Estacionamento Rotativo resolve? Experimentamos onde já funciona

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Estacionamento Rotativo resolve? Experimentamos onde já funciona
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9 de fevereiro de 2019 - rotativo2

A reportagem do OCorreio Digital encerra a série especial sobre o sistema de Estacionamento Rotativo e sua aplicabilidade nas cidades onde já funciona. Com objetivo de servir de exemplo para o debate em Cachoeira do Sul, a experiência em quatro cidades (Santa Cruz do Sul, Venâncio Aires, Lajeado e Santa Maria) mostra que a dificuldade em encontrar vagas persiste.

Falta de vagas é percebida pelo motorista de Cachoeira do Sul / Foto: OC

Santa Cruz do Sul

O sistema em Santa Cruz do Sul é conhecido por “Rapidinho”. Existe desde 2007. Mesmo após mais de uma década, a problemática de falta de vagas segue sendo uma realidade.

A prefeitura conta com 18 fiscais de trânsito, que monitoram, além das 47 quadras de estacionamento rotativo, intervenções no trânsito e o fluxo de veículos em toda a cidade. De todas as multas geradas pela fiscalização, cerca da metade está relacionada a irregularidades de estacionamento.

Nenhum veículo estacionado na área azul pode ficar na mesma vaga mais que duas horas. A medida, criada para ampliar a rotatividade de veículos, não teve o impacto positivo projetado. Segundo o Conselho Comunitário Pró-Segurança Pública (Consepro), a taxa de rotatividade durante os dias da semana continua praticamente a mesma. A situação foi comprovada pela reportagem. Girando pelas quadras atendidas, a dificuldade em achar uma vaga foi uma marca dos testes realizados para a série. Conforme a faixa horária, a missão fica quase impossível e depende mais da sorte do que da eficiência do sistema.

Venâncio Aires

A falta de rotatividade das vagas também é uma realidade em Venâncio Aires. A reportagem circulou pelas principais vias da Capital do Chimarrão para testar as consequências do sistema em benefício dos condutores. No entanto, a dificuldade percebida em Santa Cruz do Sul também foi observada. Encontrar um espaço para estacionar exige paciência. Mais que isso: mudança de hábitos. O motorista passa a sair cada vez mais cedo para um compromisso em função do tempo que gasta procurando uma vaga na área abrangida pelo sistema.

Venâncio ainda enfrenta dificuldades com a tecnologia implantada pela empresa responsável, a Rek Parking. Segundo os representantes, o problema ocorre em função da telefonia móvel que em Venâncio Aires também é campeã de reclamações, já que o sinal tanto de telefonia quanto de Internet é fraco.  Segundo a empresa, os parquímetros utilizam chip de uma operadora e devido à instabilidade no sinal.

Lajeado

Outra cidade visitada pela reportagem do OC foi Lajeado. As tarifas variam: para 15 minutos, R$ 0,55; 30 minutos, R$ 1,10; 60 minutos R$ 2,20, 90 minutos R$ 3,30 e 120 minutos, R$ 4,40. O usuário pode utilizar as vagas da área azul de Lajeado durante o dia todo, devendo mudar o veículo de vaga dentro do período definido para a área onde estacionou. O período máximo para estacionamento em uma vaga é de 2 horas consecutivas. Mas apesar do tempo fixado, o sistema também não solucionou o problema de encontrar vagas com maior facilidade. Circular com veículo pelo mesmo trecho atrás de um espaço para estacionar é comum. Mesmo com a exigência de sair da vaga no prazo máximo, o condutor que trafega por Lajeado acaba tendo três opções: esperar até localizar uma vaga próxima do local onde deseja ir, estacionar longe do ponto pretendido ou desistir.

A empresa responsável – Stacione Rotativo – garante que notifica os motoristas que excedem o tempo de 2 horas na mesma vaga. A notificação pode resultar em sanções aplicadas pelo departamento de trânsito da Prefeitura. Ou seja, o usuário pode ser multado e o veículo removido. Nada que parece intimidar ao ponto de melhorar a rotatividade em Lajeado na prática.

Projeto foi modificado com previsão de menor percentual de ganhos para Prefeitura e maior para empresa vencedora / Foto: OC

Santa Maria

O trânsito em Santa Maria é um caos. A afirmação não é exagero para o condutor que experimenta procurar por uma vaga nas vias atendidas pela Rek Parking. Exatamente por isso, uma cena comum é o motorista andando por quadras com as chaves do veículo na mão, seguido pelos ocupantes do carro que ficou distante do local onde pretendem ir (seja para pagar contas, almoçar ou fazer compras, por exemplo). Também chama atenção uma situação observada nas demais cidades: localizar o monitor do sistema para pagar. Depois de tentar achar uma vaga, o condutor precisa procurar pelo profissional para pagar o sistema que tem “rotativo” apenas no nome.

Benefícios?

Estacionamento Rotativo ou zona azul é a modalidade pública de vagas de carro. A sua principal função é permitir rotatividade entre veículos, possibilitando uma maior oferta de vagas controladas por minutos/horas.

Cachoeira do Sul ainda não implantou o sistema rotativo com objetivo – ao contrário do que ocorre nas cidades onde já existe – de resolver os problemas da falta de vagas. A ideia do estacionamento rotativo é o motorista liberar a vaga após o tempo limite e fazer com que exista uma maior rotatividade de veículos e compartilhamento da mesma vaga várias vezes ao dia. Por enquanto, funciona apenas nos argumentos em defesa das empresas que ganham o direito de cobrar pelos espaços. Nas ruas onde o sistema já é aplicado, os usuários ainda aguardam que a ideia deixe o papel e vire verdade.

Muitas vezes, os clientes desistem de comprar no comércio local pela falta de vagas para estacionar o veículo. O sistema de estacionamento rotativo não mudou essa realidade nas cidades onde já funciona. O problema impede o estabelecimento crescer, principalmente em datas comemorativas.

Usuários sofrem diariamente por não encontrar vagas em determinados locais e a única opção que resta acaba sendo os estacionamentos privados: espaços cada vez mais comuns nas cidades onde o sistema pago atua.

O estacionamento gera recursos para os cofres públicos que devem investir e modernizar o trânsito da cidade. No caso de Cachoeira do Sul, o projeto original fazia previsão de 20% da arrecadação total para a Prefeitura. Mas a proposta foi modificada e reduziu para 12%, ampliando os ganhos da empresa que fosse ganhar a concorrência.

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