Desde abril de 2020 estamos em processo de assimilação da Pandemia causada pela covid-19. De lá para cá, passamos por vários estágios: do medo, da ansiedade, do uso de máscaras e álcool gel, dos profissionais da linha de frente, dos serviços essenciais, dos protocolos de convivência, dos decretos, das bandeiras, das testagens, das quarentenas, dos grupos de risco e comorbidades, dos auxílios emergenciais, do fechamento das atividades em alguns órgãos públicos e em alguns pontos comerciais, do percentual de pessoas nos ambientes de trabalho, do trabalho a distância, do home office, do fica em casa, das notícias, dos dados estatísticos, dos amigos e familiares que positivaram, da tristeza e da depressão, das multas, das denúncias, dos panelaços, da remarcação dos produtos de higiene e limpeza e de alimentação, de chorar pelos que morreram, do desemprego, das triagens, da falta de abraço, das viagens postergadas, da saudade, de valorizar a família, os amigos e a vida, de defender a empatia e a solidariedade, dos divórcios, dos namoros virtuais, da intolerância, de se inscrever em cursos gratuitos on-line, de cozinhar, das escolas fechadas e vazias, das aulas a distância, da primeira e segunda onda, das festas clandestinas, da gripezinha, das fake news, da falta de empatia, das lives, do Meet, da Lei Aldir Blanc, de votar, das maratonas de filmes e séries, da leitura, de rever Serginho Groisman, do Ministro da Educação que não era doutor, de acompanhar telenovelas que já foram exibidas, da dancinha no TikTok, de conviver com o núcleo familiar todos os dias, de não ter onde deixar as crianças para trabalhar, de se reinventar, de tretar com a família nos grupos de WhatsApp, de comprar via internet, de ouvir Antena 1, do sexo frequente ou da falta dele, da tele entrega, das baixas hospitalares, das arquibancadas vazias, de arrumar a casa, de cuidar para não espirrar, de ficar com os pelos crescidos, de preencher muitas planilhas, de trabalhar tomando os cuidados necessários e seguindo os decretos e bandeiras, de usar pijamas, de escutar vinil, de acompanhar o BBB 2020, da alta aquisição de exames para gravidez em farmácias, de esquecer a máscara, de fazer horta e jardim, de ter os sintomas, fazer a testagem, aguardar e dar negativo, de cadastrar trabalhadores da cultura no cadastro municipal da cultura, de atender inúmeras denúncias através do Conselho Municipal de Assistência ao Idoso – COMAI, da falta de oxigênio em hospital, do lockdown, da desinformação na mesma proporção em que as tentativas de informar não eram consideradas, da exaustão no sistema de saúde, do Mandetta, de escutar a Voz do Brasil, da descrença na ciência, das pesquisas e da vacina.
No estágio vacina, a assimilação é sobre tê-la para todos. Partindo da ideia de que é humanamente impossível fabricá-la e aplicá-la em tempo para o acesso de todos, na medida em que está sendo fabricada é disponibilizada às pessoas. Evidentemente que devem ser considerados os que irão ser vacinados, quando não há vacina disponível para todos. No escalonamento, em nosso município, estão os profissionais da saúde, os idosos que estão nas instituições de longa permanência e os funcionários públicos. Resta-nos saber quando receberão a vacina os idosos que não estão em instituições. Se o ano letivo está previsto para iniciar em 08 de março, quando irão vacinar os professores? Eles devem estar na leva dos funcionários públicos. Muitos deles atuam na rede pública e privada. As crianças, que irão para as escolas e seus familiares receberão a primeira dose da vacina, quando? Deve haver uma projeção da chegada de novas vacinas, na medida em que estas são fabricadas e enviadas para dar conta dos alunos e familiares.
2020 foi um ano de reflexão sobre a nova maneira de como iremos conviver. 2021, é de como esse processo novo de convivência é possível. Como a normalidade vivida antes de abril de 2020, será possibilitada em 2021 e dele para frente? Ao que parece, a volta às aulas determinará o processo, entretanto, como ficarão os professores que atenderão os percentuais de alunos, supondo que 50% deles serão atendidos em dias diferentes, mas os professores estarão em contato contínuo com todos os alunos? Como será o fazer pedagógico em tempos que um novo paradigma se avizinha? Quem sabe ler Leo Fraiman, – “O efeito covid-19 e a transformação da comunidade escolar” auxilie para assimilá-lo. Mais uma vez, a Educação se propõe nestes tempos em que a espera pela vacina, talvez seja a maneira mais provável de retornarmos a convivência denominada “novo normal.” Fica a dica.