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Empresário de Cachoeira do Sul mostra como ser sustentável sem gastar mais

Crédito: OC/Reprodução

Produzir sem prejudicar o meio ambiente é o desafio das empresas do século 21. Ao optar pela sustentabilidade, o gestor coloca em prática ideias e atividades voltadas à preservação de recursos naturais. A preocupação socioambiental reforça a imagem e a reputação do produtor e dos produtos perante a opinião pública. E influencia na decisão de compra do consumidor. “O consumo consciente vem sendo cada vez mais avaliado pelos clientes. Alguns já exigem, só compram produtos ambientalmente corretos”, avalia Edson Ortiz, biólogo e diretor da Divinut, empresa conhecida por suas práticas voltadas a sustentabilidade.

Erguida numa área de terraplanagem, no distrito industrial de Cachoeira do Sul, a empresa tornou o lugar uma imensa área verde, com nogueiras produtivas, aves e animais nativos da região do Vale do Jacuí. “Transformamos aquele chão batido em solo agrícola. O ser humano tem alta capacidade de destruição, mas também de recuperação. Ele pode interferir e ajudar a recuperar a natureza”, completa o fundador de uma das principais indústrias de processamento de noz-pecã da América do Sul e do maior viveiro de mudas de nogueira-pecã em raiz coberta do mundo.

Toda a estrutura da Divinut foi pensada com práticas ambientalmente corretas. A água da chuva, coletada nos telhados da própria empresa e em telhados vizinhos, é armazenada em dois reservatórios que também têm finalidade paisagística. O principal destino é irrigação das 400 mil mudas em preparo e 1.200 matrizeiras – nogueiras de onde se retira material genético para enxertia. Toda a água de drenagem do viveiro também é reaproveitada. As placas solares fotovoltaicas são isolantes e amenizam a temperatura no pavilhão de trabalho, além de converterem a luz do sol em energia elétrica, o que tornou a empresa autossuficiente.

Exautores eólicos garantem a ventilação dos pavilhões e a utilização de madeira de extrativismo não é permitida em nenhum ambiente. Nos viveiros, as mangueiras de irrigação e os saquinhos de mudas de raiz embalada são feitos de plástico reciclado. O substrato, que vai dentro da embalagem dos brotos, inclui uma mistura de casca de noz-pecã e outras sobras industriais orgânicas, como casca de arroz, cinzas e serragem. Como mais da metade do peso de uma noz-pecã é casca, os cerca de 500 mil quilos processados na safra 2019, por exemplo, resultaram em quase 300 mil quilos de resíduos. “Também é nosso trabalho dar destino a tudo isso, então vendemos as cascas da pecã excedentes para a produção de vários subprodutos, como chá, substrato para orquídeas e como elemento de filtragem, porque essa casca tem capacidade de ajudar a limpar a água. Uma parte pequena ainda é destinada à geração de energia de biomassa” explica Ortiz.

Crédito: Divinut

Todas essas práticas ambientais vão muito além dos muros da Divinut. Uma série de três projetos sociais, que são entrelaçados entre si, cruzam também com os caminhos da população:

– Projeto Cuidado – com foco em gestão e educação ambiental, estimula ações em instituições de ensino e na sociedade, como separação do lixo orgânico, coleta seletiva, minhocário em escolas e cooperativa de catadores. A estrutura da empresa é disponibilizada para visitantes conhecerem de perto um exemplo de ecoeficiência.

– Projeto Nutrir – voltado à educação alimentar, propõe ações saudáveis e combate ao desperdício, como reaproveitamento de sobras e o preparo de alimentos. Também estimula que os agricultores doem o excedente da horta ou pomar para entidades assistenciais, como asilos e creches. Tem parceria com o programa nacional Mesa Brasil / SESC

– Projeto Receber – elabora um plano de estímulo ao turismo rural receptivo e à valorização de Cachoeira do Sul. Entre as ações estão a identificação de construções históricas, a distribuição de mapas com indicação de pontos turísticos, a divulgação da noz-pecã como referência da região, que é a maior produtora do fruto no Brasil e a valorização do patrimônio paleontológico, devido aos fósseis que são encontrados em abundância em municípios produtores de noz-pecã, como Mata, São Pedro do Sul, Paraíso e Agudo.

Quanto ao custo de todas essas ações, o especialista garante que ações ambientalmente corretas normalmente resultam em redução de gastos. “Já parou para pensar que a etimologia da palavra ecologia é parecida com a palavra economia? As pessoas não param para pensar, veem as duas coisas como inimigas, mas para ser ecológico não precisa ser antieconômico”, explica. “Tentamos passar essa mensagem à comunidade e aos mais de três mil produtores atrelados à nossa empresa. Se a pessoa não conhece o ambiente em que vive, ela não vai valorizar”, resume Ortiz, que se preocupa com a agroecologia desde os tempos da escola. “É uma marca nossa que eu trago da vida, eu lido com a empresa do mesmo jeito que eu penso, não tem como dissociar. A Divinut nasceu com isso, a sustentabilidade está em todos os lugares, de ponta a ponta. Eu já tinha isso muito forte, sempre com o caráter prático, de aplicar e dividir com os outros através da educação. Eu nunca me liguei no viés ideológico da questão ambiental. Ela se sobrepõe a política”, completa.

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