As enchentes que assolam todo o Rio Grande do Sul desde setembro causam atraso no plantio do arroz da safra 2023/2024, perdas em áreas já semeadas, prejuízos econômicos e preocupação aos produtores gaúchos. Diante desse cenário, as entidades ligadas ao setor produtivo buscam junto ao Ministério da Agricultura que seja estendido o prazo de plantio estabelecido pelo zoneamento agrícola para que seja possível acessar mecanismos de socorro aos arrozeiros, como acesso a seguro agrícola, prorrogação de prazos de financiamentos junto aos bancos, entre outras medidas.
O presidente da União Central de Rizicultores (UCR) de Cachoeira do Sul, Carlos Wachholz, conversou na manhã desta sexta-feira (24) com o diretor administrativo da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), Francisco Schardong, sobre a necessidade de um pedido de ampliação de prazo para o plantio do arroz. Com grande parte das várzeas inundadas por sucessivas enchentes, a semeadura está inviabilizada especialmente em várzeas situadas próximo a rios e arroios.
“O cenário está bem complicado. Hoje que começou a baixar 10 centímetros. Tem áreas plantadas que estão submersas há mais de 15 dias. Além do atraso no plantio, muito material empregado nesses locais já semeados, como insumos e as próprias sementes, vão acabar se perdendo”, preocupa-se Wachholz, referindo-se às consequências das enchentes nas regiões costeiras do Rio Jacuí e afluentes, em Cachoeira do Sul.
ENCHENTES IMPEDEM SEMEADURA DENTRO DO PERÍODO TECNICAMENTE RECOMENDADO
Entidades e instituições como a Federação das Associações de Arrozeiros do RS (Federarroz) e o próprio Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) vão endossar com a Farsul o pedido de prorrogação do prazo do zoneamento para o plantio do arroz. Para as cultivares de ciclo longo, o prazo tecnicamente recomendado para o plantio para obtenção de maior produtividade expirou em 15 de novembro.
Para as variedades de ciclo médio, o prazo estabelecido pelo zoneamento para conclusão do plantio vai até o próximo dia 30. Já para as de ciclo curto, a semeadura tem prazo até 10 de dezembro. O pedido do setor arrozeiro é para que o prazo do zoneamento para todas as cultivares seja estendido até 20 de dezembro em razão da excepcionalidade do cenário de enchentes. “A nossa expectativa é de que haja sensibilidade por parte do governo e que o nosso pleito seja atendido”, aposta Wachholz.
EM ATRASO PROVOCADO POR ENCHENTES, CACHOEIRA DO SUL SEMEOU ATÉ AGORA 57% DA ÁREA DE INTENÇÃO DE PLANTIO DO ARROZ
Dados do 4º Núcleo de Assistência Técnica (4º Nate) do Irga indicam que Cachoeira do Sul semeou até sexta-feira em torno de 57% da área de intenção de plantio da lavoura de arroz da safra 2023/2024. Na largada da safra, a intenção de semeadura informada pelos arrozeiros cachoeirenses ao Irga era de 24.354 hectares. Desse total, até o momento foram semeados 13.881 hectares, com parte significativa dessas áreas diretamente prejudicadas pelas enchentes.
De acordo com o coordenador regional do Irga na Depressão Central, técnico agrícola Ênio Coelho, é provável que boa parte dessas áreas já semeadas tenha de passar por processo de replantio por estar muito tempo debaixo d’água. “Para saber exatamente quanto dessas áreas de fato terão de ser replantadas, será preciso esperar as águas baixarem. Mas é certo que haverá prejuízo”, salienta o coordenador regional do Irga.
Coelho lembra que nas áreas plantadas houve emprego de insumos como sementes, adubo, fertilizantes, inseticidas, fungicidas e óleo diesel. Mesmo as áreas em que o arroz se reerguer após as águas baixarem deverão passar por algum processo de reaplicação desses produtos, o que tem impacto direto no custo de produção da lavoura. “Todas as decisões tomadas no sentido de replantio diante dessa situação toda de instabilidade e previsão de chuvas são de alto risco”, analisa o técnico do Irga.
No próximo dia 4 de dezembro, entidades e instituições como Irga, Emater, Conselho Municipal de Desenvolvimento Agropecuário (Comagro), Defesa Civil, Secretaria Municipal de Agricultura e Pecuária (Smap), entre outros, vão se reunir no Museu Municipal para compilar os primeiros números e contabilizar as perdas provocadas pelas enchentes no agronegócio de Cachoeira do Sul. O objetivo é deixar proporcionar às entidades e ao próprio município o embasamento técnico necessário para medidas emergenciais de socorro ao setor produtivo junto aos governos estadual e federal.
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CONFIRA UM VÍDEO DA FORTE CORRENTEZA NA ÁREA DE VÁRZEA ÀS MARGENS DO RIO JACUÍ EM FAXINAL DA GUARDINHA E PERTILE, NO INTERIOR DE CACHOEIRA DO SUL: