1 de janeiro de 2022 - infinito

Uma questão que sempre despertou fascinação é o infinito. Que grandiosidade, não? Algo que não tem fim. Infinito. Mas eu nunca encarei o oito deitado como algo tão abstrato assim. Não gostava da ideia. Para direita ou para a esquerda; para cima ou para baixo. Tanto faz a direção e até mesmo a dimensão. Sem fim. Vai que vai. Mas o que de fato é infinito? Alguém poderia arriscar dizendo que a quantidade de grãos de areia. O exemplo aparenta até ser bom, mas só até a página em que deixamos de lado ser um número alto para virarmos até a página de realmente sem fim. É claro que tem muito grãos de areia no mundo. Um monte mesmo. Contar um por um seria algo fora do comum, sem dúvida. No entanto, ainda que altíssimo o resultado, chegaria um momento em que o último grão seria contado.

Outro alguém citaria o total de estrelas. Mais um exemplo de número alto. Bem alto. Mas ainda assim sem contemplar a definição de infinito.

O que na Natureza não acaba? O que não tem fim, realmente? Se a partir das reflexões provocadas com a areia e as estrelas passamos a ter maior dificuldade em dizer um resposta, um possível caminho é entender que o conceito de infinito é uma criação humana. Exatamente isso. O ser humano inventou o infinito. Diferente de inventar uma lâmpada ou a roda, criar o infinito é algo muito mais ousado. Até prepotente. O homem achou que poderia definir o que não tem fim.

Talvez a própria natureza humana possa explicar essa vontade em inventar algo tão enorme assim. Maior que tudo. Afinal, conhecemos o nada. O zero. Por exemplo: você abre sua carteira é não tem dinheiro dentro. Você abre  geladeira, e nada de comida. Um conjunto vazio é real. O zero existe. É natural. O infinito, não. O tudo e o nada.os extremos da existência. Pois bem. É justamente aí que fico intrigado. Para mim, o tudo e o nada são faces da mesma moeda. Caminham juntos. Só existe um em função do outro.

Reflita: quanto é o dobro do nada? Nada. Exato. Se você multiplicar zero por dois, três, mil ou qualquer outro número, o resultado seguirá sendo zero. Olhe a beleza desse jogo agora: quanto é o dobro de tudo. Desculpas. Vou reformular a pergunta: quanto é o dobro do infinito? Infinito. Exato. Independente do número que você multiplicar o infinito, o resultado seguirá sendo o infinito.

Se você concordou com o que até agora foi exposto, vamos avançar mais um pouco:

Xinfinito = infinito. Da mesma forma que Xzero = zero.

Quanto é X para a equação? Pode responder sem medo: zero. Na última equação, aceitamos com mais facilidade, né? X vezes zero dará zero. Agora volte os olhos para a primeira equação é reflita ao descobrir que infinito é igual a zero também. Desculpa. Pode ser igual a 1 também claro. O X da primeira equação também pode. Então, vamos usar números:

2infinito = infinito

(o dobro do infinito segue sendo infinito, certo?)

Lembra da aulas de matemática? Passe infinito para o outro lado. Ficaria assim:

2 = infinito/infinito

O resultado seria 1. Mas concordamos em dizer que 2 não é igual a 1, correto? Qual a resposta, então? Isso mesmo: infinito é igual a zero.

Vou reformular, então: infinito é igual ao nada. Tudo é igual ao nada. O nada é igual ao tudo. Um tende a ser o outro. Faces da mesma moeda. Pode ser uma explicação dessa característica visceral do ser humano é ser infinitamente inconformado com tudo.