Frequentemente vemos e ouvimos muitas pessoas falarem sobre a empatia e do quanto ela é necessária, e o quanto nos qualifica como “humanos”. Colocar-se no lugar do outro, sentir como o outro sente, seja por já ter passado por situações semelhantes e compreender o quanto aquela situação trouxe sofrimento na sua própria vida, em algum momento pra você mesmo, ou, na melhor das hipóteses, você consegue se colocar no lugar no outro que sente fome, por exemplo, sem ter passado por situação semelhante. Mas o que eu gostaria de compartilhar com vocês hoje, tem a ver com um outro conceito bastante importante e menos famoso que a empatia, e essa quase anônima é alteridade. Afinal, como eu posso colocar-me no lugar do outro, se eu não reconheço que existe um outro, que é semelhante, mas também diferente.
É comum o pensamento de que alteridade e empatia são sinônimas, porém são termos diferentes. Enquanto a empatia refere-se à capacidade de colocar-se no lugar do outro, sentir a dor do outro de maneira imaginária ou por analogia, a alteridade é a capacidade de reconhecer que o outro é daquele jeito porque ele é, essencialmente, diferente de você. Além do reconhecimento da diferença, a alteridade propõe um respeito ético ao outro como ser singular. É na alteridade que surge a tolerância.
Frequentemente, na prática clínica, eu escuto frases como fulano não me entende, fulano não se coloca no meu lugar. Mas, às vezes, somos nós que não estamos nos colocando no lugar do fulano, porque esse grito pela empatia do outro, muitas vezes não faz com que eu perceba que o outro é diferente de mim, e que não precisa pensar e agir como eu acho que deve pensar e agir. Então, neste caso, a falta de empatia não é do outro, mas minha, porque não reconheço que o outro é diferente, e aí chegamos a um ponto importante, a tolerância com o que é singular, único e que é fruto de fatores como etnia,cultura,e sociedade onde o sujeito está inserido.
Na antropologia, chamamos etnocentrismo, ou seja, achar que o modo como eu vivo é o correto e os demais estão errados. Então, para que eu me coloque no lugar do outro, eu primeiro preciso reconhecer que existe um outro, que é diferente, mas também igual. Então vou deixar essa reflexão com vocês, pois é com ela que conseguimos construir um mundo mais justo e pacífico. Então não basta apenas eu tentar percorrer o caminho com o mesmo sapato do outro, se não compreender que nem sempre o outro vai querer ir para o mesmo caminho que o seu.
O quanto eu reconheço e aceito o outro?
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Vanessa Santos – Psicóloga CRP 07/25298
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