Ghignatti decidiu tirar dinheiro da população e empresa do rotativo lucraria ainda mais

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Ghignatti decidiu tirar dinheiro da população e empresa do rotativo lucraria ainda mais
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23 de fevereiro de 2019 - ggsecs

Um mistério? Não mais. Pelo menos na opinião de agentes políticos que ainda repercutem a exoneração do agora ex-secretário Luciano Lara e o anúncio de duas novas titulares das pastas no seu lugar. A demissão do “homem de confiança” teve motivação a partir do projeto de implantação do Estacionamento Rotativo pago em Cachoeira do Sul, segundo o próprio Lara. Afastado sob a justificativa de reduzir gastos, o ex-titular das pastas municipais de Governo e de Planejamento – além de autoridade de trânsito – questiona os argumentos do prefeito, Sérgio Ghignatti.

No projeto original que elaborou, Lara buscava que 20% do total arrecadado com a cobrança fossem destinados aos cofres públicos municipais. Os valores poderiam ser traduzidos em melhorias para a população cachoeirense (projetos para geração de empregos, saúde, segurança, obras em ruas, etc). Mas Ghignatti recebeu a proposta e mudou. O prefeito reduziu para 12% e abriu mão de 8% que acabariam ampliando ainda mais o lucro da empresa vencedora em um processo licitatório.

 

A discussão sobre o assunto na Câmara de Vereadores tomou proporção que extrapolou os limites do Palácio Legislativo. Nem a Prefeitura mais conseguiu segurar. A polêmica teve seu ponto alto com uma descoberta: antes do assunto virar público, um grupo empresarial de Cachoeira do Sul abriu uma a VCPARK Estacionamento Rotativo LTDA. Pertencente ao Grupo Vieira da Cunha, a abertura da empresa foi confirmada pela Receita Federal. A revelação fomentou ainda mais a pauta. As conversas em torno do caso passaram a questionar: seria simples sorte o grupo constituir CNPJ justamente para poder prestar o serviço ou teve informação privilegiada sobre a tramitação dentro da Prefeitura?

Empresa foi constituída ainda em abril: antes do assunto virar público. Sorte ou informação privilegiada? Questionamento é feito em conversas sobre assunto na cidade / Foto: Reprodução

A empresa aberta está no nome dos sócios Paulo Dios Vieira da Cunha, Eladio Dios Vieira da Cunha, Helena Dios Vieira da Cunha e Liberato Dios Vieira da Cunha. Ou seja, o mesmo grupo que já ganha em torno de R$ 500 mil anualmente em publicações pagas sem necessidade – pois bastaria o prefeito decidir pela implantação do Diário Eletrônico para fazer a veiculação do mesmo conteúdo gratuitamente – passaria a ter cerca de R$ 5 milhões por ano com a cobrança aos motoristas: dez vezes mais, portanto. Os ganhos do grupo com a insistência de Ghignatti em seguir gastando dinheiro da população são alvo frequente de críticas nas sessões do Poder Legislativo.

Com a revelação da abertura da empresa e os nomes de seus proprietários, a desconfiança dos cachoeirenses teve consequência: o prefeito decidiu retirar seu projeto da Câmara. Assim, 2018 terminou sem Ghignatti avançar com sua vontade. Mas 2019 iniciou com novidades. Após ter sua proposta alterada, Lara deixou duas secretarias e o posto de autoridade de Trânsito. No seu lugar, o prefeito optou por uma decisão íntima e escalou duas secretárias já próximas a ele. Uma delas, inclusive, sua chefe de gabinete.

Ghignatti nomeou sua chefe de gabinete para cargo que Lara ocupava / Foto: Prefeitura

Parquímetros

A Prefeitura já havia reservado no seu orçamento de 2019 o valor de R$ 400 mil para a aquisição de parquímetros com uso de dinheiro da população. O equipamento é utilizado para controle de Estacionamento Rotativo e é custeado pela empresa vencedora da licitação em outras cidades.

O projeto deve ser reformulado e apresentado ainda em 2019.