Dados do Tribunal de Contas do Estado (TCE/RS) mostram que os três anos da segunda gestão do prefeito Sérgio Ghignatti já representam perto do dobro de déficit em relação ao seu primeiro mandato inteiro. O levantamento do órgão fiscalizador revela um rombo de R$ 49.082.551,37 entre 2017 e 2019 na Prefeitura de Cachoeira do Sul. Entre 2009 e 2012, no sua primeira gestão, Ghignatti comandou uma administração responsável por um déficit de R$ 25.153.368,36. Ou seja, somando os anos que esteve na cadeira de prefeito, as planilhas de gastos de Ghignatti somam R$ 74.235.919,73.
O desempenho é tão negativo na sua segunda gestão que atingiu o patamar registrado no governo passado de Neiron Viegas (R$ 49.623.444,56) com um ano a menos. Os últimos três governos juntos representam um rombo de R$ 123.859.364,29 nos cofres municipais.
O TCE/RS exerce o papel de controle externo de todas as contas do Estado, câmaras de vereadores e prefeituras. O órgão tem competência para inspecionar e auditar toda contabilidade, orçamento e finanças da administração, acompanhando a execução da gestão, seus programas, sua eficiência e eficácia.
Em resumo, o TCE/RS é órgão soberano e que julga, com amparo constitucional no artigo 71 da Constituição Federal e da Constituição do Estado.
O déficit ocorre quando as despesas são maiores que as receitas. Os saldos negativos das contas municipais geram dívidas que precisarão ser pagas mais uma vez pela população cachoeirense.
Os números permitem projetar a gestão de Ghignatti e seu vice-prefeito, Cleber Cardoso, na primeira posição histórica em gastos do dinheiro público. Confirmando a previsão, Ghignatti e Cardoso formarão o mandato responsável pelo maior rombo já registrado nos cofres da Prefeitura de Cachoeira do Sul.
Internamente, a falta de ação efetiva em relação ao Fundo de Aposentadoria e Pensão do Servidor (Faps), gastos desnecessários são apontados na lista de motivos para o rombo nas contas. A falta de explicação lógica para a insistência em não implantar o Diário Oficial Eletrônico para economizar dinheiro público gera dúvidas sobre a gestão Ghignatti/Cardoso. A ferramenta foi aprovada pela Câmara de Vereadores em 2017 e colocada à disposição da Prefeitura que ainda prefere fazer gastos e piorar o cenário de rombo calculado pelo TCE/RS.
Dívida fundada
As planilhas de gastos da Prefeitura também revelam outra prática que corrompe as finanças municipais: a dívida fundada. Ou seja, os empréstimos ou financiamentos que passam dos 12 meses de compromisso. Em síntese, o prefeito autoriza empréstimo para os próximos gestores pagarem.
A dívida fundada da Prefeitura já está próxima do montante de R$ 80 milhões. Os constantes empréstimos e parcelamentos do Faps, de acordo com registros contábeis da Prefeitura, agravaram a saúde financeira dos cofres municipais.
Analistas financeiros já aguardam 2020 com receio sobre o resultado completo do rombo ao fim da atual gestão.