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Frio histórico para novembro está previsto para a semana que vem

Imagens de satélite indicam avanço de uma massa de ar frio no começo de novembro que é típica dos padrões climáticos de junho e julho / Foto: MetSul/Divulgação

 

Uma potente massa de ar frio deve derrubar as temperaturas na semana que vem no Sul do país. Previsões de institutos como Climatempo e MetSul Meteorologia indicam que deverá ser um frio histórico para o mês de novembro, com mínimas oscilando entre 6°C e 8°C na Região Central do RS, chance de geadas em pontos isolados e até possibilidade de neve em pontos mais altos da Serra. O fenômeno está previsto para começar já com bastante intensidade na terça-feira (1º) e com perda gradual de força a partir de quarta (2), feriado de Finados.

De acordo com a MetSul, “trata-se de uma incursão de ar frio que impressiona pela intensidade que chegaria ao território brasileiro no começo do mês de novembro”. Ainda segundo o instituto, os dados indicam uma massa de ar com características de junho e julho em pleno novembro, a menos de um mês do começo do verão climático (trimestre de dezembro a fevereiro).

Apesar de muitos anos terem frio tardio na primavera e mesmo geada não ser incomum em novembro em locais de maior altitude do Sul do Brasil, esta incursão de ar frio, pelos dados de hoje, excede a força que normalmente se observa em pulsos de ar frio tardios em novembro. Tanto que hoje os modelos numéricos indicam para muitas cidades do Centro-Sul do Brasil temperaturas jamais vistas em novembro nas últimas décadas e marcas tão baixas quanto -3ºC a -5ºC para cidades de maior altitude do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

RUIM PARA A AGRICULTURA

A ocorrência de frio tardio e intenso acompanhado de geada é bastante prejudicial para a agricultura, especialmente para o desenvolvimento das culturas de verão. É alto o seu potencial de danos na agricultura, uma vez que a colheita do trigo ainda não chegou ao fim e muitas áreas já começaram o plantio da safra de verão. “Em alguns municípios, o tempo mais frio das últimas semanas ainda impede o plantio porque a temperatura do solo está muito baixa”, sublinha a MetSul.

QUAL A EXPLICAÇÃO PARA ESSE FRIO TÃO INTENSO E TARDIO?

Ainda segundo a MetSul, a explicação está no Pacífico, onde a La Niña se intensificou demais parte mais a Leste do oceano em sua região equatorial, perto dos litorais do Equador e do Peru, com características de La Niña costeira intensa a ponto de atingir anomalias de temperatura da superfície do mar comuns em eventos de Super La Niña costeira.

De acordo com o boletim semanal da NOAA de 17 de outubro, a anomalia de temperatura da superfície do mar era de -0,8ºC na denominada região Niño 3.4, no Pacífico Equatorial Central, que é usada para definir se há El Niño ou La Ninã. O valor está na faixa de fraca intensidade de -0,5ºC a -0,9ºC.

Por outro lado, a chamada região Niño 1+2, perto das costas do Equador e do Peru, que costuma impactar as precipitações mais no verão e a temperatura no Sul do Brasil em qualquer época do ano, apresentava na última semana uma anomalia de -2,0ºC, portanto um valor no patamar de La Niña muito intensa, inclusive de Super La Niña.

Tal área do Pacífico tem grande correlação com a chuva no Sul do Brasil durante os meses do final do final da primavera e do verão com maior probabilidade de estiagem se estiver em território negativo e maior chance de chuva perto ou acima da média se estiver em terreno positivo. Se negativa, tende a favorecer mais incursões frias no Sul do país e tardias na primavera, o que vem se verificando.

Desde a semana de 12 de dezembro de 2007 não se tinha uma anomalia negativa tão grande nas costas do Peru e do Equador, na denominada região Niño 1+2. Em dezembro, em 2007, a anomalia chegou a -2,4ºC. Também, desde outubro de 2007 o Pacífico Equatorial Leste não registrava uma anomalia tão abaixo da média. Em outubro de 2007, as anomalias semanais da região Niño 1+2 foram de -2,3ºC na semana de 3 de outubro, -1,9ºC em 10 de outubro, -2,2ºC em 17 de outubro, -1,8ºC em 24 de outubro e -1,5ºC em 31 de outubro.

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