Ficou o dito pelo não dito!

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Ficou o dito pelo não dito!
COLUNAS
29 de abril de 2019 - cleo1

Boa parte dos ditos populares utilizados normalmente no nosso dia a dia foram concebidos ainda na primeira metade do século passado. E como a forma mais comum de se transmitir uma informação, antigamente, era mesmo através do verbo, da fala, da conversa pura e simples, desse modo, muitos desses ditados não escaparam do efeito “telefone sem fio”, em que a mensagem original sofreu distorções ao ser passada adiante e acabou interpretada de forma errônea por praticamente toda a população ao longo do tempo.

Vamos a alguns deles: “Cor de burro quando foge” ficou diferente da sua forma original que sequer referia-se a cor alguma, e que era “Corro de burro quando foge” (em alusão ao fato de que um burro em fuga, enraivecido, é muito perigoso). Outro: “Quem tem boca vai a Roma” que na verdade era “Quem tem boca vaia Roma” (dizia-se que, devido à desconsideração tão comum dos imperadores para com o povo, todos deveriam vaiar Roma, no caso o imperador, em sinal de protesto). Incluem-se aí mais dois super falados, como “Quem não tem cão caça com gato”, que ficou no lugar do correto “Quem não tem cão caça como gato” (pelo fato de o gato caçar sozinho), além de “São ossos do ofício” que substituiu o verdadeiro “São ócios do ofício”. E entrou nesse troca-troca até o famoso versinho infantil “Batatinha quando nasce se esparrama pelo chão”… só que não, era “Batatinha quando nasce espalha a rama pelo chão” (por ser dessa forma que se dá o surgimento de uma batata).

E assim, outros mais, também muito interessantes ocupam a galeria dos ditos que não foram ditos por quem os concebeu originalmente, mas que mesmo de forma adaptada encontraram o seu lugar na lógica da cultura popular, lembrando inclusive aquele clássico, que por sinal se manteve correto ao longo do tempo: “Quem conta um conto aumenta um ponto”.

 

Ótima semana, queridos leitores e leitoras!

Cleo Boa Nova é publicitário, consultor, escritor, músico e comunicador, autor dos livros “A Nossa Vida é a Gente Quem Cria. Senão Não Seria a Nossa Vida” e “Viva Feliz o Dia de Hoje. Viva!” e autor-intérprete do CD “Paz e Alegria de Viver”.