“Golpe da Doença” invade caixas de e-mails de cachoeirenses

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“Golpe da Doença” invade caixas de e-mails de cachoeirenses
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23 de dezembro de 2018 - golpeheranca1

Época de fim de ano registra maior incidência de tentativas de golpes. A onda de casos invadiu neste mês as caixas de e-mails de cachoeirenses. Os relatos aumentam com a proximidade da virada para 2019. Uma das mentiras mais usadas chega a citar Deus. “Enviei este e-mail rezando para que você fique em boas condições de saúde, já que estou em uma condição de saúde muito crítica, na qual durmo todas as noites sem saber se posso estar viva para ver o dia seguinte. Eu trago paz e amor para você. É pela graça de Deus que não tive escolha senão fazer o que é lícito e correto aos olhos de Deus para a vida eterna e aos olhos do homem, para o testemunho da misericórdia e glória de Deus sobre a minha vida”, inicia o texto em inglês assinado por “Sra. Ruby Williams”.

A farsa conta ainda que seria uma “viúva e cidadã dos Estados Unidos da América”. Ruby estaria sofrendo de um tumor cerebral. “Tenho cerca de alguns meses, de acordo com especialistas médicos. A situação ficou complicada recentemente com a minha incapacidade de ouvir. Estou me comunicando com você com a ajuda da enfermeira do hospital. Meus médicos me aconselharam que eu não possa viver muito tempo. A doença chegou em um estágio muito ruim”, completa o lamento que chegou ainda na redação de OCorreio Digital. Ou seja, a mensagem é disparada para atingir no mesmo instante várias caixas de e-mails.

Mensagem invade caixas de e-mails de cachoeirenses na época de fim de ano / Foto: OC/Reprodução

Na sequência, o golpe atira a isca para atrair vítimas. “Eu esperava que você não exporia nem traria essa confiança que estou prestes a repousar em você para o benefício mútuo dos órfãos e dos menos privilegiados. Eu tenho alguns fundos que herdei do meu falecido marido, a soma de (US$ 11.000.000,00, Onze Milhões de Dólares). Tendo conhecido a minha condição, decidi doar este fundo para você, acreditando que você irá utilizá-lo da maneira que eu vou instruir aqui”, destaca a falsa herdeira.

Segundo o delegado e chefe da Polícia Civil do Rio Grande do Sul, Emerson Wendt (especialista no combate a crimes cibernéticos), a proposta sedutora acaba lesando gaúchos. “Uma proposta e tanto, não é? Afinal, não é todo o dia que te dão milhões de dólares”, brinca Wendt. “”Pois, um usuário desatento ou interesseiro poderia preencher o formulário e responder ao e-mail. Aí, estaria caindo na pescaria do criminoso, ávido por dinheiro”, detalha. “O golpe é antigo e tem várias variantes, todas elas com alguma sofisticação na forma e no desenvolvimento dos estelionatários extorquidores”, acrescenta o delegado.

Chefe de Polícia do RS orienta contra golpe / Foto: Divulgação

O chefe da Polícia do Estado indica ainda que os e-mails dos golpistas solicitam confidencialidade na troca de mensagens e tratam o assunto como “urgente”, pedindo respostas rápidas e colocando prazos.

No caso denunciado pela reportagem, até mesmo passagens bíblicas são citadas. “Eu preciso de você para me ajudar e recuperar esse dinheiro e usá-lo para obras de caridade, para orfanatos e dá justiça e ajuda aos pobres, necessitados e viúvas. Diz o Senhor em Jeremias 22: 15-16”, enfatiza o texto do golpe. Aliás, as obras em benefício dos mais necessitados incluiriam ainda a construção de escolas que poderiam levar o nome do “falecido marido para promover a palavra de Deus”. “Não tenho nenhuma criança que herdará esse dinheiro depois que eu morrer. Por favor, eu quero sua resposta sincera e urgente para saber se você será capaz de executar este projeto para a glória de Deus, e eu lhe darei mais informações sobre como o fundo será transferido para sua conta bancária. Eu não tenho medo da morte”, finaliza a mensagem da falsa viúva.

De acordo com o delegado de Polícia, caso a reportagem prosseguisse na intenção do estelionatário, postado atrás de um computador na Europa ou na Ásia, provavelmente receberia e-mails vindos de outras pessoas e outras partes do mundo, tudo para dificultar as buscas dos investigadores. “Esses casos são mais comuns do que aparentam e a regra é não responder ao e-mail. Não seja tolo: não existe dinheiro grátis”, orienta Wendt.