O Departamento de Ciência Saúde e Performance (DCSP) promoveu ao longo desta sexta-feira, um ciclo de palestras sobre a Dor no Esporte, no II Simpósio realizado pelo setor. O evento, realizado no Auditório do Conselho Deliberativo, teve entre os principais temas abordados, o Tratamento da Dor no Esporte de Alto Rendimento; Dor Aguda nas Principais Lesões do Futebol: a experiência de especialistas da área de ortopedia; integrando as Múltiplas Perspectivas no Tratamento da Dor no Esporte. A ocasião também contou com a apresentação de condutas e rotinas do DCSP e a experiência e depoimentos do zagueiro Pedro Geromel e da lateral-direita Sinara sobre as suas vivências ao longo da carreira.
Estiveram presentes no Seminário, as equipes de saúde que atuam no CT Presidente Luis Carvalho, do CT do Vieirão, CFT Hélio Dourado e Escola do Grêmio, dirigentes, convidados e profissionais de outras instituições. Também estiveram presentes à atividade, o presidente do Conselho Deliberativo Alexandre Bugin, o vice-presidente José Carlos Duarte, além dos ex-atletas China, Anderson Polga, Baidek, Nildo e Yura. O objetivo é manter os profissionais que atuam no Grêmio permanentemente atualizados e em contato com os maiores especialistas no controle da dor no atleta de alto rendimento, com experiência no Brasil e exterior.
O encontro foi aberto pelo vice-presidente do Conselho de Administração e médico psiquiatra Gustavo Bolognesi, pelo assessor da presidência para a área de saúde e fisioterapeuta Gustavo Nunes e pelo médico e também psiquiatra, representante da Sociedade Gaúcha para o Estudo da Dor (SOGED) e do Serviço de Tratamento da Dor e Medicina Paliativa (SDMP) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, Dr. Alexandre Annes Henriques.
“Estamos aqui para ajudar no tratamento de uma das maiores prevalências da medicina, que é a dor. O DCSP está trabalhando para aproximar o Grêmio do mundo científico. Não temos que ser apenas consumidores da ciência e sim mantermos o compromisso de ser um produtor da ciência”, destacou Bolognesi.
A primeira palestra contou com a participação do professor titular na área de dor, reabilitação, anestesia e medicina perioperatória do departamento de cirurgia da faculdade de medicina da UFRGS, Dr. Wolnei Caumo, com os médicos anestesiologistas Luciano Oliveira, Leonardo Monteiro Botelho e Renato Bender Castro.
No painel, “Pré-Temporada para Enfrentar a Dor no Esporte”, Dr. Botelho destacou que é preciso entender a dor, pois existem várias patologias com sintomas diferentes que processam no sistema de forma variada, aguda ou após lesão, mas que possuem similaridades em seu tratamento.
“Se for preciso, temos que melhorar o tipo de tratamento buscando diminuir o processo periférico da dor quando ela insiste em permanecer”, explicou o especialista.
Já, o médico Renato Bender exaltou a eficácia dos tratamentos complementares com ondas de choque: “A maioria das ausências no futebol profissional são atribuídas aos poucos diagnósticos de lesões leves e moderadas. Lesões graves acima dos 28 dias de afastamento, são pouco frequentes. Quando colocamos o tratamento de ondas de choque ao tratamento convencional, temos uma melhora na recuperação, possibilitado um retorno mais rápido do atleta para o jogo”.
O evento seguiu ao longo do dia com diversas abordagens no campo da dor até a apresentação do trabalho desenvolvido pelo DCSP, com o painel Transitando entre o Campo, o Vestiário e o Departamento de Saúde e as apresentações do educador físico e especialista em nutrição, coordenador do DCSP, Rafael Barleze; o fisioterapeuta da equipe profissional do Clube, osteopata e especialista em performance Ingrael do Amaral, além do médico ortopedista, traumatologista e cirurgião de joelho formado pelo HCPA, Dr. Lucas Oliboni. O destaque do painel foi para os procedimentos adotados pelo setor para verificar se o atleta está com dor antes dos treinamentos e a verificação se não há sobrecarga excessiva para uma eventual recuperação inadequada.
Em sua explanação, o Dr. Oliboni sublinhou que a dor é companheira do atleta de alto rendimento. “Porém, não se pode pensar que toda a dor faça parte do processo”. Neste aspecto ele difere a física da psicológica, quando o jogador, após um longo tempo parado por conta de uma lesão, passa pela cinesiofobia, um medo irracional de ser acometido novamente pelo mesmo problema durante um treino ou jogo.
Por fim, Geromel e Sinara foram questionados sobre a aceitação dos métodos empregados pelo DCSP e como eles conviveram com a dor ao longo de suas carreiras. Para Geromel, a dor existe e ele como atleta pensa só em jogar. “Penso sempre em jogar, se eu responder que estou com alguma dor, o risco de ficar fora sempre é grande. O desafio do atleta é estar apto e à disposição do técnico mesmo que sejam para jogos em sequência como ocorreu recentemente: quatro partidas em 14 dias”.
O Seminário foi encerrado pelo presidente do CD, Alexandre Bugin.