Na década de 70 para 80, Cachoeira do Sul teve um prefeito que se destacou pelo entusiasmo e pela sua dedicação à cidade buscando sempre a melhoria da qualidade de vida para os cachoeirenses. Ele tinha uma marca em seus pronunciamentos. Usava sempre uma expressão que fazia parte do cotidiano do governo e não saía da cabeça dos repórteres. Em qualquer ato da Prefeitura assim que lhe passavam a palavra, lá vinha Júlio Cezar Caspani, dizer:
– É uma honra e um privilégio…
Tinha o dom da palavra. Lembro das inaugurações de novos prédios das escolas do interior, um projeto do seu governo, que tinha na educação como secretária, a professora Marisa Sari. Caspani fazia questão de ter a presença da imprensa. Eu sempre era escalado. Perdi a conta de quantas vezes o acompanhei e, nas entrevistas, não se negava em responder os questionamentos.
Uma vez, tocou o telefone da redação. O colega que atendeu se voltou para os repórteres e disse:
– É o Caspani. Ele quer um repórter, pois quer mostrar suas obras na cidade.
Todos se olharam. Aí, o chefe de redação falou:
– Cacau, combina como será esta cobertura.
Levantei e fui conversar com Caspani. Na mesma hora, ele falou que em 30 minutos passaria no jornal e que era para eu ficar esperando. Passei a tarde visitando obras, conversando e aprendendo com o prefeito que parava em todo o lugar para dialogar com as pessoas. Ele sabia ouvir e tinha argumentos. Sobre este fato, conversamos há pouco tempo, quando fui com Carlos Simonetti até sua residência de onde ao vivo foi transmitido o programa Rádio Repórter, da Rádio Fandango 102.5 FM.
Caspani está com 86 anos. Tem uma trajetória marcante na política e na vida comunitária. Advogado, vereador, prefeito, deputado estadual e hoje ainda participa ativamente na OAB. Na área do tradicionalismo foi um destaque. Patrão do CTG José Bonifácio Gomes período em que tratou de unir as patronagens dos CTGs da cidade. Até hoje de vez em quando anda pilchado.
Ele também foi chamado de prefeito cantor. Assim que lhe davam espaço, cantava Meu Pago, o hino da cidade. Nas festas, realizadas nas praças, Caspani era requisitado. Foi assim que subiu ao palco do Ginásio da Fenarroz, quando Chacrinha e suas chacretes vieram a Cachoeira do Sul numa grande festa com muitos convidados. Não se intimidou com o velho guerreiro ao seu lado com sua buzina em punho. Deu um show e, claro, foi aplaudido com entusiasmo pelo público que lotava o Arrozão.
A marca de Caspani ficará para sempre na história da cidade. A honra e um privilégio é de todos nós.