Em 2018, o Rio Grande do Sul registrou 88.618 óbitos, sendo que 58% das mortes foram de pessoas do sexo masculino. Destaca-se a mortalidade mais expressiva entre os homens devido às chamadas mortes por causas externas, como homicídios, acidentes de transporte, suicídio e quedas, que superam em mais de três vezes os registros do sexo feminino. No ano avaliado, 6.181 homens morreram por esta causa contra 1.886 óbitos de mulheres.
A expectativa média de vida ao nascer em 2018 no Rio Grande do Sul chegou a 76,87 anos, contra 75,59 anos em 2010, um aumento de 1,28 ano. Entre os sexos, a diferença em 2018 chegou a 7,53 anos, sendo de 73,10 para homens e 80,63 anos para as mulheres. Não fossem as causas externas, a expectativa de vida dos homens seria de 76,01 anos e das mulheres, 81,27 anos.
No balanço geral, as principais causas de mortes no Rio Grande Sul são as doenças do aparelho circulatório (26%), neoplasias (21,8%), doenças do aparelho respiratório (11,9%) e as causas externas (9,1%). Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (23/9) no estudo “Expectativa de vida ao nascer: diferenciais de mortalidade por sexo e causa”, elaborado pelo Departamento de Economia e Estatística, vinculado à Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (DEE/SPGG). Produzido pela pesquisadora Marilene Dias Bandeira, o documento mostra ainda uma análise dos impactos nos números supondo a eliminação de óbitos pelas principais causas. “Os resultados apresentados são importantes pois podem auxiliar a subsidiar as políticas de saúde no Estado no sentido de minimizar a ocorrência dos óbitos violentos, principalmente entre os homens jovens, visto que essas causas são evitáveis. Além disso, é necessário pensar na qualidade de vida da população, que está vivendo cada vez mais e, portanto, necessitando de cuidados específicos de saúde, bem-estar e lazer”, destaca Marilene.
Diferenças
De acordo com o material, em 2018 havia 94,8 homens para cada 100 mulheres no Rio Grande do Sul, pequena baixa quando comparado com 2010, quando a proporção era de 95 para 100. O estudo mostra que na infância, na adolescência e entre jovens adultos o contingente de homens é maior, sendo que a partir dos 30 anos as mulheres passam a ser maioria. Na faixa etária de 80 anos ou mais, por exemplo, a proporção de pessoas do sexo feminino representa o dobro da de pessoas do sexo masculino.
Em ambos os sexos, as causas externas representam o principal motivo de mortalidade nas idades jovens, contudo, entre os homens, além de percentuais mais expressivos, essa motivação lidera o ranking por um período maior. Para as mulheres, com exceção da faixa de cinco a nove anos, as causas externas são a principal razão de mortalidade até os 29 anos, enquanto nos homens essa liderança se estende até os 49. Entre os 15 e 19 anos, 82,8% das mortes de homens foram provocadas por causas externas, enquanto entre as mulheres o percentual na mesma faixa etária foi de 44,4%.
Em 2018, foram registrados 525 óbitos de homens na faixa entre 15 a 19 anos, contra 75 de mulheres. Entre 20 e 29 anos, o número de mortes chegou a 1.367 nas pessoas do sexo masculino, enquanto o sexo feminino teve 189 óbitos.
Entre as causas externas, o homicídio (2.409) lidera as razões de mortes entre os homens no ano analisado, seguido por acidentes de transporte (1.392), suicídios (985) e quedas (559). Para as mulheres, as quedas (661) são a principal causa, seguida de acidentes de transporte (376), homicídios e suicídios, ambos com 256 casos.
Outras causas
Na comparação entre 2010 e 2018, as doenças do aparelho circulatório apresentaram uma leve tendência de queda entre as causas de morte no Rio Grande do Sul, passando da taxa de 214,3 para 203 óbitos a cada 100 mil habitantes. Doenças do sistema nervoso, que ocupam a sétima posição como causa de mortalidade em 2018, tiveram o maior aumento percentual, com acréscimo de 92% na taxa de óbitos, passando de 20,3 para 39,2 mortes por 100 mil habitantes.
As neoplasias (câncer) registraram crescimento expressivo, passando de 151,6 para 170,4 óbitos por 100 mil habitantes. Em uma análise dos tipos de câncer que mais vitimizaram os gaúchos, o de pulmão está em primeiro lugar. Entre os homens, a taxa é de 37,5 mortes para cada 100 mil em 2018, seguido do câncer de próstata, com taxa de 21,9. Entre as mulheres, a doença no pulmão (24,2 óbitos a cada 100 mil) ultrapassou o câncer de mama (22,9), que em 2010 estava no topo do ranking.
De forma geral, o estudo aponta uma proporção de 1,23 óbito masculino para cada mulher. Considerando apenas o indicador de causas externas, a proporção é de 3,55 óbitos masculinos para cada feminino em 2018, sendo que na faixa entre 20 e 24 anos essa proporção chega a 7,30.
Ainda assim, em comparação com 2010, houve uma queda na proporção geral (1,27 e 4,25, respectivamente).
Envelhecimento
Assim como outros estudos já trouxeram à tona, o envelhecimento da população gaúcha é constatado no material, que mostra uma redução de 230 mil pessoas com menos de 15 anos entre 2010 e 2018. A proporção de jovens no total caiu de 21,4% para 18,5% da população, enquanto entre os com 60 anos ou mais a participação aumentou de 13,6% para 17,6% no mesmo intervalo de tempo.