A colheita do arroz se encerrou com uma produção de 7.162.674,9 toneladas no Rio Grande do Sul. Na safra 2023/2024, foram semeados 900.203 hectares de arroz irrigado. Destes, foram colhidos 851.664,22 hectares, correspondendo a 94,61% da área semeada, com uma média de produtividade de 8.410,21 kg\ha. Os dados estão no relatório final divulgado, nesta sexta-feira (14), pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), vinculado à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).

Ainda estão em processo de colheita 1.548 hectares (0,17%). Com as enchentes registradas no Estado, foram perdidos 46.990,59 hectares (5,22% da área semeada), concentrados principalmente na Região Central do Estado. Esses dados são levantados semanalmente pelas equipes dos Núcleos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Nates) do Irga, junto aos produtores gaúchos, distribuídos pelas regiões arrozeiras do Rio Grande do Sul.

Na safra 2022/2023, foram semeados 839.972 hectares, com uma produção total de 7.239.000 toneladas.

O presidente do Irga, Rodrigo Machado, destacou que o Rio Grande do Sul responde por 70% da produção nacional do grão. “Os dados desta safra comprovam o que o Irga já vem manifestando desde o início do mês de maio, que a safra gaúcha de arroz, dentro da sua fatia de produção no mercado brasileiro, garante o abastecimento do país. Dessa forma, não há, tecnicamente, justificativa para a importação de arroz no Brasil”, garantiu Machado, ao avaliar que os números são muito similares ao da safra passada.

“Os dados trazidos no relatório superam, inclusive, com pequena margem, as estimativas que tínhamos antes das enchentes. Isso nos dá segurança para manter o posicionamento de que nunca houve justificativa técnica que comprovasse a tendência de desabastecimento de arroz no Brasil, em função da calamidade pública do Estado”

– secretário-interino da Seapi, Márcio Madalena