A Barragem do Capané, em Cachoeira do Sul, apresenta risco de rompimento, conforme a Agência Nacional de Água (ANA). Além do reservatório do município, também é apontada no levantamento de Santa Barbára, em Pelotas. O estudo que chama atenção das barragens foi publicado nesta segunda-feira (19).
O levantamento está baseado em dados do ano passado. No estudo anterior, referente a 2016, nenhuma barragem gaúcha estava entre as estruturas que necessitam de reparo para evitar possíveis acidentes. Porém, não significa que as estruturas pioraram — na realidade, o processo de monitoramento vem sendo ampliado.
Em todo o país, 45 barragens apresentam risco de romper — no ano anterior, eram 25. Para mapear a vulnerabilidade das barragens, a ANA solicitou dados de 32 entidades fiscalizadoras. No Estado, a responsabilidade é da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável.
De acordo com Fernando Meirelles, diretor do Departamento de Recursos Hídricos da secretaria estadual, não há motivo para alarde.
No seu entendimento, risco sempre há, mas “estamos monitorando essas obras e não temos indícios de acidentes a partir das providências que temos tomado. Mas mantemos os empreendedores em estado constante de alerta”.
O QUE DIZ O COORDENADOR DO IRGA EM CACHOEIRA
O coordenador Irga em Cachoeira, engenheiro-agrônomo Pedro Hamann, disse que foi finalizado há alguns dias um estudo geofísico, que define a situação estrutural do maciço da barragem. Ele revelou que o levantamento confirmou o que basicamente se sabia: existem três pontos com uma maior fragilidade no maciço. “Em decorrência disso a barragem já trabalha hoje em nível bem inferior à sua capacidade”, acrescentando que o próximo passo é o projeto e execução da reforma.
O coordenador salientou que não há nenhum fato novo e não há motivo para alardes. “O Irga está trabalhando para sanar esses problemas existentes há décadas”, observou.
Pedro Hamann também ressaltou que em qualquer barragem há risco de rompimento para menor ou maior. “As 23 barragens que se romperam em Cachoeira em 2016 com as intensas chuvas são um exemplo”, declarou.
ATENÇÃO
Construída no final da década de 1940 pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a Barragem do Capané teve os primeiros problemas identificados em 2015 como uma infiltração e ausência de equipamento medidor de vazão da água. Para evitar acidentes, a barragem vem sendo mantida a 12 metros de altura, seis a menos do que o seu limite.
Hoje, a Capané beneficia 35 produtores rurais na irrigação de lavouras de arroz. Para consertá-la, o relatório da ANA calcula uma despesa de R$ 15 milhões. Desde a identificação das falhas, o uso da estrutura pelo Irga está condicionado ao envio de relatórios de monitoramento.
O levantamento da ANA é o segundo elaborado desde o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais, considerado o maior desastre ambiental da história recente do país. Desde a tragédia, que provocou a morte de 19 pessoas, a agência aprimorou o acompanhamento de estruturas vulneráveis.