Na sessão ordinária da Câmara de Vereadores de Cachoeira do Sul, os ânimos se exaltaram e o clima esquentou entre parlamentares de espectros políticos distintos. Os embates verbais entre Felipe Faller (Republicanos), Mariana Carlos (PT) e Ana Luísa do Piquiri (Podemos) dominaram os microfones do plenário Edgar Müller, revelando um campo de disputas que vai além das pautas locais, atingindo o núcleo da polarização ideológica nacional e questões de decoro parlamentar.
Logo no início de sua fala, o vereador Felipe Faller destacou que vê como positivos os “embates que colaboram com o crescimento da cidade”, mas também fez uma série de comentários que acirraram os ânimos entre os colegas. Faller ressaltou seu posicionamento como “vereador independente”, afirmando que sempre esteve aberto ao debate, mesmo com divergências políticas.
“Quando o vereador ganha cargos na Prefeitura, ele perde superpoderes”
vereador Felipe Faller
A vereadora Ana Luísa do Piquiri pediu a palavra para rebater diretamente Faller.
“Negar o aparte não é atitude infantil, é um direito previsto no regimento. Eu nego, sim, quando é alguém grosseiro comigo. E faço de novo”
vereadora Ana Luísa
Faller respondeudizendo que sequer lembrava do episódio citado por Ana Luísa, e que o regimento de fato ampara a conduta.
A temperatura subiu novamente quando a vereadora Mariana Carlos (PT) pediu aparte e fez duras críticas ao parlamentar.
“Fico feliz com seu amadurecimento, vereador. Porque eu lembro muito bem do senhor me filmando em uma passeata ‘Fora Bolsonaro’, de forma constrangedora, para fazer vídeos que o senhor usava para bombar na internet”
vereadora Mariana Carlos
A vereadora prosseguiu:
“Quando repetir aqui que Lula é ladrão e que o PT é ladrão, pense bem. Lá na internet o senhor fala o que quiser, mas aqui, na minha frente, nunca mais. Eu sou filiada há mais de 30 anos ao PT. Nem eu nem nenhum dos nossos respondemos o que o ex-presidente Bolsonaro responde hoje nos tribunais”
vereador Mariana Carlos
O presidente da Câmara, Magaiver Dias (PSDB), buscou intervir para acalmar os ânimos e garantir a fala de Faller. Apesar da tensão no plenário, o vereador retomou seu discurso com agradecimentos e elogios à atuação do secretário de Esportes, Eduardo Moysés. Faller ainda aproveitou para defender uma indicação visando a concessão de insalubridade a todos os monitores da rede municipal e sugeriu um novo modelo de chamamento de concursados.
Na sequência, o vereador Ryan Rosa (PT) fez questão de reforçar a defesa do Partido dos Trabalhadores, salientando que “nenhum de nós fez acusações levianas contra ninguém”. Ryan destacou os investimentos federais trazidos por Lula para Cachoeira do Sul e lançou um desafio.
“Quero que comparem o que foi feito por Lula e o que o antigo presidente trouxe pra nossa cidade. Ele não trouxe nem um paralepípedo”
vereador Ryan Rosa
Mariana Carlos voltou à tribuna com uma questão de ordem, amparada no artigo 251 do regimento interno da Câmara. A petista destacou que “usar expressões que configurem crimes contra a honra ou incitem à prática de crimes é atentatório ao decoro parlamentar”. “Toda vez que minha honra ou a do meu partido estiver em jogo, vou sim aumentar a voz. Quem nunca teve que defender sua honra, fala tranquilo. Mas nós sabemos o que é ter que reagir”, ressaltou.